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Archive for the ‘Histórias de Vinho’ Category

Após passearmos pelas regiões da Toscana e Piemonte, seguimos nosso passeio por mais algumas regiões produtoras de vinho da Itália que se destacam pela riqueza de suas paisagens, cultura, história e claro, por seus encantadores vinhos.

Veneto

O Veneto é uma região muito fértil e uma das mais produtivas da Itália. A região se estende desde o lago de Garda a oeste, até Veneza a leste e vai desde o sopé dos Alpes ao norte, até as planícies do rio Pó ao sul. A região tem como principais denominações Valpolicella, que gera o clássico Valpolicella, o ícone Amarone, o Recioto e o Ripasso; Soave, o mais famoso vinho branco tranquilo da região; e Prosecco, lar do festivo espumante Prosecco. As férteis planícies do Veneto permitem também a produção de vinhos fáceis e acessíveis em grandes volumes, muitas vezes com uvas internacionais, como a Pinot Grigio ou a Merlot, e que são rotulados como Veneto IGT.

 

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A região de Valpolicella fica a noroeste de Verona e tem como principal casta a Corvina, autóctone de amadurecimento tardio, com pele fina, cor moderada, níveis baixos a médios de taninos e alta acidez. Pela DOC, 45-90% da composição dos Valpolicella devem ser de Corvina. Outras castas permitidas são a Corvinone, a Rondinella, a Oseleta, a Croatina e a Molinara. As uvas provenientes dos sopés das montanhas, com solos vulcânicos, com calcário e argila, geram vinhos mais complexos, com maior acidez, que podem ser rotulados como Valpolicella Classico DOC (lembrando que o termo “Classico” sempre faz referência à zona histórica). As uvas provenientes dos solos mais planos ao sul da região, compostos por cascalho e areia, geram vinhos mais frutados, com tanino ligeiro e com menor acidez, que podem ser rotulados como Valpolicella DOC.

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Vinhedos vinícola Zenato, Valpolicella Classico

As formas mais potentes de Valpolicella são o Recioto e o Amarone. Ambos se utilizam do método passito, no qual as uvas são colhidas mais cedo, quando ainda têm acidez bastante alta e se deixam secar num local fechado antes de iniciar o processo de fermentação, o que concentra os açúcares e sabores. Os vinhos rotulados Amarone della Valpolicella DOCG são secos ou quase secos, muito encorpados, com níveis altos de álcool e sabores intensamente concentrados de fruta vermelha e especiarias. Os vinhos rotulados Recioto della Valpolicella são elaborados a partir de uvas que são tão doces que a fermentação cessa de forma natural. São vinhos doces com intensos sabores de fruta vermelha, níveis altos de álcool e muito encorpados.

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Método passito usado para produção dos Amarones

Há também o Valpolicella Ripasso DOC, que é basicamente um Valpolicella que já fermentou e recebe as peles das uvas de um Amarone, sofrendo nova fermentação, aportando ao vinho mais cor, sabor e taninos.

Quando falamos nos vinhos brancos do Veneto o destaque vai para a região de Soave que tem como casta principal a Garganega, mas também podem ser adicionadas a Trebbiano e a Chardonnay. Esses vinhos têm aromas de pera, maçã e frutas de caroço. Seus melhores exemplares podem envelhecer, desenvolvendo aromas de amêndoas e mel. As uvas provenientes dos sopés das montanhas, de solo calcáreo, argiloso e com rocha vulcânica, sofrem um amadurecimento mais lento, proporcionando um sabor mais maduro e acidez mais elevada. Esses vinhos mais complexos e com capacidade para envelhecer por vários anos podem ser rotulados como Soave Classico DOC. As uvas provenientes das planícies que estão em solos aluviais arenosos, geram vinhos mais frutados, menos complexos e com menor acidez. Esses vinhos mais fáceis, para consumo imediato, podem ser rotulados como Soave DOC.

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Castelo de Soave

Por fim, chegamos à região de Prosecco, famosa mundialmente por suas borbulhas. Promovida a DOC em 2009, suas principais regiões delimitadas são: Prosecco DOC, que abrange uma ampla área do Veneto e uma parte do Friuli; Prosecco DOC Treviso, uma área menor dentro do Veneto; e Conegliano Valdobbiadene DOCG, uma área mais limitada, localizada nas íngremes encostas calcárias a nordeste de Veneza, que gera vinhos mais complexos e de qualidade superior. São produzidos a partir do método Charmat (em tanque) com a casta originalmente chamada de Prosecco, que teve seu nome alterado para “Glera”, para valorizar a integridade dessas denominações. Seus vinhos têm acidez média e frescos aromas de maçã verde, pera e melão. São ideais para serem consumidos enquanto jovens.

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Sicília

Maior ilha do Mediterrâneo, a Sicília tem condições perfeitas para o cultivo de vinho, com uma grande variedade de terroirs e terrenos. Alguns diriam que mereceria ser um continente e não somente uma ilha. A Sicília pode ser muito quente e seca, e a irrigação ali é permitida. É também, bastante adequada para o cultivo orgânico. Entrando mais para o interior da ilha, as paisagens já são mais verdes e as montanhas a nordeste costumam ter picos nevados por alguns meses no inverno.

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Em meados de 1990, a Sicília competia pelo título de região mais produtiva da Itália sem que a qualidade fosse uma prioridade. Mas isso vêm mudando de alguns anos pra cá. Os produtores têm se mostrado mais preocupados com qualidade e hoje já oferecem grandes vinhos Sicilianos muito bem avaliados pelos críticos de vinho e reconhecidos mundialmente.

As uvas internacionais, como a Merlot, Syrah e Chardonnay, têm papel relevante na Sicília. Mas cada vez mais os produtores locais valorizam as castas autóctones. A casta que tornou a Sicília mundialmente conhecida é a tinta Nero d’Avola, que gera vinhos suntuosos, com estrutura e sabores de fruta vermelha madura. Ela tem seu melhor desempenho especialmente no Oeste e ao sul da ilha, perto de Agrigento. Outra casta que tem ganhado muita notoriedade é a Nerello Mascalese, cultivada tradicionalmente na região do monte Etna a uma altitude que pode chegar a 1.000m. Seus vinhos mais comuns são chamados de Etna Rosso, de corpo leve, alta acidez e sabor especiado. Vale conferir alguns “Crus” da região, elaborados a partir de vinhas mais antigas, que geram vinhos mais complexos e concentrados e que evoluem lindamente. Entre as tintas há ainda a Frappato, que entra no corte da única DOCG siciliana, junto com a Nero d’Avola, gerando o Cerasuolo di Vittoria, com seus exuberantes aromas de cerejas.

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Colheita na região de Etna, vinícola Donnafugata

Quanto às castas brancas, a Catarrato, ou Lucido, como também pode ser chamada, é a casta de mais longa tradição na região oeste. Mas na década de 1990, as castas Inzolia (a Ansonica da Toscana) e Grillo ganharam espaço. Sem falar na Carricante, cultivada na região do Etna que gera vinhos com boa acidez, mineralidade e que podem envelhecer por até 10 anos (rotulados como Etna Bianco DOC). Outra casta branca de destaque é a Moscato Bianco ou Moscato de Alexandria que tem seu melhor desempenho na pequena ilha de Pantelleria, na costa sudoeste. Conhecida localmente como Zibbibo, suas vinhas têm condução em vaso (pequenos arbustos) para proteger a planta dos fortes ventos da região e a colheita acontece em dois momentos: num primeiro, em meados de agosto, as uvas são colocadas para secar por algumas semanas; num segundo, já em setembro, as uvas mais maduras são colhidas e fermentam junto com as uvas secas, gerando o suntuoso Passito de Panteleria, um vinho doce de meditação – uma experiência e tanto. Tem importante fama também a Malvasia delle Lipari, das ilhas de Lipari ao norte da Sicília, que gera vinhos doces com aromas de doce de laranja.

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Vinhedos na ilha de Pantelleria, vinícola Donnafugata

E por fim, não poderia deixar de falar do Marsala, vinho criado num estilo muito parecido com o Jerez e talvez o primeiro vinho italiano a conhecer os mercados europeus no século XVIII, já que os vinhos fortificados “viajavam bem”. É produzido em diferentes estilos, podendo usar castas brancas (Catarrato, Grillo e Insolia) ou tintas (Nero d’Avola, Nerello Mascalese e Pericone), podendo ser seco, meio-seco ou doce e com níveis diferentes de envelhecimento e qualidade.

Continue acompanhando o blog Sommelière. No próximo post seguiremos nosso passeio por mais algumas encantadoras regiões produtoras de vinho do Bel paese.

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Saúde!

Cristina A. Prado.

Referências: The World Atlas of Wine (Johnson, Hugh; Robinson, Jancis); Italy’s Native Wine Grape Terroir (D’Agata, Ian); WSET Nível 3 Livro de Estudos, Italian Wine Central Website (https://italianwinecentral.com/)

 

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A Itália, ou a Bella Italia, como é muito conhecida, apresenta uma riqueza de paisagens que não cansamos de admirar. Costurada por cadeias de montanhas de norte a sul, rios e lagos, uma grande diversidade de tipos de solo e castas autóctones, nos brinda com uma variedade de estilos de vinho com personalidades únicas, além da respeitada gastronomia italiana, com suas peculiaridades regionais, que tornam o país um destino muito desejado por turistas e enófilos do mundo todo.

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Chianti Classico, Toscana

De uma maneira geral, quando falamos em grandes vinhos italianos, imediatamente nos lembramos dos vinhos ícones da Toscana, como o Brunello di Montalcino ou os Supertoscanos, ou os ícones do Piemonte como os renomados Barolos e Barbarescos. Mas a grande verdade é que os grandes vinhos italianos de longe resumem-se a isso e quanto mais estudamos e nos permitimos experimentar, mais apaixonados e instigados ficamos com as descobertas. Nos próximos parágrafos faremos um breve passeio pelas principais regiões produtoras de vinho da Itália, para conhecer um pouco das preciosidades que cada uma tem a nos oferecer.

As principais regiões produtoras da Itália são:

Piemonte

Como o próprio nome diz, “aos pés do monte”, faz referência aos Alpes, que quase circundam essa região montanhosa. Para se ter ideia, menos de 5% dos vinhedos piemonteses estão em área plana.

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Alba, Piemonte

Os dois melhores vinhos tintos do Piemonte são o Barolo e o Barbaresco, que levam o nome de suas vilas e são feitos 100% a partir da uva Nebbiolo. Ambos seguem as rigorosas regras estabelecidas por suas DOCGs. O Barbaresco deve estagiar por no mínimo 26 meses entre barrica e garrafa e o Riserva, por 50 meses, enquanto o Barolo deve estagiar por no mínimo 38 meses entre barrica e garrafa e o Riserva, por 62 meses, antes de serem liberados para o mercado.

A maioria dos outros vinhos famosos do Piemonte levam o nome da uva, como Barbera, Dolcetto, Brachetto, Grignolino, Freisa, Moscato e Nebbiolo. Esses vinhos são geralmente mais fáceis e ótimos para o dia a dia. Se junto ao nome da uva vem o nome da vila, significa que o vinho vem de uma região delimita e é um vinho de qualidade superior.

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Casta Nebbiolo

Não há dúvidas de que a uva mais nobre para vinhos tintos seja a Nebbiolo. Mas você não precisa se prender a um Barolo ou Barbaresco para se deliciar com os vinhos intensos, florais e com o sedutor tanino granulado característico da Nebbiolo. Alguns bons exemplos são os Langhe Nebbiolo, Nebbiolo D’Alba e até um Roero tinto. Já para os vinhos brancos, a Moscato é a assinatura piemontesa, gerando os famosos espumantes doces Moscato D’Asti, enquanto a Cortese gera o moderno vinho seco Gavi e a Arneis, o famoso e delicado Roero Arneis.

Outras DOCG localizadas no noroeste italiano oferecem também interessantíssimos vinhos que merecem ser experimentados. São eles: Gattinara, Ghemme, Lessona e Bramaterra, que se beneficiam de clima subalpino.

Toscana

Localizada na Itália Central, a Toscana é o berço da Sangiovesi e é aqui onde ela oferece a sua melhor expressão, gerando vinhos que podem variar de pálidos em cor e elegantes a escuros e encorpados, com aromas de cereja preta e terrosos, sempre com seu tanino granulado e marcante acidez. Aos pés dos montes Apeninos, a região apresenta uma diversidade de altitudes e solos, sendo os mais importantes o galestro (composto por argila e calcário) e o alberese (mais sólido e pedregoso). As três zonas mais importantes da Toscana são Chianti, Montalcino e Bolgheri, sendo a região de Chianti a mais antiga e a primeira a ser delimitada em 1716 (zona histórica).

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Visita a Chianti Classico, com o agrônomo Lorenzo da vinícola Dievole

A zona histórica de Chianti, que tinha como limites as terras no entorno das vilas de Radda, Gaiole e Castelina, teve posteriormente a adição de mais 6 vilas à sua extensão (San Casciano in Val di Pesa, Tavarnelle val di Pesa, Greve in Chianti, Panzano in Chianti, Castelnuovo Berardenga, Barberino Val D’Elsa e Poggibonsi), e é o que conhecemos hoje como a região Chianti Classico. Diferente de Chianti, que é uma zona mais ampla, com uma maior diversidade de estilos e uma DOCG menos rigorosa, Chianti Classico é uma DOCG com extensão menor e regras mais estritas, como por exemplo, uma menor quantidade de vinhas por hectare, mínimo de 80% de Sangiovesi na composição do vinho e estágio por no mínimo 12 meses. Em Chianti Classico encontramos alguns dos melhores exemplares italianos. O ilustre Barão de Ricasoli, em seu castelo di Broglio, já em 1872 distinguia esses dois tipos de Chianti, sendo um mais simples, para ser bebido jovem e o outro, uma versão mais ambiciosa e complexa, destinada à guarda.

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Vale mencionar a DOCG Chianti Rufina, que se destaca pela qualidade de seus vinhos. Não podemos nos esquecer dos “rebeldes” Supertoscanos que revolucionaram a Toscana adicionando uvas internacionais a seus vinhos e gerando grandes vinhos classificados como IGT.

Quanto a Montalcino, que fica ao sul de Chianti, no século XIX era uma das mais pobres regiões da Toscana, e foi Clemente Santi quem apostou e desenhou um estilo de vinho que viria a se chamar Brunello di Montalcino. Em 1980 surgiriam novos seguidores produzindo aquele vinho num estilo musculoso e potente, elaborado 100% a partir da Sangiovesi Grosso. Se na época eram apenas 20 produtores iniciando uma história em Montalcino, hoje já são mais de 200 produtores. E as regras para a produção do vinho foram adaptadas para o paladar do consumidor moderno. Os quatro anos mandatórios de passagem por barricas foram reduzidos a 2 e mais 2 anos em garrafa, permitindo ao vinho uma maior presença de fruta para contrabalancear a potência desses vinhos. Montalcino foi também a primeira DOCG a ganhar “DOC junior”, que seria o Rosso de Montalcino, vinho mais leve que pode ser lançado ao mercado após 12 meses.

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Bottis (grandes barris de carvalho), muito usados na Itália, aportam menos sabores e aromas aos vinhos que as barricas de 225L, valorizando as características da variedade e do terroir.

Por fim, chegamos à região da Costa Toscana, onde está situada a DOC Bolgheri. Aqui, foi o Marchese Incisa dela Rocchetta o primeiro a apostar na região em 1940 para plantar Cabernet Sauvignon, inspirado na região do Médoc, na França. Quando os vinhos do Marquês começaram a suavizar seus taninos, eles revelaram sabores nunca antes vistos na Itália. Foi daí que despontou o nome Sassicaia, que teve sua primeira safra engarrafada em 1968. Um vinho “fora da lei” que estremeceu todo o sistema de DOC italiano, saindo de um simples Vino da Tavola para ter sua própria DOC Sassicaia. Muitos seguidores vieram nos anos que se seguiram e hoje Bolgheri é conhecida como a região da Toscana que produz vinhos ao estilo de Bordeaux. As uvas permitidas para os tintos são a Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Syrah e Sangiovesi e para os brancos, Sauvignon Blanc e Vermentino.

Ainda na Toscana, vale conhecer a pequena San Gimignano, que produz o branco Vernaccia di San Gimignano, uma pequena jóia. O Morellino di Scansano e o Vino Nobile de Montepulciano, ambas DOCs baseadas na Sangiovesi, são também excelentes vinhos para experimentar.

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San Gimignano, Toscana

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Cristina A. Prado.

Referências: The World Atlas of Wine (Johnson, Hugh; Robinson, Jancis); Italy’s Native Wine Grape Terroir (D’Agata, Ian); WSET Nível 3 Livro de Estudos, Italian Wine Central Website (https://italianwinecentral.com/)

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A história da produção de vinhos da Itália é milenar, sendo impossível dissociar o consumo de vinho da própria cultura italiana, seja no âmbito gastronômico, econômico ou social. Colonizadores gregos a chamavam de Enotria – a terra dos vinhos. Sua grande variedade de microclimas, condições de solo, topografia, variedades autóctones e tradições regionais contribuíram para formar um patrimônio enológico sem igual, com uma diversidade de estilos e alguns dos rótulos mais conceituados do mundo.

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Visita a Chianti Classico na Toscana

Apesar de a Itália ser tão apropriada à produção vinícola, somente há pouco mais de uma geração desponta como produtora de vinhos tão distintos. Por um longo tempo não havia preocupação com qualidade e apenas uma pequena proporção do vinho italiano era engarrafada pelo produtor, sendo que a maior parte era enviada às cidades para consumo local. A França, ao contrário, há séculos carrega fama e tradição na produção de grandes vinhos. O primeiro decreto francês que definia regras relacionadas aos aspectos da produção vinícola data de 1.395, assinado por Filipe, o Audaz, duque da Borgonha, já estabelecia conceitos de terroir e métodos de produção que valorizavam a qualidade do vinho.

Historicamente a Itália sofreu por séculos com inúmeras invasões e disputas de território, e se tornou uma nação unificada apenas em 1861 – isso dificultava qualquer tentativa de entendimento de lugar e busca por qualidade. Para se ter ideia, um dos documentos mais antigos que relacionava os melhores lugares para produção de vinhos na Toscana foi expedido somente em 1716 pelo Duque Cosimo III e o conceito de DOC (Denominazione de Origine Controlatta) que determina regras para a produção de vinhos das principais regiões produtores da Itália surgiu somente em 1960, como resposta à AOC (Apppellation d’Origine Controlée) francesa.

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Declaração de 1716 por Cosimo III de Medici

De lá pra cá, muita coisa evoluiu. O país se tornou o maior produtor de vinhos do mundo, exportando quase metade de sua produção em 2019. Seu consumo interno é ainda bastante expressivo, de forma que cada cidadão italiano consume em média o equivalente a 45 litros da bebida por ano. Mas sua reputação não se restringe apenas a volume. Grandes produtores italianos figuram na invejável relação de vinhos vendidos pelos négociants da praça de Bordeaux, além de estarem presentes em famosas casas de leilão de vinhos nos grandes centros consumidores de vinho, como Londres e Nova Iorque.

OIV, November 2019

Produção de vinhos em hectolitros (OIV, Novembro 2019)

Para se entender o sistema de classificação e identificar o vinho italiano, assim como vemos na França, o nome do vinho é baseado na região onde ele foi produzido e, na maioria dos casos, não há indicação das uvas utilizadas. Um vinho como Chianti, por exemplo, será sempre baseado principalmente na Sangiovesi, enquanto que um Barolo, na Nebbiolo. Através das regras estabelecidas pelas DOCs e DOCGs, a designação da região será suficiente para indicar o tipo de vinho e uvas que podem ser utilizadas.

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Chianti Classico DOCG

No rótulo do vinho italiano sempre haverá a indicação de uma das quatro classificações oficiais existentes, que são: Vino da Tavola, que é o vinho mais simples, sem indicação de região; Indicação Geográfica Típica (IGT), com indicação de região, é um vinho com uma proposta mais moderna; Denominação de Origem Controlada (DOC) e Denominação de Origem Controlada e Garantida (DOCG), são vinhos de regiões delimitadas que seguem regulamentações específicas que determinam por exemplo as uvas permitidas, assim como métodos de produção e vinificação. Esse último representa os vinhos de mais elevada qualidade. Sem falar nos Super Toscanos, ou os “Fora da Lei”, vinhos de elevadíssima qualidade que não se classificam como DOC ou DOCG pois utilizam uvas internacionais, como Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc.

A Itália é um dos países com a maior quantidade de uvas autóctones do mundo, mas tem como uva símbolo a gastronômica Sangiovesi, variedade tinta mais plantada no país. Quanto às brancas, a Trebbiano é a mais plantada, gerando vinhos descomplicados e refrescantes. No próximo post falarei sobre as principais regiões produtoras da Itália e comentarei um pouco mais sobre as principais uvas e suas características.

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Casta Sangiovesi

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Um abraço,

Cristina A. Prado.

Referências: The World Atlas of Wine (Johnson, Hugh; Robinson, Jancis); Italy’s Native Wine Grape Terroir (D’Agata, Ian); WSET Nível 3 livro de estudos, Italian Wine Central Website (https://italianwinecentral.com/top-fifteen-wine-producing-countries/)

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PARTE 2: A Visita

Bodega Garzon

Na bodega Garzón, fui recepcionada pela Natália Castiglione, do Departamento de Marketing, e guiada pela Stella que me conduziu pelos amplos corredores subterrâneos onde acontece todo o processo de elaboração dos vinhos. Durante o passeio pude observar o interessante uso das enormes cubas de concreto ovaladas para a fermentação do vinho. Um sistema especial de refrigeração instalado nas paredes do concreto proporciona um resfriamento eficiente e controlado. Além disso, segundo Antonini, o concreto beneficia mais a microbiologia, o que é ideal para as leveduras naturais.

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Recepção com Natália Castiglione

Outra linha de conduta curiosa é a utilização dos barris de carvalho sem tosta cuja finalidade é não interferir nas características naturais da fruta durante o desenvolvimento do vinho. Adotam também o uso de barris de carvalho francês maiores de 5000 litros, onde os vinhos evoluem. Todos esses cuidadosos detalhes, somados aos modernos equipamentos de vinificação importados, resultam nos belos vinhos cheios de personalidade da Garzón.

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Tanques de fermentação de concreto

Durante o percurso subterrâneo, foram degustados três vinhos:

1- Pinot Grigio 2018- Vinho de corpo leve, cheio de mineralidade e frutas brancas como pera, por exemplo.

2- Tannat de Corte 2018- Vinho que reúne a potência de sua uva principal, a Tannat, equilibrada com a Marselan, a Cabernet Franc e a Petit Verdot, resultando num paladar macio com ótima acidez. Bela combinação!

3- Tannat Reserva 2017- Vinho que representa a uva emblemática do Uruguai, fermenta em cubas de concreto de 15.000 litros, estagiando depois em barris de carvalho francês de 5000 litros por 6 a 12 meses. Em boca, apresenta frutos maduros, taninos ricos e aveludados e boa persistência.

De volta ao nível térreo da vinícola, dando sequência à visita, uma degustação harmonizada foi servida. Foram dois vinhos acompanhados de pães, torradas, patês e azeites Garzón:

1- Alvarinho Reserva 2018- Ícone dos vinhos brancos uruguaios, esse Alvarinho premiado exala aromas florais e de frutas brancas de caroço como pêssego; possui ótima acidez, notas minerais e boa persistência. Um vinho de grande frescor!

2- Marselan Reserva 2018- esse é um vinho elegante, com tanino os macios, muito fresco e frutado. Apresenta em seu conjunto notas minerais e mentoladas e um final longo.

É interessante observar aqui que os vinhos finos do Uruguai são denominados “Vinos de Calidad Preferente”, com a sigla VCP impressa obrigatoriamente em seus rótulos.

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Germán Bruzzone, enólogo da Bodega Garzón

Não poderia finalizar meu relato sem mencionar o restaurante gourmet instalado dentro da bodega e que tem como responsável o Chef argentino Francis Mallmann, o mestre do fogo e das brasas. Um local perfeito para encerrar nosso passeio.

Bodega Garzón

Ruta 9, km 175, Garzón, Maldonado, Uruguai.

Agendamento: reservas@experienciasgarzon.com

https://bodegagarzon.com/pt/turismo-experiencias-garzon/

Importadora no Brasil: World Wine

https://www.worldwine.com.br/bodega-garzon?gclid=EAIaIQobChMI3qqF5sfL5gIVk4KRCh0ORghbEAAYASAAEgIfffD_BwE

Maria Uzêda

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PARTE 1: A História

Em minha recente viagem ao Uruguai, tive a oportunidade de visitar a bodega Garzón, um programa imperdível para quem é apaixonado por vinhos. Para chegar lá, saindo de Punta Del Leste, tive que enfrentar 60 km de estrada. Boa parte dela é de chão batido, mas a paisagem é um deleite.

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Uma fascinante história envolve a criação dessa espetacular bodega. A Garzón foi fundada pelo bilionário argentino Alejandro Bulgheroni que, inicialmente, buscava realizar um sonho de família em possuir uma casa de campo no Uruguai. Assim, em 2006, elegeu o povoado de Garzón para se instalar e, como bom investidor, acabou abrindo uma empresa de alimentos, a Agroland, que até hoje centraliza os negócios da família na região. Dentre suas primeiras atividades agrícolas destacam-se os olivais que deram origem aos premiados azeites, reconhecidos internacionalmente como os melhores azeites elaborados fora da Europa.

Após a constatação do potencial do terreno para a viticultura, a partir de 2008 foram plantados os primeiros vinhedos. As ações vitivinícolas começaram então a se concretizar rapidamente. Bulgheroni logo formou uma seleta equipe de profissionais da área enológica que o auxiliaram a tocar seu empreendimento adiante. Desde então, Alejandro Bulgheroni conta com a assessoria do experiente florentino Alberto Antonini, com a atuação criteriosa do Enólogo uruguaio Germán Bruzzone e com a supervisão de Christian Wylie, “general manager” da vinícola.

Garzon

Em 2012, deu-se início à construção da sede da vinícola que foi inaugurada em março de 2016. O projeto milionário e arrojado, assinado pelo escritório de arquitetura “Bórmida & Yanzón” de Mendoza, levou a Garzón a ser eleita em 2018 pela renomada revista “Wine Enthusiast”, a melhor vinícola do Novo Mundo. O aproveitamento inteligente do material encontrado na região e a geografia natural do terreno entraram na composição da estrutura do prédio. Com ambientes de muito bom gosto e extremo requinte, a Garzón impressiona qualquer visitante. A natureza tão bem integrada à construção e vice-versa, dá a impressão de que Deus criou o mundo assim. Uma obra fantástica.

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Com uma localização privilegiada, a 18 km do oceano, na Garzón tudo conspira para o saudável crescimento dos vinhedos. O solo granítico com camada superficial basáltica proporciona uma excepcional drenagem, e a proximidade do Atlântico garante a boa amplitude térmica. Em entrevista concedida pelo enólogo Germán Bruzzone, ele me afirmou que a qualidade do solo aliada à brisa do mar e à biodiversidade do local são condições fundamentais que possibilitam o sucesso do empreendimento.

A técnica incomum de plantio adotada por Antonini consiste na distribuição dos vinhedos em pequenos lotes que formam um verdadeiro mosaico, visando ao melhor aproveitamento de cada “terroir” de acordo com as características de cada variedade de uva. Ao todo são cultivados na propriedade 17 tipos de uva, sendo a Tannat e a Alvarinho as castas principais.

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No próximo capítulo, levaremos nossos leitores a um passeio pelo interior desse fabuloso projeto vinícola. Não percam!

Maria Uzêda.

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Tradicionalmente os vinhos são classificados quanto à coloração em Tintos, Brancos e Rosés. Agora podemos também encontrar o vinho Laranja e o vinho Azul. Tudo vai depender do tipo de uva, do método usado e das antocianinas presentes no vinho. Só para lembrar, antocianinas são pigmentos existentes nas flores, frutas e folhas, e que são responsáveis pela coloração vermelho alaranjado, vermelho vivo, roxo ou azul.

No Sul do Brasil, na região da Serra Gaúcha, a vinícola Era dos Ventos vem produzindo um belo vinho laranja que foi inclusive citado no Guia Descorchados de 2018, recebendo 92 pontos na safra de 2011 e 94 pontos na safra de 2014. O enólogo e proprietário Luís Henrique Zanini, juntamente com seus dois sócios, Álvaro Escher e Pedro Hermeto, desenvolve um interessante projeto que resgata antigas cepas trazidas pelos imigrantes italianos no começo do século XX. Uma delas é a uva branca chamada Peverella que, comercialmente, foi deixada de lado, chegando quase à extinção na década de 70. E é com essa uva branca que tem sido elaborado o vinho laranja dessa vinícola.

O nome Peverella deriva do italiano “pevero” que significa pimenta. Curiosamente, quanto mais madura essa uva, mais pintadinhas ficam suas cascas, parecendo salpicadas de pimenta.

As uvas provenientes de velhos vinhedos localizados na zona de Caminhos de Pedra, na Serra Gaúcha, são trabalhadas pela vinícola com menos intervenção possível do homem, fermentadas com as cascas por um tempo de maceração mais prolongado (cerca de duas semanas), o que dá origem à coloração característica alaranjada. Por isso, a Peverella precisa de um tempo maior para amadurecer bem e ficar mais amarelada e menos verde ao ser colhida, a fim de transferir coloração para o mosto durante a maceração.

Quando degustado, o vinho “Peverella” mostra estrutura, notas de frutas cítricas, um toque de laranja confitada e taninos bem presentes. Sugere-se cinco anos de guarda.

Para harmonizar com o vinho laranja, aconselhamos um talharim na manteiga com creme leve finalizado com trufas, o cordeiro temperado da culinária árabe e a paella valenciana. Vale a pena experimentar!

O universo do vinho sempre foi cheio de nuances e tons, e com a valorização dos vinhos rosés, laranjas e azuis, o mundo fica mais colorido! Tim Tim!

Maria Uzêda

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Na semana passada participei de uma degustação promovida pela vinícola Norton em parceria com a Wine Brands. Foi uma agradável reunião com um grupo de amantes do vinho e a presença da diretora de exportações da Norton, Judith Bernal, que nos contou um pouco sobre a história dessa gigante e conhecida marca e nos apresentou alguns de seus principais rótulos.

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A história da Norton tem início em 1895 com um engenheiro britânico que estava na Argentina para a construção de uma estrada de ferro e se apaixonou por uma argentina. Ao longo dos anos, a vinícola passou por alguns proprietários, até que a família Swarowsky, austríaca, dona da famosa marca de cristais Swarowsky, adquiriu a propriedade.

A Norton tem hoje cinco vinhedos nos principais terroirs de Mendoza, localizados aos pés dos Andes. Judith conta que Mendoza é a principal região produtora de vinhos na Argentina, que com apenas 250mm de chuva por ano (considerada uma região quase desértica), muito sol e elevada amplitude térmica (oscilação de temperatura entre o dia e a noite), a tornam excelente para o cultivo de vinhas, permitindo aos produtores uma consistência bastante equilibrada para seus vinhos de safra para safra, o que não acontece em muitas regiões produtoras pelo mundo, como Bordeaux, por exemplo, que tem condições climáticas bastante instáveis.

Não somente o terroir aporta grande influência à qualidade de seus vinhos, mas a idade dos vinhedos, com uma média de 30 anos, sendo que o mais antigo tem 80, o que confere grande concentração de aromas e sabores e estrutura a seus vinhos.

BODEGAS-NORTON-VIÑEDOS-VINEYARDS-ARGENTINA

Com exportação para mais de 60 países, a Norton é hoje considerada a quinta vinícola argentina mais importante do mundo, atrás de marcas como Trapiche (Peñaflor), Catena, Trivento (Concha y Toro) e Zuccardi.

Judith conta que visitar a propriedade é uma experiência imperdível para enófilos de todos os perfis e idades. Sua estrutura turística abrange desde visitações com degustação, até a experiência de enólogo por um dia que permite ao visitante fazer seu próprio vinho, além de aulas de gastronomia local, participação na colheita, almoço ou jantar no restaurante La Vid, considerado um dos melhores da região, dentre outras atividades.

Os vinhos que degustamos nessa noite foram:

Norton Reserva Syrah 2014

Mendoza, Luján de Cuyo

12 meses de maturação em barris de carvalho francês

Rubi intenso com aromas de amoras negras maduras, figos secos, chocolate e especiarias. Em boca, elevada acidez, corpo médio e taninos firmes.

R$93,00

Norton Reserva Malbec 2014

Mendoza, Luján de Cuyo

12 meses de maturação em barris de carvalho francês

De coloração púrpura, apresenta aromas de ameixa, violeta, especiarias e tabaco. Em boca, acidez média, corpo médio, taninos macios, fácil e frutado.

R$93,00

Perdriel Series Malbec 2014

Mendoza, Luján de Cuyo

12 meses de maturação em barris de carvalho francês

De coloração rubi com reflexos púrpura, apresenta aromas de frutos negros maduros, violeta, especiarias e tabaco. Em boca, elevada acidez, bom corpo e taninos marcantes.

R$105,00

Perdriel Series Cabernet Sauvignon 2014

Mendoza, Luján de Cuyo

12 meses de maturação em barris de carvalho francês

De coloração rubi profundo, apresenta aromas de fruta vermelha madura, cassis e notas de baunilha e mentol. Em boca, corpo médio, boa acidez, taninos finos e marcantes.

R$105,00

NORTON-PRIVADO-SIGNATURE-WINEMAKING-ARGENTINANorton Privado 2014, Malbec, Merlot, Cabernet Sauvignon

Mendoza, Luján de Cuyo

16 meses de maturação em barris de carvalho francês

Feito ao estilo bordalês, este é o vinho assinatura da família e levou 97 pontos pela avaliação da revista Decanter. De coloração rubi intenso, apresenta aromas de frutas vermelhas e negras maduras, especiarias, tabaco e café. Em boca, encorpado, com taninos finos e marcantes, acidez equilibrada e ótima persistência.

R$204,00

Mais informações sobre a vinícola Norton e seu importador nos sites abaixo:

https://www.norton.com.ar/home/

https://www.winebrands.com.br/

Um brinde,

Cristina A. Prado.

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Continuando meu relato sobre as vinícolas do Oregon, trago aqui mais duas sugestões imperdíveis:

“Trisaetum”:

trisaetum-oregon-enoturismoFundada em 2003 por Andrea e James Frey, essa vinícola é especializada na produção de Rieslings e Pinot Noirs. O nome Trisaetum deriva dos nomes dos dois filhos do casal: Tristen e Tatum. Esta é mais uma empresa familiar instalada no coração do vale de Willamette.

A Trisaetum utiliza uvas provenientes de seus vinhedos localizados em diferentes áreas viticulturais (AVAs): Yamhill-Carlton, Ribon Ridge e Dundee Hill. Em sua linha de produção estão os brancos “Trisaetum Riesling” e os tintos “Trisaetum Pinot Noir”, estes elaborados com uvas de diferentes vinhedos e envelhecidos em barris de carvalho em cave subterrânea por 12 a 20 meses antes de engarrafar. Há também os Pinot Noirs da “Trisaetum Artist Series”, uma coleção de edição limitada com rótulos especialmente desenhados a cada ano pelo próprio enólogo, proprietário e artista, James Frey.

James é artista plástico e imprime sua arte com paixão nos vinhos que produz, deixando sua marca pessoal. O visitante que chega na sala de degustação se surpreende ao ver que está dentro de uma Galeria de Arte. Isso mesmo, a sala de degustação fica dentro da bela galeria onde estão expostos os trabalhos de James. Devo dizer que a experiência aí é inusitada e encantadora!

A Trisaetum produz também uma caprichosa linha de espumantes feitos pelo método Champenoise.

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A sala de degustação é aberta ao público, mas se preferir, eles oferecem degustação privada, com harmonização de queijos e frios, que requer agendamento com 48 horas de antecedência e custa 60 dólares. Contatos podem ser feitos pelo e-mail alice.ingraham@trisaetum.com, ou pelo site www.trisaetum.com

“Rex Hill”:

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Essa vinícola entrou na minha lista de visitação por acaso. Folheando um jornal de circulação local, fiquei sabendo que a Rex Hill tinha sido premiada recentemente pela revista americana The Wine Advocate encabeçada pelo famoso crítico de vinhos Robert Parker. O prêmio reconhece a Rex Hill como uma das oito vinícolas extraordinárias da América.

A Rex Hill ficou conhecida pelos seus complexos e elegantes Pinot Noirs, no entanto, também produz sedutores brancos elaborados com Chardonnay, Riesling e Pinot Gris.

Fundada em 1982, foi adquirida em 2007 pela A to Z Wineworks que reduziu sua produção para focar somente em vinhos de alta qualidade, utilizando os princípios da biodinâmica em seus vinhedos.

Na agradável sala de degustação da Rex Hill, por 15 dólares você pode degustar 4 diferentes vinhos:

1- “Seven Soils Chardonnay 2015” – um vinho aromático, sedoso, com álcool bem integrado, resultante de passagem por barril de carvalho francês.

2- “Willamette Valley Pinot Noir 2014” – um blend de uvas de vários terroirs, é um vinho com boa fruta e taninos delicados.

3- “Shea Vineyard Pinot Noir 2014” – com 92 pontos da Wine Advocate, esse vinho apresenta mais corpo que o anterior, bem equilibrado, boa adstringência e final longo.

4- “Francis Tannahill Sundown 2013” – um inusitado blend de Grenache e Syrah provenientes do sul do Oregon; de coloração rubi intenso, com notas minerais e taninos robustos.

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Ao final da degustação, o simpático gerente Jonathan Lampe me serviu mais um rótulo: “Rex Hill Jacob-Heart Estate Vineyard Pinot Noir 2014”. Vinho de coloração rubi intenso, muito rico, cheio de frutos maduros, com bom corpo, notas tostadas, um toque terroso, bem estruturado e balanceado. Belo vinho!

Para saber mais acesse: www.rexhill.com

Finalizamos assim mais um relato de viagem em que demos uma pincelada sobre o encantador quadro vitivinícola do vale de Willamette, compartilhando com os amigos leitores experiências e dicas do mundo do vinho.

Maria Uzêda.

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Cruzando o estado do Oregon, pude visitar algumas vinícolas na região de Willamette que me impressionaram muito.

Domaine-Serene-Enoturismo-OregonA primeira delas foi a Domaine Serene. Instalada numa magnífica propriedade, essa linda vinícola abriga um clube, onde ocorrem eventos como casamentos, confrarias ou festas de empresas; a cantina, com moderno sistema de vinificação por gravidade; e uma sala de degustação ampla, cheia de mesas e um generoso balcão.

Os proprietários, o casal Ken e Grace Evenstad, são tão apaixonados pelos vinhos da Borgonha que, além da vinícola Domaine Serene, adquiriram um Château na região da Côte D’Or, e estão produzindo um Premier Cru com a assessoria de vinhateiros franceses. E o resultado é incrível: um Chardonnay Grand Cru do Oregon e um Chardonnay Premier Cru da Borgonha com muita semelhança entre eles, apenas um leve amargor no primeiro, mas ambos fabulosos!

A vinícola Domaine Serene tem também obtido um reconhecimento global com seus icônicos Pinot Noir. O “Evenstad Reserve Pinot Noir”, com 16 meses de envelhecimento em carvalho francês, é a bandeira da vinícola e define o padrão pelo qual são elaborados seus Pinots. Os aromas de cerejas negras, groselha e cravo preenchem a taça. Em boca mostra notas de frutos negros em compota, com taninos aveludados e final persistente. Maravilhoso!

Beaux-Freres-Oregon-Enoturismo“Beaux Frères” foi a segunda vinícola que visitei. Situada fora da estrada principal, essa vinícola é o que se poderia chamar de despretensiosa e rústica, caso não conhecêssemos sua brilhante reputação de vinhos de altíssima qualidade.

Em parceria com o famoso crítico de vinho Robert Parker, cunhado casado com sua irmã mais velha Patricia, o trabalho de Michael Etzel ganhou notoriedade em pouco tempo. No entanto, independente da conexão com Parker, devemos admitir que foi a qualidade dos seus vinhos que colocou Beaux Frères na vanguarda e no topo da lista de qualquer conhecedor de vinho, sendo considerada uma das melhores do Oregon. À propósito, o nome Beaux Frères, é uma alusão aos dois amigos, Parker e Etzel.

A sala de degustação era bastante modesta, bem diferente do elaborado estilo francês ou de moderna arquitetura contemporânea que a gente costuma ver nas vinícolas da Califórnia ou mesmo do Oregon. Fui recebida por Jillian Bradshaw com quem agendei minha visita por e-mail. Quatro rótulos foram apresentados: um Chardonnay inspirado nos brancos da Borgonha, e três tintos, todos Pinot Noir, de vinhedos diferentes, de solos e altitudes variadas. Destaco aqui o “Beaux Frères, The Beaux Frères Vineyard 2015” e o “Beaux Frères, The Upper Terrace 2015”. O primeiro, uma joia rubi em taça, com vibrantes camadas de frutas vermelhas, especiarias e terra molhada que se transformam em sedosa textura na boca; intrigante e refinado mesmo em sua juventude, esse vinho promete muita complexidade e longa guarda. O segundo, com aromas de geleia de frutos vermelhos e expansiva complexidade que, momentos depois, torna-se exuberante; apresenta taninos ricos e aveludados e final longo; uma fascinante aventura engarrafada!

Como podem ver, cada vinícola tem suas características próprias e suas peculiares histórias, mas um ponto comum as identifica: a persistente paixão pelo estilo “Borgonhês”.

Não percam, no próximo post, mais relatos sobre as incríveis vinícolas do Oregon.

Para saber mais ou agendar visita, acesse:

www.domaineserene.com

www.beauxfreres.com

Maria Uzêda.

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