“Eu bebo Champagne quando estou feliz e quando estou triste. Por vezes eu bebo quando estou sozinha. Mas quando tenho visitas é imprescindível. Eu beberico se não tenho fome e bebo, se tenho. Caso contrário, eu nunca bebo. A menos que tenha sede.”
Madame Lily Bollinger
Como já dizia Madame Lily Bollinger, da famosa Maison Bollinger, o Champagne ou o vinho espumante é uma bebida versátil, que combina com diversas ocasiões. Porém, no Brasil, é no fim do ano que as prateleiras se recheiam com essa bebida, símbolo da celebração. Isso pode muitas vezes gerar uma confusão na mente do consumidor na hora de escolher suas borbulhas. Champagne? Prosecco? Cava? Afinal, o que os diferencia?
Basicamente, as características que classificarão cada tipo de vinho espumante são: o método de elaboração, a região onde é produzido, as castas utilizadas e o teor de açúcar. Vamos conhecer um pouco mais sobre essas características:
Métodos de elaboração
Os métodos mais comuns para elaboração de espumantes partem de duas fermentações. A primeira, a fermentação alcoólica que transforma os açúcares do suco de uva em álcool e a segunda, que é a que propicia a formação das borbulhas. A segunda fermentação pode ocorrer de duas maneiras: pelo método tradicional (ou Champegnoise) ou pelo método Charmat.
No método Champegnoise, a segunda fermentação ocorre na garrafa, ou seja, o gás carbônico produzido é retido dentro da própria garrafa que chegará ao mercado. Sua produção é uma arte. Após a segunda fermentação, o subproduto da ação da levedura sobre o açúcar deposita-se no fundo a garrafa. As garrafas então são giradas regularmente para que o líquido esteja em contato com os sedimentos, influenciando em sua complexidade, até que a garrafa seja totalmente virada de cabeça para baixo e seus sedimentos se acumulem no gargalo. Esse processo é conhecido como remuage. Ao final da maturação, o gargalo é congelado para retirada do depósito de sedimentos, ou borra, que é expulsa pelo gás sob pressão formado e a garrafa é arrolhada finalmente.
Já no método Charmat, a segunda fermentação é feita em grandes tanques de aço inoxidável, chamadas de autoclaves. O gás carbônico produzido nesses tanques é retido e o líquido é engarrafado sob pressão. Nesse método é mais fácil extrair os resíduos das leveduras.
Classificação quanto ao nível de açúcar
O vinho espumante é, em geral, seco, pois o açúcar existente no suco de uva é totalmente consumido pelas leveduras. Para ajustar o produto às diferentes preferências em relação ao grau de doçura, usa-se o licor de expedição – basicamente uma mistura de vinho, açúcar e agente clarificante – que é adicionado antes do engarrafamento (método Charmat) ou no momento da retirada dos resíduos das leveduras (método Champegnoise).
A quantidade de açúcar do espumante tem relação direta com seu sabor, gerando classificações que vão do Extra Brut ao Doce. De acordo com a legislação brasileira, as classificações são as seguintes:
Brut Nature É aquele sem adição de açúcar
Extra Brut 0g a 6g de açúcar por litro
Brut 6g a 15g de açúcar por litro
Sec / Seco 15g a 20g de açúcar por litro
Meio Seco/ Demi-Sec 20g a 60g de açúcar por litro
Doce mais de 60g de açúcar por litro
Espumantes ao redor do mundo
Alguns dos espumantes mais conhecidos são produzidos de acordo com determinadas especificações, tanto em relação à região em que são elaborados, quanto aos tipos de uvas utilizadas, recebendo denominações particulares.
Champagne
É o mais famoso dos espumantes. Frequentemente, o nome Champagne é utilizado de forma equivocada para referir-se a qualquer tipo de espumante. Mas na verdade, somente pode ser chamado de Champagne o vinho espumante produzido na região demarcada na França que leva o mesmo nome. Além disso, deve ser produzido pelo método Champegnoise e a partir das uvas tintas Pinot Noir e Pinor Meunier e da branca Chardonnay.
Dicas:
-Veuve Cliquot e Taittinger, para quem não conhece, vale conhecer. Podem ser encontradas em qualquer empório de vinhos ou loja especializada. Preço médio: R$180,00.
Crémant
São espumantes produzidos na França, em regiões como Borgonha, Limoux e Loire, entre outras, respeitando as especificações de cada uma das AOCs (Appellation d’Origine Controlée). Além disso, é feito pelo método tradicional.
Prosecco
Recebem esse nome os espumantes produzidos nas cidades de Connegliano ou Valdobbiadene (no Vêneto, Itália), elaborados pelo método Charmat e com a casta das uvas Prosecco. No entanto, vale ressaltar que a uva Prosecco tem dado excelentes resultados no terroir brasileiro e produzido espumantes de qualidade comparável aos italianos.
Dica:
-Prosecco Salton é um ótimo custo-benefício e pode ser encontrado em qualquer rede de supermercados. Preço médio: R$26,00.
Asti
Espumante meio-doce e com baixa graduação alcoólica (6 a 7%) elaborados com uvas Moscato na cidade de Asti, na Itália. É produzido através de uma variação do método Charmat, na qual a base é um mosto que passa por primeira e única fermentação em granes tanques.
Franciacorta
Produzido pelo método tradicional a partir de uvas cultivadas nas colinas de Brescia, na Lombardia, a partir de uvas Chardonnay, Pinot Blanc e Pinot Noir. É considerado um dos espumantes mais sérios produzidos na Itália.
Cava
Nome dado aos espumantes espanhóis, em sua maioria, produzidos pelo método Champegnoise na região da Catalunha, a partir das uvas Xarel-lo, Parellada, Macabeo e Chardonnay.
Dicas:
-Cordoniú ou Freixenet são as mais populares e fáceis de encontrar nos grandes mercados. Preço médio: R$60,00
Sekt
Nome dado aos espumantes alemães majoritariamente feitos pelo método Charmat. Podem ser produzidos a partir de uma variedade de uvas e até mesmo utilizando-se vinhos base vindos de fora da Alemanha, desde que o processo de segunda fermentação aconteça em território alemão. É curioso lembrar que a Alemanha é o país com maior consumo per capita de espumantes do mundo.
Contudo, é preciso deixar claro que nem tudo que borbulha é espumante. Nos espumantes verdadeiros, o gás carbônico deve provir da fermentação. Assim, vinhos gaseificados artificialmente, como os vinhos frisantes, cujo CO2 é injetado, não são classificados como espumantes. Um exemplo de vinho frisante é o famoso Lambrusco, que costuma agradar o paladar do brasileiro.
Agora que você já é um conhecedor das borbulhas, por que não seguir os conselhos da madame Bollinger e aproveitar cada momento para abrir uma garrafa e celebrar, simplesmente, à vida?
Referência: Almanaque do Vinho edição 3.
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