Existem inúmeros tipos de uvas utilizadas para a elaboração dos principais vinhos do mundo, as chamadas uvas viníferas. Divididas em tintas ou brancas, cada qual possui características próprias que as diferenciam umas das outras. Algumas, como já foi dito no artigo postado neste blog em 12 de maio, são emblemáticas de uma determinada região, mas podem ser cultivadas em outras partes do mundo com bom resultado. Muitas vezes, no entanto, uma mesma variedade de uva pode dar vinhos com características diferentes, como coloração e aroma, dependendo do clima, do solo em que foi cultivada, do ano da safra e até mesmo do capricho do enólogo.
Na quarta edição da Confraria dos Amigos da ABS, o grupo enfrentou o desafio de degustar às cegas e avaliar vinhos de diferentes procedências, elaborados com a mesma uva: Pinot Noir.
A Pinot Noir é uma uva de pele fina, com pouco corante e relativamente pouco tanino. É uma varietal muito sensível às condições climáticas e reconhecidamente difícil e exigente. Por isso, vinhos produzidos com essa uva são dispendiosos em sua elaboração, o que geralmente reflete no seu preço final.
Com a Pinot Noir se produzem os grandes Borgonhas, como o Romanée Conti e o Chambertin por exemplo, e todos os tintos da sub região Côte D’Or. Ela entra também na elaboração dos Champagnes e espumantes. Apesar de sua origem francesa, a Pinot Noir tem sido cultivada em outros países como Estados Unidos, Nova Zelândia, Austrália e mais recentemente em países sul americanos como Chile, Argentina, Uruguai e Brasil.
Em nosso encontro, foram degustados quatro vinhos, todos 100% Pinot Noir, sendo dois deles da região de Borgonha, um Neozelandês e um do sul do Brasil. Estavam presentes os colegas Arlene Colucci (Gabinete de Comunicação, ABS), Matias, Rafael Porto (Expand, ABS), Kátia, Maria Uzêda (ABS), Cristina Xavier (SENAC e ABS), Fabio Brito e Gustavo Buara (ABS).
1. Nuits-Saint-Georges 2008, Borgonha, França
Grand Vin de Bourgogne, Chateau de Beaune, Côte D’Or
Características: vinho de coloração rubi com reflexos atijolados e um halo aquoso, sinalizando grau de evolução aromas de frutas maduras, doce em compota e baunilha; corpo médio com taninos marcantes e boa peristência.
Preço: $49,00
2. Vicar’s Choice 2010, Marlborough, Nova Zelândia
Saint Clair Family Estate, 13,5%
Características: vinho de coloração rubi intenso, com reflexos violáceos; aroma de frutas vermelhas, sutil couro e pimenta; em boca um vinho de corpo médio com leve adstringência e taninos suaves.
Preço: R$83,00 na Grand Cru.
3. Dádivas Pinot Noir 2010, Encruzilhada do Sul, Brasil
Lídio Carraro, 12,5%
Características: vinho de coloração rubi com reflexos atijolados; aromas de madeira verde, mate, chá preto e um fundo marcante de mel; um vinho de corpo médio, equilibrado e com taninos aveludados.
Preço: R$45,00, na vinícola.
4. Joseph Drouhin 2006, Bourgogne, França
Appellation Bourgogne Controlée, 12,5%
Características: coloração granada; leve aroma de fruta com fundo de resina; corpo delicado, leveza, pouca fruta, fácil de beber.
Preço: R$100,00.
Os vinhos degustados nos passaram a noção exata de como uma mesma uva pode resultar em vinhos tão variados, de acordo com a sua procedência. Surpreendeu-nos o vinho Neozelandês por sua agradável refrescência frutada e alegre e seus taninos macios, bem ao gosto do paladar brasileiro de modo geral. Surpreendeu-nos também o vinho nacional por sua fineza e elegância típicas da Borgonha, o que nos levou a confundí-lo com um autêntico francês. Quanto aos dois Borgonhas, o de safra mais recente mostrou bem toda a tipicidade da região, ao passo que o de safra mais antiga pareceu-nos estar esgotando toda sua fase de evolução, começando já a mostrar menos intensidade e a perder a sua fruta.
Saímos do encontro com a feliz sensação de termos desvendado um pouco mais sobre o maravilhoso e envolvente mundo do vinho.
Maria Uzêda.
AH finalmente um post no fim de semana, e que pude ler calmamente. vou até ler mais um. obs: tem um pinot, escrito erradinho.
HUmmmm… esse post me deixou com mais vontade de ir logo me especializar!! Esse final de semana tomei um vinho com os amigos, e é claro impossível não pensar em Cris e Maria!! Aqui no Rio as indicações estão aumentando de pessoas interessadas nesse blog. Bjos
[…] blogs que beberam esse vinho de outras safras: Sommelière, Vinho para Todos, Adega do Zboril, Prazeres do Vinho, […]