A região de vinhos do Vale dos Vinhedos e arredores revela sempre grandes experiências. Minha história com o mundo dos vinhos teve um marco importante por ali, há sete anos, quando estive a passeio e me descobri encantada com os sabores e poesias de cada produtor, cada parcela de vinhedos e cada nova garrafa aberta. Por isso, para mim, voltar à região traz sempre um bom sentimento. E a certeza de que novas descobertas estão por vir.
Desta vez estive na região de Pinto Bandeira, logo ao norte de Bento Gonçalves, mais conhecida como a região dos vinhos de montanha. Fui visitar a vinícola Geisse, antiga Cave de Amadeu. Já conhecia bem suas borbulhas de alguns eventos de vinho de que participei, além de saber dos importantes prêmios que receberam nos últimos anos, que deram um importante reconhecimento à qualidade de seus produtos. Alguns dizem que são os melhores espumantes que o Brasil já produziu. Eu prefiro não julgar o que dizem, mas posso sim contar a minha experiência.
Quem me recebeu foi o Sr. Carlos Abarzua, enólogo da casa, de origem Chilena, mas já com muitos anos de Brasil. Uma figura amável, que me recebeu muito bem e deixou clara a sensação de que para trabalhar com vinhos não basta entender muito do produto. É preciso gostar de pessoas e saber passar com o coração esse conhecimento e essa inexplicável paixão que é o mundo dos vinhos. E assim, Carlos me contou um pouco sobre a história da vinícola Geisse, de seu trabalho e de seus produtos.
Tudo começou quando o enólogo chileno Mario Geisse veio ao Brasil há mais de trinta anos para dirigir a Chandon do Brasil, no Rio Grande do Sul, e viu no terroir da região um potencial interessante para a produção de espumantes. Logo, buscou terras que apresentassem as características desejadas para a produção de borbulhas do mais alto nível. E chegou a Pinto Bandeira, região de montanha que oferece boa amplitude térmica, solos pobres e com boa drenagem e com ventos constantes, que ajudam na sanidade das plantas. Mario Geisse, diretor técnico da Casa Silva, renomada vinícola chilena famosa por seus Pinot Noirs, fundou ali a vinícola Geisse poucos anos após se instalar no Brasil.
Desde sua criação, Geisse buscou utilizar em sua vinícola métodos pouco difundidos ou quase inexistentes no Brasil na ocasião, como a condução das videiras por espaldeiras, a vinificação por gravidade ou mesmo a produção de suas borbulhas pelo método champegnoise. Ainda hoje, atento às novidades do mercado, Geisse e sua equipe preocupam-se em utilizar métodos e tecnologias inovadoras que dão certo. A novidade mais recente é uma máquina utilizada nos vinhedos com um sistema de ar quente que atua no controle de pragas. Esse sistema foi desenvolvido no Chile e tem mostrado excelentes resultados. A máquina é passada periodicamente por entre as parreiras e sabe-se que, quando a videira é impactada pelo forte jato de ar quente, ela libera uma substância protetora que a fortalece, protegendo-a do ataque de pragas. Além disso, nota-se que o sistema tem proporcionado outros benefícios, tais como o fortalecimento da planta, com folhas mais verdes e resistentes, até uma concentração maior do resveratrol, substância encontrada na casca da uva que fornece benefícios à saúde. Por esses e outros motivos, a vinícola Geisse denomina-se ecologicamente correta, mostrando uma preocupação com a saúde das videiras e da manutenção do meio ambiente.
Em minha visita tive a oportunidade de conhecer a cantina da vinícola Geisse em pleno funcionamento, com os tanques cheios e aquele aroma característico de fermentação. O Sr. Carlos me serviu uma taça de seu chardonnay direto do tanque, recém fermentado, apenas aguardando sua estabilização, que mostrou uma riqueza de aromas e acidez marcante. De lá, seguimos para um mirante no alto da propriedade, onde pude apreciar todas as parcelas da vinícola Geisse e sentir no rosto os ventos constantes da região de montanha. Por fim, uma parada na área destinada a eventos para degustação dos produtos tops da casa.
Cave Geisse Brut 2008, Pinto Bandeira, RS
70% Chardonnay, 30% Pinot Noir – 12,5%, 2 anos de autólise
Com perlage abundante e persistente, aromas intensos de fermento, frutas secas e notas tostadas, o espumante apresenta acidez equilibrada, boa persistência e estrutura em boca.
Preço: R$49,00
Cave Geisse Nature 2009, Pinto Bandeira, RS
70% Chardonnay, 30% Pinot Noir – 12,5%, 2 anos de autólise
Perlage abundante, com aromas delicados de frutas secas, leveduras e notas cítricas. O espumante surpreende por sua elegância e equilíbrio.
Preço: R$49,00
Cave Geisse Rosé Brut 2006, Pinto Bandeira, RS
100% Pinot Noir – 12,5%, 3 anos de autólise
Perlage abundante e persistente, coloração rosada e aromas de morangos, frutas vermelhas e notas tostadas. O espumante tem uma característica diferente dos demais produtos da casa – uma rápida passagem por barrica. Elegante, com boa acidez e boa persistência.
Preço: R$82,00
Cave Geisse Terroir Nature 2006, Pinto Bandeira, RS
62% Chardonnay, 38% Pinot Noir – 12,5%, 3 anos de autólise
Perlage abundante e persistente, com aromas de damascos, frutas brancas, fermento e notas florais. Possui bom corpo e cremosidade, boa acidez e ótima persistência.
Preço: R$82,00
Hoje a vinícola Geisse produz anualmente 170 mil garrafas e seus produtos podem ser encontrados principalmente em empórios e restaurantes. Também exportam para alguns países como Estados Unidos, Inglaterra e Bélgica, apesar de não ser o seu foco. O sucesso da vinícola Geisse certamente vem de muito trabalho, dedicação e paixão aos vinhedos e à produção.
O Sr. Carlos conta que trabalham em busca da perfeição e que o objetivo da vinícola Geisse é se tornar o melhor produto da América do Sul. E deixa o convite para que os apaixonados pelo vinho não percam a oportunidade de visitar a região que está em pleno crescimento e claro, conhecer a vinícola Geisse e seus produtos, que apaixonam naturalmente.
Assim encerrei minha visita com mais uma grande experiência e o sentimento de que os produtos nacionais cada vez mais surpreendem. E que a vinícola Geisse, com as suas borbulhas, é digna do topo da lista.
Conheça: www.vinicolageisse.com.br
Onde encontrar: www.vinhosevinhos.com.br e www.vinhosnet.com.br
Cris, os espumantes da Cave Geisse são, para mim, os melhores nacionais há alguns anos. Algumas safras são melhores que outras, mas, no geral, pouca coisa no Brasil alcança esse padrão de qualidade entre os espumantes brancos – os rosés não me agradaram tanto.
O “Terroir” é fantástico, pena que custa um pouco caro… Nessa faixa de preço entram as Cavas, alguns bons espumantes portugueses e outras coisas que disputam espaço com certa vantagem.
Outro lugar onde é possível encontrar espumantes da Cave Geisse a bons preços é na Saint Vin Saint (www.saintvinsaint.com.br), na Vila Olímpia. pelo menos foi onde fiz minha compra mais recente (dezembro). Paguem menos de R$ 50.
Abraço!
Onde escrevi “paguem”, no final do comentário, leia “paguei”. Não é uma ordem, não (rs).
Atualmente, eu gosto de beber vinhos por ve1rias razf5es – ne3o nesstcariamenee nesta ordem:- porque uma refeie7e3o com vinho sempre se torna mais especial;- pela reunie3o/encontro/confraternizae7e3o que um almoe7o/jantar acompanhado por vinho proporciona. Muitas vezes, o vinho nem e9 te3o saboroso assim, mas acaba ficando bom pelo momento agrade1vel;- pelas surpresas que uma garrafa de vinho pode proporcionar. Deixo claro que nem sempre se3o boas, mas ne3o he1 como negar que se3o sempre interessantes;- pelas sensae7f5es, novos aromas, novos sabores que imprimem a nossas vidas.E por aed vai.Obrigada a todos pelos comente1rios.Abrae7os.Rafaela
Parabéns pela matéria Cris!
Beijos.
esses espumantes tá sem duvida se consolidando no mercado em sp,mas ainda falta mais trabalho de divulgaçao para o consumidor final.