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Posts Tagged ‘Pinot Noir’

Continuando meu relato sobre as vinícolas do Oregon, trago aqui mais duas sugestões imperdíveis:

“Trisaetum”:

trisaetum-oregon-enoturismoFundada em 2003 por Andrea e James Frey, essa vinícola é especializada na produção de Rieslings e Pinot Noirs. O nome Trisaetum deriva dos nomes dos dois filhos do casal: Tristen e Tatum. Esta é mais uma empresa familiar instalada no coração do vale de Willamette.

A Trisaetum utiliza uvas provenientes de seus vinhedos localizados em diferentes áreas viticulturais (AVAs): Yamhill-Carlton, Ribon Ridge e Dundee Hill. Em sua linha de produção estão os brancos “Trisaetum Riesling” e os tintos “Trisaetum Pinot Noir”, estes elaborados com uvas de diferentes vinhedos e envelhecidos em barris de carvalho em cave subterrânea por 12 a 20 meses antes de engarrafar. Há também os Pinot Noirs da “Trisaetum Artist Series”, uma coleção de edição limitada com rótulos especialmente desenhados a cada ano pelo próprio enólogo, proprietário e artista, James Frey.

James é artista plástico e imprime sua arte com paixão nos vinhos que produz, deixando sua marca pessoal. O visitante que chega na sala de degustação se surpreende ao ver que está dentro de uma Galeria de Arte. Isso mesmo, a sala de degustação fica dentro da bela galeria onde estão expostos os trabalhos de James. Devo dizer que a experiência aí é inusitada e encantadora!

A Trisaetum produz também uma caprichosa linha de espumantes feitos pelo método Champenoise.

trisaetum-oregon-enoturismo-galeria-de-arte

A sala de degustação é aberta ao público, mas se preferir, eles oferecem degustação privada, com harmonização de queijos e frios, que requer agendamento com 48 horas de antecedência e custa 60 dólares. Contatos podem ser feitos pelo e-mail alice.ingraham@trisaetum.com, ou pelo site www.trisaetum.com

“Rex Hill”:

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Essa vinícola entrou na minha lista de visitação por acaso. Folheando um jornal de circulação local, fiquei sabendo que a Rex Hill tinha sido premiada recentemente pela revista americana The Wine Advocate encabeçada pelo famoso crítico de vinhos Robert Parker. O prêmio reconhece a Rex Hill como uma das oito vinícolas extraordinárias da América.

A Rex Hill ficou conhecida pelos seus complexos e elegantes Pinot Noirs, no entanto, também produz sedutores brancos elaborados com Chardonnay, Riesling e Pinot Gris.

Fundada em 1982, foi adquirida em 2007 pela A to Z Wineworks que reduziu sua produção para focar somente em vinhos de alta qualidade, utilizando os princípios da biodinâmica em seus vinhedos.

Na agradável sala de degustação da Rex Hill, por 15 dólares você pode degustar 4 diferentes vinhos:

1- “Seven Soils Chardonnay 2015” – um vinho aromático, sedoso, com álcool bem integrado, resultante de passagem por barril de carvalho francês.

2- “Willamette Valley Pinot Noir 2014” – um blend de uvas de vários terroirs, é um vinho com boa fruta e taninos delicados.

3- “Shea Vineyard Pinot Noir 2014” – com 92 pontos da Wine Advocate, esse vinho apresenta mais corpo que o anterior, bem equilibrado, boa adstringência e final longo.

4- “Francis Tannahill Sundown 2013” – um inusitado blend de Grenache e Syrah provenientes do sul do Oregon; de coloração rubi intenso, com notas minerais e taninos robustos.

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Ao final da degustação, o simpático gerente Jonathan Lampe me serviu mais um rótulo: “Rex Hill Jacob-Heart Estate Vineyard Pinot Noir 2014”. Vinho de coloração rubi intenso, muito rico, cheio de frutos maduros, com bom corpo, notas tostadas, um toque terroso, bem estruturado e balanceado. Belo vinho!

Para saber mais acesse: www.rexhill.com

Finalizamos assim mais um relato de viagem em que demos uma pincelada sobre o encantador quadro vitivinícola do vale de Willamette, compartilhando com os amigos leitores experiências e dicas do mundo do vinho.

Maria Uzêda.

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Cruzando o estado do Oregon, pude visitar algumas vinícolas na região de Willamette que me impressionaram muito.

Domaine-Serene-Enoturismo-OregonA primeira delas foi a Domaine Serene. Instalada numa magnífica propriedade, essa linda vinícola abriga um clube, onde ocorrem eventos como casamentos, confrarias ou festas de empresas; a cantina, com moderno sistema de vinificação por gravidade; e uma sala de degustação ampla, cheia de mesas e um generoso balcão.

Os proprietários, o casal Ken e Grace Evenstad, são tão apaixonados pelos vinhos da Borgonha que, além da vinícola Domaine Serene, adquiriram um Château na região da Côte D’Or, e estão produzindo um Premier Cru com a assessoria de vinhateiros franceses. E o resultado é incrível: um Chardonnay Grand Cru do Oregon e um Chardonnay Premier Cru da Borgonha com muita semelhança entre eles, apenas um leve amargor no primeiro, mas ambos fabulosos!

A vinícola Domaine Serene tem também obtido um reconhecimento global com seus icônicos Pinot Noir. O “Evenstad Reserve Pinot Noir”, com 16 meses de envelhecimento em carvalho francês, é a bandeira da vinícola e define o padrão pelo qual são elaborados seus Pinots. Os aromas de cerejas negras, groselha e cravo preenchem a taça. Em boca mostra notas de frutos negros em compota, com taninos aveludados e final persistente. Maravilhoso!

Beaux-Freres-Oregon-Enoturismo“Beaux Frères” foi a segunda vinícola que visitei. Situada fora da estrada principal, essa vinícola é o que se poderia chamar de despretensiosa e rústica, caso não conhecêssemos sua brilhante reputação de vinhos de altíssima qualidade.

Em parceria com o famoso crítico de vinho Robert Parker, cunhado casado com sua irmã mais velha Patricia, o trabalho de Michael Etzel ganhou notoriedade em pouco tempo. No entanto, independente da conexão com Parker, devemos admitir que foi a qualidade dos seus vinhos que colocou Beaux Frères na vanguarda e no topo da lista de qualquer conhecedor de vinho, sendo considerada uma das melhores do Oregon. À propósito, o nome Beaux Frères, é uma alusão aos dois amigos, Parker e Etzel.

A sala de degustação era bastante modesta, bem diferente do elaborado estilo francês ou de moderna arquitetura contemporânea que a gente costuma ver nas vinícolas da Califórnia ou mesmo do Oregon. Fui recebida por Jillian Bradshaw com quem agendei minha visita por e-mail. Quatro rótulos foram apresentados: um Chardonnay inspirado nos brancos da Borgonha, e três tintos, todos Pinot Noir, de vinhedos diferentes, de solos e altitudes variadas. Destaco aqui o “Beaux Frères, The Beaux Frères Vineyard 2015” e o “Beaux Frères, The Upper Terrace 2015”. O primeiro, uma joia rubi em taça, com vibrantes camadas de frutas vermelhas, especiarias e terra molhada que se transformam em sedosa textura na boca; intrigante e refinado mesmo em sua juventude, esse vinho promete muita complexidade e longa guarda. O segundo, com aromas de geleia de frutos vermelhos e expansiva complexidade que, momentos depois, torna-se exuberante; apresenta taninos ricos e aveludados e final longo; uma fascinante aventura engarrafada!

Como podem ver, cada vinícola tem suas características próprias e suas peculiares histórias, mas um ponto comum as identifica: a persistente paixão pelo estilo “Borgonhês”.

Não percam, no próximo post, mais relatos sobre as incríveis vinícolas do Oregon.

Para saber mais ou agendar visita, acesse:

www.domaineserene.com

www.beauxfreres.com

Maria Uzêda.

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Dia 02 – Visita ao Domaine Bouchard Père & Fils

Apesar de ser uma cidade pequena, com apenas 21.300 habitantes, Beaune pede tempo para ser visitada. Entre uma degustação e outra, uma visita à Moutarderie Edmond Fallot, à Fromagerie Allan Hess, ou mesmo passeios guiados de bicicleta pelas redondezas, são algumas das atividades imperdíveis da cidade. Portanto, aproveitar essas descobertas sem pressa é fundamental.

Após conhecer a Moutarderie Edmond Fallot e, claro, fazer umas comprinhas, segui para a visita ao Domaine Bouchard Père & Fils. Fui recebida por Vincent Dupasquier, que compartilhou um pouco da história de seus vinhos e me guiou pela propriedade.

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Sede do Domaine Père et Fils e uma das torres do século XV do Château de Beaune

Fundada em 1731 em Beaune por Michel Bouchard, Bouchard Pére & Fils é uma das mais antigas propriedades na Borgonha, com quase 300 anos e administrada por 9 gerações. No início, atuavam como négociants, comprando uvas de outras propriedades e vinificando. Ao longo dos séculos foram adquirindo importantes terras pela região, desenvolvendo seu próprio vinho e construindo sua marca. Na época da Revolução Francesa, terras possuídas pelo Clero e pela nobreza foram confiscadas e colocadas à venda. O que foi uma oportunidade para a família Bouchard, que adquiriu, inclusive, as famosas terras de Beune Grèves Vignes de L’Enfant Jesus (as vinhas do menino Jesus, que pertenciam ao Clero).

Em 1820, Bernand Bouchard comprou o Château de Beaune, uma fortaleza real murada construída pelo rei Louis XI no século XV, que se tornou sede da propriedade. Quatro das cinco torres originais da fortaleza ainda estão lá. Suas caves, utilizadas até hoje, ficam a 10 metros de profundidade, o que confere temperatura e umidade ideais para o amadurecimento dos vinhos. A propriedade guarda também uma coleção histórica e única de cerca de 2.000 garrafas de suas melhores safras desde 1846, sendo que, periodicamente, as rolhas são trocadas e as garrafas preenchidas com o mesmo vinho.

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Domaine Bouchard Père et Fils e seus jardins

O Domaine Bouchard Pére & Fils se tornou a maior propriedade na Côte D’Or, com 130 hectares de vinhas, sendo 12 classificados como Grand Crus e 74 Premier Crus. Combinando tradição e inovação, a propriedade oferece uma diversidade de vinhos de respeitadas apelações, como Montrachet, Corton-Charlemagne e Meursault Perrières, por exemplo. Produzem, em média, 7 milhões de garrafas por ano, exportando 52% de sua produção para 57 países.

Em 1995 o domínio foi comprado por um grupo internacional que possui também a marca William Fèvre, em Chablis. Alguns membros da família Bouchard ainda trabalham para a companhia e a tradição e busca contínua pela excelência são mantidos.

Ao final do passeio pela propriedade, conhecendo suas construções históricas, suas caves e seus jardins minuciosamente cuidados, paramos para degustar uma excelente seleção de vinhos da Bouchard Père & Fils e William Frèvre:

Degustação-de-vinhos-Bouchard-Père-et-Fils-Borgonha

-Bourgogne Pinot La Vigne 2012

-Fleurie La Reserve 2012 (Villa Ponciago)

-Beaune du Chateau Premier Cru Rouge 2009 (Bouchard Père & Fils)

-Pommard Premier Cru 2011

-Volnay Caillerets Ancienne Cuvee Carnot 2011 (Bouchard Père & Fils)

-Beaune Grèves Vigne de L’Enfant Jesus 2011 (Bouchard Père & Fils)

-Nuits-Saint-Georges Les Cailles 2011 (Bouchard Père & Fils)

Degustação-de-vinhos-William-Fèvre-Chablis-Borgonha

-Chablis 2012 (William Fèvre)

-Chablis Premier Cru Vaillons 2011 (William Fèvre)

-Chablis Grand Cru Bougros 2011 (William Fèvre)

-Bourgogne Chardonnay La Vignee 2012

-Pouilly-Fuissé 2012

-Meursault Genevrières 2011 (Bouchard Père & Fils)

-Corton-Charlemagne 2011 (Bouchard Père & Fils)

Uma curiosidade sobre as degustações na Borgonha é que, ao contrário do que dizem as regras que normalmente seguimos por aqui, os tintos são degustados antes dos brancos. Talvez pela delicadeza característica dos Pinot Noirs em contraste com a intensidade e potência de seus Chardonnays. Quem sabe? O interessante é que funciona, sem comprometer o paladar.

Assim, fui terminando minha jornada na Borgonha. Foi uma experiência deliciosa conhecer seus vinhos, histórias e gastronomia “in loco”. Espero que tenham aproveitado essas descobertas comigo. E seguiremos para as próximas.

Bouchard Père & Fils

Château de Beaune, 21200, Beaune, France

www.bouchard-pereetfils.com

La Moutarderie

31 Rue Du Faubourg Bretonnière

www.fallot.com

Santé!

Cristina Almeida Prado.

 

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Dia 02 – Visita à Maison Joseph Drouhin

Beaune é uma pequena cidade localizada no coração da Borgonha, a 44 km ao sul de Dijon. É uma cidade murada, com charmosos telhados coloridos, que carrega em sua arquitetura muito de sua história e em seu DNA, a produção de vinhos. Dizem que de toda a França, está entre as melhores cidades para se degustar vinhos. Muitas Maisons estão localizadas na cidade mesmo e é possível fazer um circuito de visitações a pé. Além, claro, de poder desfrutar dos deliciosos restaurantes que oferecem a gastronomia local, como o famoso boeuf bourguignon, regados a uma variedade de vinhos da região em taça.

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Hôtel Dieu dês Hospices de Beaune

Comecei meu segundo dia com um passeio a pé pela cidade, saindo do hotel em que estava hospedada, visitando o Hôtel Dieu dês Hospices de Beaune até chegar à Maison Joseph Drouhin, onde fui recebida por Jacquie Morrison, em uma visita guiada pelas caves da Maison.

A história da Maison Joseph Drouhin tem início em 1880, quando Joseph Drouhin, vindo da região de Chablis, instala-se em Beaune com o intuito de produzir vinhos de altíssima qualidade que levassem seu nome. Na época, atuava como négociant, comprando uvas de pequenos produtores e vinificando seu próprio vinho. Até que seu filho, Maurice, que o sucedeu, começou a comprar terras de excelentes apelações, como Clos de Vougeot e Clos de Mouches. Mas quem deu à Maison a dimensão que possui hoje foi Robert, filho de Maurice, que a partir de 1957 comprou muitas terras com grande potencial para gerar excelentes vinhos. Ele foi o primeiro produtor na Borgonha a produzir vinhos biodinâmicos, o que na época causou muita estranheza entre os demais produtores. Mas no fim, a estratégia acabou sendo seguida por muitos, que usam essa característica inclusive como apelo de marketing.

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Caves Maison Joseph Drouhin, Beaune

A Maison carrega muita história. Suas caves foram construídas utilizando-se de uma arquitetura existente desde os tempos dos romanos, que serviram de base para a presente estrutura. As caves foram usadas também como esconderijo estratégico para os vinhos mais preciosos dos duques da Borgonha e muitas partes das caves foram muradas para proteger esse tesouro dos soldados alemães durante a segunda guerra mundial. Nessa mesma época, Maurice Drouhin, que foi chefe da resistência francesa, foi perseguido pela Guestapo e se escondeu no Hospices de Beaune. Como forma de agradecimento, Maurice doou ao Hospice de Beaune alguns hectares de suas vinhas.

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Caves Maison Joseph Drouhin, Beaune

A Maison é administrada atualmente por Philippe, Véronique, Laurent, e Frédéric, filhos de Robert Drouhin. Com 73 hectares de terras na Borgonha, eles estão entre os maiores produtores da região, chegando a produzir até 3 milhões de garrafas nos melhores anos, sendo que 70% de seus vinhos são Premier Cru e Grand Cru. A nova geração dos Drouhin permitiu à Maison expandir seus negócios para além dos domínios da Borgonha, e produz desde 1988 vinhos na região do Oregon, nos Estados Unidos.

Após uma longa caminhada nos quase 2 hectares de caves, seguimos para uma degustação de seus vinhos:

Maison-Joseph-Drouhin-Degustação-Borgonha

Degustação vinhos Joseph Drouhin

-Joseph Drouhin Gevrey-Chambertin 2009

Gevrey-Chambertin, Borgonha

Notas: Apresentou aromas de frutas negras com notas de pimenta preta e retrogosto de framboesa. Em boca, bom corpo e personalidade. Muito bom!

-Joseph Drouhin Chambolle Mussigny 2008 Premier Cru

Chambolle Mussigny, Borgonha

Notas: Aromas de morangos e framboesas, com notas terrosas e fundo de couro. Em boca, bom corpo e equilíbrio. Muito bom!

-Joseph Drouhin Clos de Vougeot 2008 Grand Cru

Vougeot, Borgonha

Notas: Aromas de frutas negras e vermelhas, com notas de couro e toque terroso. Em boca, bom corpo, taninos marcantes e longa persistência. Excelente!

-Joseph Drouhin Clos de Mouches 1996

Beaune, Borgonha

Notas: Apresentou aromas de frutas vermelhas com notas de couro e toque terroso. Em boca, apresenta um estilo mais rústico, com toque picante e taninos marcantes. Muito bom!

-Joseph Drouhin Gevrey Chambertin 1990 Premier Cru

Gevrey-Chambertin, Borgonha

Notas: Aroma terroso com notas de couro e fundo frutado. Em boca, redondo, elegante, com toques de fruta vermelha madura. Excelente!

-Joseph Drouhin Vaudon Sécher 2010 Premier Cru

Chablis, Borgonha

Notas: Aromas cítricos, lembrando abacaxi. Em boca, boa acidez, equilíbrio, frescor e leveza. Muito bom!

-Joseph Drouhin Saint Véran 2012

Macônnais, Borgonha

Notas: Aromas cítricos, com notas de abacaxi. Em boca, boa acidez, leveza e frescor. Muito bom!

-Joseph Drouhin Clos de La Garrene 2009 Premier Cru

Puligny-Montrachet, Borgonha

Notas: Aromas de frutas brancas maduras, lembrando peras com notas de manteiga e mel. Em boca, ótimo corpo, cítrico, com longa persistência. Está incrível!

-Joseph Drouhin Marquis de Laguiche Morgeot 2011 Premier Cru

Chassagne-Montrachet, Borgonha

Notas: Aromas cítricos com notas amanteigadas. Em boca, ótimo corpo e acidez com toques cítricos. Muito bom.

Conhecer um pouquinho desse império me fez entender mais sobre as riquezas da Borgonha e seus segredos, me deixando ainda mais apaixonada pela região e seus vinhos. Deixo a minha recomendação para os enófilos de plantão, lembrando de agendar a visita com antecedência.

Joseph Drouhin

1 Cour du Parlement de Bourgogne – BP 80029 – 21201 – Beaune

www.drouhin.com

Continue acompanhando.

Santé!

Cristina Almeida Prado.

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Falamos esta semana de Borgonha, região produtora de vinho da França que tem a uva Pinot Noir como protagonista de seus tintos. Esta uva é a responsável por famosos vinhos como o Romaneé Conti, o Chambertin e todos os tintos da sub-região de Cotes D’Or. É também uma das uvas utilizadas na produção do Champagne.

Pinot-Noir-vinhos

A Pinot Noir é uma uva de pele fina e com pouco tanino, que gera vinhos sedutores e elegantes. Essa uva é bastante sensível ao terroir e em condições climáticas muito quentes, pode amadurecer muito cedo e não desenvolver as riquezas de sabores e aromas característicos da variedade. Vinhos produzidos a partir da Pinot Noir apresentam aromas de morango, cereja, framboesa; e quando amadurecem em barris de carvalho, podem apresentar aromas de origem animal, como couro e adubo ou aromas de chocolate e especiarias.

A Pinot Noir tem sido plantada em várias regiões do mundo, apresentando, por vezes, estilos bem diferentes. Fora da Borgonha, ela se deu muito bem em regiões como Marlborough na Nova Zelândia, em Casablanca no Chile e em Sonoma, nos Estados Unidos.

Há poucos dias, fui surpreendida por um Pinot Noir californiano de um produtor boutique, de uma região pouco conhecida por nós, chamada de Santa Rita Hills, em Santa Bárbara. Diz a lenda que o nome da região veio em consideração à famosa vinícola chilena, Santa Rita, que bem conhecemos por aqui. Mas a verdade é que essa é uma região que despontou recentemente para a produção vinícola e tem como característica um clima litorâneo, com invernos mais suaves e verões frescos, ideal para o cultivo das variedades borgonhesas, como a Pinot Noir e a Chardonnay. E o resultado, é bastante surpreendente.

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Lincourt Lindsay’s Pinot Noir 2012

Produtor: Lincourt

Região: Santa Rita Hills, Santa Bárbara

País: Estados Unidos

Notas: De coloração vermelho rubi com reflexos violáceos, apresentou uma riqueza de aromas, como cerejas e framboesas de início e após algum tempo, apresentou notas de chocolate com um leve toque mentolado. Em boca, mostrou-se um Pinot Noir bastante estruturado, com ótima complexidade e personalidade.

Preço: R$99,00

Onde Comprar: Sonoma (clique)

Deixo aqui a minha recomendação de um excelente Pinot Noir californiano. Vale experimentar!

Um brinde!

Cristina Almeida Prado.

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Dia 01 – Visita ao Domaine Tollot Beaut

Partindo do Domaine Camus, em Gevrey Chambertin, atravessei toda a Côte de Nuits até chegar a Chorey-lès-Beaune, em Côte de Beaune. Esse é um passeio que vale a pena fazer com calma, apreciando a paisagem, desfrutando dos charmosos bistrôts nas pequenas vilas da região e fazendo algumas paradas nas muitas vinícolas pelo caminho que são abertas ao público sem agendamento prévio. Mas minha agenda já estava programada.

Cheguei ao Domaine Tollot-Beaut após uma rápida parada para almoço e fui recebida pela carismática Nathalie, proprietária da vinícola, que me levou por um passeio pelos vinhedos, pela cantina onde ficam os tanques de fermentação de concreto e pelas caves, onde descansam vinhos em garrafa e em barricas.

Domaine-Tollot-Beaut-Borgonha-Vinhos-Corton

Tanque de fermentação de concreto.

Nos vinhedos já se via movimento. Era quase verão e as vinhas começavam a brotar. Nathalie compartilhou um pouco da história do Domínio Tollot-Beaut, enquanto circulávamos pela propriedade. Em 1880, algumas parcelas foram compradas pela família, que com o passar dos anos, foi adquirindo mais terras pela região. Hoje, o domínio possui 24 hectares entre Chorey-lès-Beaune, Aloxe-Corton, Savigny e Beaune. Nos melhores anos, chegam a produzir até 140.000 garrafas, sendo que 60% de sua produção é vendida para o exterior. Os vinhos das melhores safras podem ser guardados tranquilamente por mais de 20 anos.

Nathalie representa a quinta geração de uma tradicional família produtora de vinhos e junto com seus primos, administra a propriedade, mantendo em altos níveis a reputação do Domaine Tolllot-Beaut. Afirma que, sendo o vinho um organismo vivo, necessita de cuidados constantes, desde o manejo dos vinhedos, com a realização da poda, que garantirá maior concentração de sabores à fruta e a não utilização de fertilizantes, até a colheita manual que permite a seleção das melhores uvas, a vinificação, utilizando-se de métodos tradicionais, e o descanso do vinho em barrica. Para se preservar a fruta e seus aromas, a vinícola passa seus melhores vinhos por até 60% em carvalho novo e 25% para os demais vinhos. O domínio produz vinhos que vão desde apelações regionais, apelações villages, Premiers Crus, até Grand Crus.

Chegando às caves, um interessante ambiente repleto de mofo por toda a parte, o que ajuda na manutenção da umidade do ambiente e na redução da luz para os vinhos em garrafa, abrimos algumas garrafas para degustar.

Domaine-Tollot-Beaut-Borgonha-Vinhos-Corton

Nathalie Tollot e Cristina Almeida Prado

-Chorey-lès-Beaune 2011 (Apellation Village)

Chorey-lès-Beaune, Borgonha

Notas: Apresentou aromas de frutas vermelhas maduras. Em boca, muita fruta, taninos marcantes, bom corpo e um toque um pouco rústico. Muito bom!

-Aloxe-Corton Les Vercots 2011 Premier Cru

Aloxe-Corton, Borgonha

Notas: Aromas intensos de frutas vermelhas maduras. Em boca, muita personalidade com ótima persistência e taninos marcantes. Excelente!

-Corton-Bressandes 2011 Grand Cru

Aloxe-Corton, Borgonha

Notas: Aromas de frutas vermelhas maduras e notas de chocolate. Em boca, elegância, longa peristência e retrogosto e taninos marcantes. Está incrível!

-Chorey-lès-Beaune 2012 (Apellation Village)

Chorey-lès-Beaune, Borgonha

Notas: Aromas de frutas vermelhas maduras e notas levemente herbáceas. Em boca, muita fruta, boa acidez e adstringência. Muito bom.

-Aloxe-Corton Les Vercots 2012 Premier Cru

Aloxe-Corton, Borgonha

Notas: Aromas intensos de frutas vermelhas maduras. Em boca, taninos bem marcantes, bom corpo e acidez. Muito bom!

-Aloxe-Corton Les Fournières 2012 Premier Cru

Aloxe-Corton, Borgonha

Notas: Aromas intensos de frutas vermelhas maduras. Em boca, longa persistência e retrogosto e taninos marcantes. Excelente!

-Aloxe-Corton 2002 (Apellation Village)

Aloxe-Corton, Borgonha

Notas: De coloração rubi atijolado, apresentou aromas de frutas vermelhas maduras com notas de terra e folha molhada. Em boca, frutas com chocolate, boa persistência e taninos aveludados. Delicioso!

A paixão e dedicação desta família pelo vinho se traduzem em produtos de personalidade, que proporcionam aos bons enófilos, momentos de prazer e experiências inesquecíveis.

Para terminar bem o dia, por recomendação de Nathalie, visitei uma queijaria espetacular no centro de Beaune, já bem próximo dali. Essa é uma experiência que vale muito a pena, tendo em vista que a Borgonha é famosa também pela produção de uma variedade de queijos deliciosos. Assim, um belo “queijos e vinhos” no jardim do hotel encerrou de forma poética meu primeiro dia de viagem à Borgonha.

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Domaine Tollot-Beaut & Fils

Rue Alexandre-Tollot, 21200 – Chorey-lès-Beaune, France

Alain Hess Fromager

7, Place Carnot, Beaune, France

Novas descobertas nos próximos posts. Acompanhe!

Santé!

Cristina Almeida Prado.

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Dia 01 – Visita ao Domaine Camus

Em viagem recente à França, tive a oportunidade de passar alguns dias na Borgonha, região reconhecida mundialmente por seus vinhos e considerada também um dos centros gastronômicos do país. Uma peculiaridade dessa região é que seus vinhos são monovarietais, ao contrário dos assemblages, que são característicos das demais regiões da França. Na Borgonha, a elegante Pinot Noir é a principal uva tinta produzida e para os brancos, a intensa Chardonnay.

Meu roteiro começou saindo de Dijon, principal cidade da região, localizada ao norte da Côte D’Or, em direção a Gevrey Chambertin até chegar ao Domaine Camus. Fui recebida pela simpática Mademoiselle Camus, proprietária desta tradicional vinícola, que me permitiu conhecer um pouco da história da propriedade e degustar alguns de seus deliciosos vinhos.

Mademoiselle-Camus-Domaine-Gevrey-Chambertin-Borgonha

Cristina Almeida Prado e Mademoiselle Camus

A história do Domaine Camus tem início 1732, quando a família Camus mudou-se para a região e adquiriu cerca de 18 hectares de terra em uma das mais nobres regiões da Borgonha. Na época, a família envolveu-se na produção de óleos feitos a partir de nozes e amêndoas que cultivavam em suas terras e produziam vinho apenas para consumo local. Foi apenas em 1900 que decidiram focar na produção de vinhos, tendo em vista o crescimento e valorização deste negócio na região e a qualidade de seu terroir.

Hoje a propriedade produz vinhos classificados como Village, que levam o nome da comuna, e Grand Cru, a mais alta classificação da Borgonha, e que leva o nome da parcela de onde vieram as uvas. Em bons anos, sua produção pode chegar a 50 ou 60.000 garrafas. As melhores colheitas podem gerar vinhos complexos o suficiente para serem guardados por mais de 50 anos. O domínio guarda ainda garrafas de 1937, safra considerada excepcional e tão histórica que as garrafas ainda eram produzidas “no sopro”, o que lhes conferia um formato irregular. No Domaine Camus, as garrafas levam cápsulas de cera, que são colocadas manualmente, como forma de manter uma tradição de longa data.

Camus-Domaine-Gevrey-Chambertin-Borgonha

A “fût”, como é chamada a barrica na Borgonha, tem capacidade para 228 litros.

Tradição e cuidado traduzem o trabalho do Domaine Camus. A colheita das uvas é feita manualmente. A fermentação de seus vinhos pode durar até 3 semanas para extrair o máximo de sabores e taninos das cascas das uvas. Depois, seus vinhos descansam por cerca de 18 meses em barris de carvalho antes de serem engarrafados.

Após um passeio pela cave, ouvindo as histórias de Mademoiselle Camus, pude degustar alguns de seus vinhos:

Camus-Domaine-Gevrey-Chambertin-Borgonha

2/3 da propriedade do Domaine Camus são de vinhos Grand Cru, mais alta classificação da Borgonha

-Charmes Chambertin Grand Cru 2009

Gervey-Chambertin, Borgonha

Notas: De coloração rubi com reflexos atijolados. Apresentou aromas de morango e frutas vermelhas maduras. Em boca, bastante fruta, bom corpo, taninos macios e muita elegância. Excelente!

-Charmes Chambertin Grand Cru 2005

Gervey-Chambertin, Borgonha

Notas: De coloração rubi com reflexos atijolados, apresentou aromas de frutas vermelhas maduras com notas de couro e chocolate. Em boca, taninos elegantes e acidez equilibrada. Muito bom.

-Charmes Chambertin Grand Cru 1998

Gervey-Chambertin, Borgonha

Notas: De coloração atijolada, com fortes traços de evolução, apresentou aromas de couro, champignon e compota de frutas vermelhas. Em boca, taninos aveludados, boa acidez e retrogosto marcante. Excelente!

E assim começou minha viagem pela Borgonha, com uma calorosa visita, recheada de histórias e bons vinhos. De lá, segui para a próxima vinícola, descendo sentido Beaune e apreciando uma linda paisagem.

Acompanhe nos próximos posts as demais descobertas.

Domaine Camus Père & Fils: 21, Rue Mal de Lattre de Tassigny, 21220 Gevrey-Chambertin, França.

Santé!

Cristina Almeida Prado.

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A história dos vinhos da Borgonha remonta a 2.000 anos, com registro de relatos sobre produção de vinhos que datam de 312 D.C. A presença dos monges constatada a partir de 500 D.C. é associada ao cuidado com a terra, à seleção das melhores parcelas e à escolha de castas apropriadas à região. Nos séculos XIV e XV, os Duques de Borgonha têm enorme influência no incentivo ao aperfeiçoamento do vinho, na sua comercialização e divulgação por toda Europa.

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Mais tarde, com a Revolução Francesa, não só a nobreza como também a burguesia tornam-se proprietárias de terras. Na época, o código napoleônico, com suas leis de sucessão, determinava que as terras fossem divididas igualmente entre os herdeiros. Assim, as propriedades foram se dividindo cada vez mais e os vinhedos ficaram bem reduzidos, formando um verdadeiro mosaico de inúmeras pequenas parcelas de terras. Por isso, o conceito de propriedade na Borgonha é diferente do resto do mundo.

Com vinhedos tão fragmentados, os produtores e os négociants (comerciantes) são obrigados a comprar vinhos de propriedades vizinhas e a vinificar e comercializar vinhos de variadas origens. Se você pensa em comprar um Borgonha, é essencial conhecer os bons négociants da região, assim como os produtores de renome. Ou seja,na Borgonha, vale muito mais o nome do produtor ou do négociant que aparece no rótulo, do que a indicação da origem.

Localizada no Sul de Champagne e a Sudeste de Paris, a região da Borgonha é constituída de sub-regiões que compõem as seis AOC, que são: Chablis, ao Norte, Côte de Nuits e Côte de Beaune que formam a famosa Côte D’Or (Colina Dourada), Côte Chalonnaise e Mâconnais e, na extremidade Sul, Beaujolais.

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As principais uvas vinificadas na Borgonha são a Pinot Noir, utilizada na maioria dos vinhos tintos da região, a Gamay, cultivada em Beaujolais e a branca Chardonnay, empregada na elaboração de praticamente todos os vinhos brancos. Vale aqui citar o cultivo da uva Aligoté na comuna de Bouzeron, em Côte Chalonnaise, que produz um vinho branco ácido famoso, pouco aromático, refrescante e de corpo leve que harmoniza muito bem com peixe.

Solos calcários são excelentes para o cultivo da Chardonnay, enquanto nos solos que misturam argila e calcário a Pinot Noir se dá muito bem. O solo granítico favorece o plantio da uva Gamay. Dessa forma, os vinhedos da Borgonha estão distribuídos de forma adequada ao tipo de solo.

Os vinhos da Borgonha são, hierarquicamente, classificados em Regional (Vin de Bourgogne), Village (levam o nome da comuna), Premier Cru (levam o nome da parcela) e Grand Cru, os quais respondem respectivamente por 53%, 30%, 15% e 2% de toda a produção vinícola da Borgonha.

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Vinhedos Nuits-St-Georges, Borgonha

Chablis é a sub-região dos famosos vinhos brancos feitos exclusivamente com a uva Chardonnay. Os Chablis são vinhos sublimes: secos, metálicos, ricos, de ótima acidez, mistura de fruta madura com toque mineral. Alguns produtores de destaque são: Bernard Billaud, Jean-Paul e Benoït Droin, Michel Laroche, Vincent Dauvissat, William Fèvre e Jean-Marc Brocard. A cooperativa La Chablisienne é uma boa dica para quem procura por um Chablis de qualidade a preço acessível.

A Côte de Nuit, conhecida como o ponto nobre da Borgonha, concentra o maior número de vinhedos Grand Cru, produzindo assim os melhores tintos da região. Os amantes dos Borgonhas afirmam que em nenhum outro lugar do mundo a Pinot Noir se mostra tão rica, elegante e sedutora. Suas AOCs mais conhecidas são: Gevrey-Chambertin, Vosne-Romanée, Vougeot, Chambole-Musigny, Marsannay, Morey-St-Denis e Nuits-St-Georges. São produtores confiáveis dessa região: Charles Rousseau, Bruno Clair, Jean-Claud Boisset, Denis Mortet, Louis Jadot, Méo-Camuzet, entre outros.

Côte de Beaune produz vinhos tintos de variados estilos e excelentes brancos. Fora de Chablis, é o único lugar da Borgonha que produz brancos Grand Cru. O único Grand Cru tinto é o magnífico “Corton” cujo produtor é responsável também pelo magistral Grand Cru branco “Corton-Charlemagne”. De Pommard originam-se os tintos mais rústicos da região. Mersault, uma grande vila conhecida pelos brancos excepcionais, possui vários Premiers Crus e inúmeros brancos de características únicas. De Puligny-Montrachet e Chassagne-Montrachet saem os vinhos brancos mais famosos do mundo. Alguns produtores da região, estão entre os melhores da Borgonha e são bem conhecidos pela alta qualidade constante de seus vinhos: Domaine Drouhin, Domaine de Comtes Lafon, Domaine de la Romanée-Conti, Domaine Jaques Prieur e Laflaive.

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Prensa e tanques de fermentação Domaine Camus – Gevrey Chambertin

A Côte Chalonnaise possui cinco principais “appellations”: Bouzeron que produz vinho branco com a uva Aligoté; Rully que produz o espumante “Crèmant de Bourgogne” e onde a maior parte dos vinhos é produzida por négociants como Olivier Laflaive, Antonin Rodet e Domaine Druhin; Mercurey que oferece muitos tintos robustos e frutados de qualidade; Givry produz elegantes tintos de Pinots e aromáticos Chardonnays; e Montagny que dedica-se aos brancos de Chardonnay.

Mâconnais é uma região conhecida pela grande produção de vinhos brancos de uva Chardonnay. Sua principal “appellation” é Puily-Fuissé cujos vinhos são sempre brancos fabulosos e possuem preços geralmente inflacionados.

Por último, temos a região de Beaujolais com características e estilo de vinho bem distinto das outras. Nos solos graníticos, são plantados vinhedos de uva Gamay com as quais são elaborados todos os vinhos Beaujolais. São classificados em Beaujolais Nouveau, Beaujolais Village e Beaujolais Cru com dez AOCs (St.-Amour, Juliénas, Chénas, Moulin-à-Vent, Fleurie, Chiroubles, Morgon, Régnié, Brouilly e Côte de Brouily). O maior négociant de Beaujolais é Georges Duboeuf, além de outros como Jean Calot, Louis Jadot, Jean-Paul Brun e Jean-Marc Burgaud.

O fenômeno do Beaujolais Nouveau surgiu por volta dos anos 60, quando os produtores disputavam para ver quem conseguia fazer chegar primeiro, aos bistrôs e distribuidores, seus vinhos recém lançados. Assim é a “corrida anual do Beaujolais” em que ele é vinificado e engarrafado o mais rápido possível, e comercializado logo na terceira semana de Novembro, antes de primeiro de janeiro. Por isso carrega a reputação de vinho popular, agradável, sem grandes pretensões, puro frescor e fruta vívida.

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A charmosa cidade de Beaune, capital do vinho na Borgonha

Esperamos que esse ligeiro relato o ajude a entender um pouco mais sobre a Borgonha, considerada uma das regiões vinícolas mais confusas do mundo.

Se você planeja ir à França e não terá tempo de visitar a região da Borgonha, saiba que em Paris, na Place des Vosges, o Bistrô “Ma Bourgogne” oferece uma ampla variedade de vinhos da Borgonha, um verdadeiro templo para os admiradores de Bacco.

Bonne chance!

Maria Uzêda.

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Existem inúmeros tipos de uvas utilizadas para a elaboração dos principais vinhos do mundo, as chamadas uvas viníferas. Divididas em tintas ou brancas, cada qual possui características próprias que as diferenciam umas das outras. Algumas, como já foi dito no artigo postado neste blog em 12 de maio, são emblemáticas de uma determinada região, mas podem ser cultivadas em outras partes do mundo com bom resultado. Muitas vezes, no entanto, uma mesma variedade de uva pode dar vinhos com características diferentes, como coloração e aroma, dependendo do clima, do solo em que foi cultivada, do ano da safra e até mesmo do capricho do enólogo.

Confraria ABS Na quarta edição da Confraria dos Amigos da ABS, o grupo enfrentou o desafio de degustar às cegas e avaliar vinhos de diferentes procedências, elaborados com a mesma uva: Pinot Noir.

A Pinot Noir é uma uva de pele fina, com pouco corante e relativamente pouco tanino. É uma varietal muito sensível às condições climáticas e reconhecidamente difícil e exigente. Por isso, vinhos produzidos com essa uva são dispendiosos em sua elaboração, o que geralmente reflete no seu preço final.

Com a Pinot Noir se produzem os grandes Borgonhas, como o Romanée Conti e o Chambertin por exemplo, e todos os tintos da sub região Côte D’Or. Ela entra também na elaboração dos Champagnes e espumantes. Apesar de sua origem francesa, a Pinot Noir tem sido cultivada em outros países como Estados Unidos, Nova Zelândia, Austrália e mais recentemente em países sul americanos como Chile, Argentina, Uruguai e Brasil.

Em nosso encontro, foram degustados quatro vinhos, todos 100% Pinot Noir, sendo dois deles da região de Borgonha, um Neozelandês e um do sul do Brasil. Estavam presentes os colegas Arlene Colucci (Gabinete de Comunicação, ABS), Matias, Rafael Porto (Expand, ABS), Kátia, Maria Uzêda (ABS), Cristina Xavier (SENAC e ABS), Fabio Brito e Gustavo Buara (ABS).

Nuits-Saint-Georges-Confraria-ABS 1. Nuits-Saint-Georges 2008, Borgonha, França

Grand Vin de Bourgogne, Chateau de Beaune, Côte D’Or

Características: vinho de coloração rubi com reflexos atijolados e um halo aquoso, sinalizando grau de evolução aromas de frutas maduras, doce em compota e baunilha; corpo médio com taninos marcantes e boa peristência.

Preço: $49,00

2. Vicar’s Choice 2010, Marlborough, Nova Zelândia

Saint Clair Family Estate, 13,5%

Características: vinho de coloração rubi intenso, com reflexos violáceos; aroma de frutas vermelhas, sutil couro e pimenta; em boca um vinho de corpo médio com leve adstringência e taninos suaves.

Preço: R$83,00 na Grand Cru.

Dadivas-Pinot Noir-Lidio-Carraro 3. Dádivas Pinot Noir 2010, Encruzilhada do Sul, Brasil

Lídio Carraro, 12,5%

Características: vinho de coloração rubi com reflexos atijolados; aromas de madeira verde, mate, chá preto e um fundo marcante de mel; um vinho de corpo médio, equilibrado e com taninos aveludados.

Preço: R$45,00, na vinícola.

4. Joseph Drouhin 2006, Bourgogne, França

Appellation Bourgogne Controlée, 12,5%

Características: coloração granada; leve aroma de fruta com fundo de resina; corpo delicado, leveza, pouca fruta, fácil de beber.

Preço: R$100,00.

Os vinhos degustados nos passaram a noção exata de como uma mesma uva pode resultar em vinhos tão variados, de acordo com a sua procedência. Surpreendeu-nos o vinho Neozelandês por sua agradável refrescência frutada e alegre e seus taninos macios, bem ao gosto do paladar brasileiro de modo geral. Surpreendeu-nos também o vinho nacional por sua fineza e elegância típicas da Borgonha, o que nos levou a confundí-lo com um autêntico francês. Quanto aos dois Borgonhas, o de safra mais recente mostrou bem toda a tipicidade da região, ao passo que o de safra mais antiga pareceu-nos estar esgotando toda sua fase de evolução, começando já a mostrar menos intensidade e a perder a sua fruta.

Saímos do encontro com a feliz sensação de termos desvendado um pouco mais sobre o maravilhoso e envolvente mundo do vinho.

Maria Uzêda.

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Spatburgunder Uva

 Spätburgunder: esse é o nome alemão para a uva Pinot Noir. Aqui no Brasil pouca gente já a provou e a maioria nem imagina que a Alemanha produza vinhos tintos – muito menos tintos muito bons de Pinot Noir. Poucas lojas oferecem o produto, e as que sabem do segredo têm duas ou três garrafas, no máximo. Para piorar, os nomes alemães e a classificação vinícola do país não ajudam na sua divulgação.

Um Pinot Noir alemão pode soar como algo muito recente, mas existe há centenas de anos, desde o século 13 quando, do mesmo jeito que ocorreu na Borgonha, monges cistercienses plantaram a variedade ao longo do rio Reno. Mas, enquanto na França ela se adaptou maravilhosamente, no clima mais frio da Alemanha lutou para conseguir amadurecer.

Até bem pouco tempo os Pinots alemães eram sem corpo e pálidos. A acidez refrescante que propiciavam tinha seu charme, só que muito distante da complexidade e densidade dos bons Borgonhas. Esse estilo ainda existe, e não deixa a desejar. Mas as mudanças climáticas recentes facilitaram a maturação das uvas, não só em Baden, a região mais ao sul, líder na produção de tintos alemães, mas Ahr, no noroeste de Koblenz, uma das regiões vinícolas mais no norte da Europa, especializa-se em Spätburgunder. Até o Mosel, ao sul de Koblenz, e curiosamente mais fria, que não permitia o plantio de variedades tintas até 1986, tornou-se agora fonte de Pinots excepcionais.

Para os curiosos amantes do vinho que quiserem sair na frente, devem começar seguindo um princípio básico, que divide os vinhos alemães em quatro categorias:

 -DeutscherTafelwein, a mais baixa delas (tafelwein significa vinho de mesa), é uma mistura de vinhos de diversas regiões, elaborados com uvas de terceira categoria;

-Landwein, um pouco acima do tafelwein, tem indicação de procedência (“land” é área/zona), o que equivale a vinho regional;

-Qualitätswein, que precede uma das 13 regiões demarcadas – as dez principais são Ahr, Mosel-Saar-Ruwer, Mittelrhein, Rheingau, Rheinhessen, Nahe, Pfalz, Franken, Baden, Württemberg -, e é sujeito a algumas regras, passando por um comitê que lhe concede um número de aprovação, o AP, e pode ser considerado um vinho sem pretensões para o dia a dia;

-Qualitätswein mit Prädikat, onde estão necessariamente os melhores vinhos do país, embora isso não signifique que todos são ótimos. Estes também têm um número de aprovação.

A maior barreira, entretanto, para encontrar esses vinhos é que são tão populares na Alemanha que eles bebem quase todos por lá mesmo. Portanto, se você conseguir o seu por aqui, aproveite!

Fonte: Jorge Lucky e Eric Asimov

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