A indústria de vinhos no Brasil está em franca expansão. Novas vinícolas vêm despontando com conceitos boutique ou com propostas de custo-benefício que têm surpreendido. Da mesma forma, algumas grandes marcas neste segmento, como a Miolo Wine Group, têm investido bastante em tecnologia e em know-how, permitindo uma interessante evolução de seus produtos de pouco tempo para cá.
Esta semana, participei de um jantar harmonizado promovido pela Miolo no restaurante Sta. Maricota, em São Paulo. A proposta era conhecer um pouco mais sobre os vinhos da Miolo e as diferentes regiões onde são produzidos e harmonizar alguns de seus vinhos com pratos bem brasileiros do Sta. Maricota.
O evento começou com uma apresentação conduzida por Lourenço Pedrotti, enólogo consultor da Miolo, que foi acompanhada por uma taça de Miolo Cuvée Tradition Brut, um espumante bem elaborado que pode ser encontrado facilmente em qualquer grande rede de supermercados. Com mais de 25 anos de existência, a Miolo possui hoje mais de 1.200 hectares de vinhedos próprios em 4 diferentes regiões no Brasil e produz 62 vinhos com preços que variam de R$15 a R$300.
Cada região com suas características, permite originar vinhos com personalidades distintas:
-No Vale dos Vinhedos (RS), única D. O. (Denominação de Origem) oficial do Brasil e região mais preparada para o enoturismo no país, o terroir é considerado perfeito para a produção de espumantes e de alguns vinhos tintos ícones da Casa, como o Merlot Terroir e o Lote 43.
-Na Campanha Gaúcha, segunda maior região vinícola do país, são produzidos vinhos como Almadén, Quinta do Seival e Bellavista (marca de Galvão Bueno), que vão de vinhos mais simples a vinhos ícones como o tinto Sesmarias.
-Na região de Campos de Cima da Serra, é produzida a linha RAR, de Raul Anselmo Randon, com vinhos tintos e brancos, premiuns e ícones.
-No Vale do Rio São Francisco, onde são realizadas até 2,5 colheitas por ano em função do clima, são produzidos os espumantes da linha Terra Nova.
Após a apresentação, iniciou-se a harmonização de vinhos com comidas especialmente elaboradas pelo Sta. Maricota:
Entrada:
Polenta Frita com Cogumelos Shitake, Porcini e Funghi
Harmonização:
1) Bueno Sauvignon Blanc 2014
Bellavista Estate, Campanha Gaúcha, RS
Notas: Apresentou aromas minerais com notas cítricas, muito frescor, leveza e boa acidez em boca. O vinho casou bem com a entrada, considerando sua acidez pronunciada casada com a gordura da polenta frita. Ficou muito bom.
2) RAR Pinot Noir 2013
Campos de Cima da Serra, RS
Notas: Apresentou aromas de cassis, cereja, com notas licorosas e toques herbáceos, lembrando mate e folhas molhadas. Em boca, revelou taninos elegantes e acidez equilibrada. Sua estrutura mostrou um bom casamento com o preparo de cogumelos. Boa combinação.
Prato Principal:
Picadinho Cozido por 18 horas no Molho Rotie, com Farofa e Arroz
1) Merlot Terroir 2012
Vale dos Vinhedos, RS
Notas: Ainda muito jovem e fechado, apresentou suaves aromas de cerejas com notas de café. Em boca, revelou taninos aveludados, acidez equilibrada e retro-gosto frutado. O casamento com o prato ficou bom, mas talvez ficasse melhor com uma safra mais antiga.
2) Testardi Syrah 2013
Vale do São Francisco, BA
Notas: Apresentou aromas de frutas negras com notas de couro muito marcantes e especiarias. Em boca, boa estrutura, toques de especiarias e acidez equilibrada. Foi o melhor casamento com o prato, rico em sabor, devido à sua estrutura combinada com as especiarias características da Syrah. Confesso que fiquei bem impressionada.
E assim, terminamos mais uma saborosa experiência enogastronômica, que os amigos leitores poderão facilmente replicar em suas casas ou, quem sabe, visitarão o Sta. Maricota para se deliciar.
Restaurante Sta. Maricota
Al. Campinas, 1289 – Jardins
Um brinde!
Cristina Almeida Prado.