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Posts Tagged ‘sommelier’

Recentemente li um artigo que foi publicado no jornal The New York Times sobre uma prática de restaurante pouco conhecida: a degustação do vinho servido pelo sommelier da casa. No artigo em questão, o jornalista narra uma situação vivida por um conhecedor de vinhos em um restaurante de Nova Iorque. O conhecedor discutia com a sua companheira a qualidade do vinho que tomavam, quando o sommelier que escutava a conversa afirmou que o vinho estava bom, pois ele mesmo o havia provado. O casal, que desconhecia essa prática, ficou consternado e o que deveria ter sido considerado um serviço bem intencionado oferecido pelo restaurante acabou por gerar um mal estar desnecessário com um cliente que não abriria mão de seu primeiro gole.

taça de degustação taste vin tasse de dégustation Apesar de não ser muito difundida, essa prática é na verdade muito mais antiga do que se imagina e data da época em que o papel do sommelier era provar as bebidas dos reis e realezas para garantir que não fossem envenenados. Para degustar, o sommelier usava um instrumento conhecido como “taste vin” ou “tasse de dégustation”, um recipiente raso de prata que o profissional do vinho carregava em uma corrente ao redor do pescoço. Com o passar dos anos essa prática foi se perdendo, mas recentemente alguns restaurantes vêm retomando-a com o intuito de garantir que o vinho chegue ao consumidor com a qualidade esperada.

Acontece que são poucos os bebedores que de fato sabem identificar algum defeito no vinho e então, muitas pessoas acabam tomando um vinho oxidado ou “passado” sem mesmo perceber, ou simplesmente consideram que o vinho não era lá tão bom, deixando uma boa parte sobrar na garrafa. Tendo isso em conta, restaurantes preferem adotar o “taste vin” para evitar qualquer experiência ruim do seu consumidor. E então entra o papel do sommelier, que ao abrir uma garrafa serve o primeiro gole para si, avalia as características de aromas e sabores e garante que o produto servido não tem falhas ou está estragado.

Pensando por este lado, a prática parece muito positiva, pois pauta-se unicamente em beneficiar o consumidor. Mas e quando o consumidor também é conhecedor, como foi o caso da história narrada no artigo do The New York Times? Será que ele teria essa mesma percepção? Eu mesma já passei por uma situação semelhante em um bistrô em São Paulo. Estava comemorando meu último dia de aula do curso de Sommelier com mais dois colegas da turma. Pedimos um vinho bacana e fomos surpreendidos com o “taste vin”. Confesso que foi bastante curioso. Entreolhamos-nos e acabamos achando graça da situação. Mas no caso do nosso amigo de Nova Iorque, a percepção não foi a mesma.

Como resolver uma questão tão delicada como esta? Em minha opinião de consumidora e sommelière, acho que o serviço tem muito a agregar. Mas acho também que é muito mais gentil perguntar ao consumidor se ele gostaria que o sommelier averiguasse se o vinho está correto. Assim, certamente o consumidor que não entende muito ficaria feliz de ter a certeza de um vinho bom e satisfeito com a delicadeza de um serviço oferecido pelo restaurante, e o consumidor que entende não se sentiria ofendido.

E você, já foi surpreendido por um “taste vin”? O que você pensa sobre isso?

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Chateaux Prieuré-Lychine

Nabuchodonosor - Chateaux Prieuré-Lychine (Margaux)

Eu sou Cristina Almeida Prado, publicitária, profissional de marketing, enófila e sommelière. Curiosa e atenta ao mundo dos vinhos, criei este espaço para compartilhar um pouco do meu conhecimento, publicar novidades do meio, avaliações e notas de vinhos, eventos e proporcionar ao leitor uma experiência DiVina!

Um brinde!

Cristina, sommelière.

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