A maior parte das garrafas de vinho é fechada com rolhas de cortiça, um material vegetal, compacto e elástico, proveniente do sobreiro, que é cultivado principalmente em Portugal, na Espanha e no norte da África.
O sobreiro é uma árvore que cria, ao longo dos anos, uma casca espessa de cortiça. Essa casca é retirada em placas para a produção de rolha e o sobreiro tem a propriedade de recriar essa casca nos anos seguintes.
A cortiça não tem cheiro, nem sabor e apresenta grande poder de vedação, elasticidade e resistência. As melhores rolhas de cortiça são lisas e contínuas e apresentam-se sem quase nenhuma perfuração. Enquanto as de qualidade inferior apresentam buracos ou são feitas de material aglomerado, compostas de restos de cortiça colados que apresentam o risco de esfarelar ao se abrir uma garrafa.
Estima-se que 2 a 5% de todas as garrafas produzidas no mundo são perdidas por uma contaminação que a rolha de cortiça pode transferir ao vinho. É conhecida como doença da rolha ou “bouchonée”, caracterizada por um odor que lembra bolor ou pano molhado e deixa o vinho com um sabor desagradável. Essa contaminação acontece quando um fungo chamado armillaria mellea aparece na cortiça e o produto de seu metabolismo combinado com as moléculas do cloro usado na higienização da placa forma o TCA. O vinho contaminado fica sem condições de ser bebido, além de acabar causando uma má impressão para o seu consumidor.
Pensando nesse tipo de problema e no fato da cortiça ser um recurso esgotável, introduziram-se no mercado, no início dos anos 90, as rolhas sintéticas, que são feitas de material termoplástico resistente e de baixo custo, têm excelente poder de vedação e não reagem com o vinho. As rolhas sintéticas tiveram uma boa aceitação e tem-se mostrado apropriadas para vinhos jovens e frescos que não devem ser guardados por muito tempo. Isso porque o material da rolha com o passar do tempo adere ao vidro e sua extração torna-se bastante difícil.
Outra alternativa mais recente é a tampa com vedação estilo “screw cap” ou rosca. Utilizada inicialmente em garrafas miniatura, tem sido usada cada vez mais em função de sua praticidade, custo e higiene. Mas apesar de parecer uma excelente solução, o screwcap sofre um problema um pouco mais profundo: a quebra do ritual do vinho. Imagine selecionar um vinho especial para uma comemoração e abrir a garrafa como se estivesse abrindo uma garrafa de água ou cerveja. O entusiasmo, a elegância e a emoção do momento de celebração seriam o mesmo? O que você pensa sobre as novas alternativas de vedação?
Fonte: Vinhos, O Essencial; José Ivan Santos e http://ivikamaral.blogspot.com
Somente para esclarecer, que sua fonte está enganada sobre a origem da contaminação da rolha que resulta no desagradável bouchonée. Essa contaminação é de origem fúngica e não química, como sugere o autor do livro. O fungo se desenvolve na placa de cortiça durante o processo de secagem, caso ela não esteja bem acondicionada. Uma vez aí, o composto produzido pelo fungo, o TCA, ou Tricloroanisol, não pode mais ser retirado da cortiça. Como sua identificação diretamente na cortiça é praticamente impossível, sua ação vai aparecer no vinho, depois de arrolhado e conservado por um bom tempo em contato com a rolha.
Ola Luciano, tudo bem? Obrigada pela correção, vou pesquisar em outras fontes o assunto e corrigir o post. Continue participando do blog e deixando a sua opinião. Um abraço.
Corrigido! Um abraço.
No natal de 2009, durante uma de suas degustações, Alessandro Garcia, Sidney Garcia e Claudio Frazão (Respectivamente), incentivados pelos presentes, tiveram a ideia de criar uma instituição para defender, cuidar e discutir os assuntos relacionados as rolhas, em especial as tradicionais rolhas de cortiça cuja fabricação tem sido ameaçada, pela crescente substituição por rolhas de plástico, em decorrência do intitulado desenvolvimento sustentável com a preservação da natureza. Mas como aceitar essa substituição com sensível prejuízo ao sabor do vinho e suas tradições? Então, por que não reciclar as rolhas de cortiça. Seria esse o caminho? Então se instituiu a ONG DA ROLHA – Ano I.
http://ongdarolha.webnode.com.pt/
http://www.brasilviaweb.com.br/a/ong-da-rolha
http://ongdarolha.blogspot.com
Acho que em todas as áreas haverão assuntos polêmicos, que se norteiam principalmente pela discussão entre a inovação/tecnologia versus tradição/cultura. O modo de vedação de uma garrafa de vinho, seja com rolha de cortiça, sintética, screw cap e agora com uma inovação ainda maior com a inserção das embalagens Tetra Pak, no fundo acaba contribuindo para a difusão do gostoso e saudável ato de beber vinho, e acaba indiretamente contribuindo para o interesse das pessoas em relação ao mesmo. Acho que toda discussão, que acaba virando uma polêmica, pode contribuir para um bem maior, pois trás mais visibilidade e interesse a determinado tema. Não há necessidade de haver concordância, mas sempre há necessidade de discussão.
Um abraço Cris, e parabéns pelo Blog!
As screw cap tem tido excelente resultados em mercados maduros. Se você pensa no vinho num grande vinho que merece uma guarda e depende da micro-oxigenação que a rolha de cortiça de boa qualidade permite. Nem a Screw Cap nem a sintética servem para o caso. Mesmo perdendo o charme de usar um saca-rolha, entre a screw cap e a briga nada elegante com a garrafa que certas rolhas sintéticas exigem, fico com a screw, que estão tendo muita aceitação na inglaterra, eua e outros países fortes consumidores de vinho.
Por outro lado são bem mais fáceis e seguiras de abrir, incentivando o consumo de vinho pelas mulheres que comummente não se dão lá muito bem com saca-rolha. E aqui deixo uma experiência de uma amigo.
Certa feita esse meu amigo foi a uma praia com sua então recém conhecida namorada, pensando em ter com ela um romântico encontro levou um vinho. Não era um vinhaço que precisa-se de rolha para maturação.
Ideia perfeita, nada melhor que um vinho para abrilhantar um encontro a dois. Mas eis que meu amigo se esquece do bendito sacarrolha. Sem parafuso a mão, para enroscar e puxar, estilo sacarrolha de Magaiver. Sem outra opção melhor, joão, vendo que a rolha não tinha como sair tenta fazer o processo inverso, empurrar a dito-cuja, o que permitiria a saída do liquido. Com uma ferramenta ponte-aguda que tinham por lá, empurra de cá, força de lá, e eis que o gargalo da garrafa se rompe e meu amigo crava sua munheca punho na boca da garrafa. Tendões, nervos e artérias são cortados, corre-se para o hospital, por sorte nesse dia encontram o melhor médico especialista em mãos da região na cidade. Uma cirurgia bem sucedida em que meu amigo recupera 97% dos movimentos. Mas em outros casos o desfecho poderia ser diferente inclusive perdendo perícia significativa da mão, e era justo sua mão de destreza. Pense duas vezes antes de escolher entre screw e um “rolha”, e leve sempre um bom sacarolha consigo.
Abraços,
Oi! Eu tenho uma dúvida: você acha que uma rolha aprodeceria quando exposta a muita umidade, como por exemplo num terrário fechado de plantas?
Obrigada!
Oi Ana Paula, tudo bem? Acredito que não. Lembro que os grandes vinhos que amadurecem em garrafa nas vinícolas são armazenados geralmente nos subsolos com bastante umidade. Um abraço.