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Archive for the ‘Enoturismo’ Category

Fundada em 1963, a Fundação Eugênio de Almeida (“F.E.A.”) é uma instituição auto-sustentável sem fins lucrativos. Ela administra projetos que visam ao desenvolvimento social, cultural e técnico da região de Évora. Em suas propriedades, explora as culturas arvenses, a pecuária, silvicultura e a viticultura. A produção vinícola é realizada na Adega Cartuxa e financia todos os outros projetos.

 adega cartuxaHoje em dia, o antigo posto jesuíta, onde já em 1776 funcionava um importante lagar de vinho, recebe visitantes enófilos do mundo inteiro para as degustações que devem ser agendadas com antecedência e variam da mais simples à mais refinada.

 Conduzidos pela guia credenciada pela F.E.A., Ana Santos, a visita inclui dois vídeos exibidos em diferentes momentos, um passeio pelas salas e corredores um dia habitados pelos monges cartuxos, uma experimentação aromática e, por fim, a degustação em si. Enquanto vamos atravessando corredores ladeados por grandes tonéis de carvalho (ainda usados pela empresa) e salas que guardam antigas instalações vinícolas como as ânforas argelinas e as imensas cubas de concreto revestidas de resina (testemunho de um passado recente), ouvimos as explanações da Ana, tendo de fundo o som celestial do canto gregoriano.

 degustacao olfativaA originalidade da visita surge no momento por eles denominado de “experiência aromática”, que eu chamaria de “degustação olfativa”. Fizemos aí uma parada diante de um painel contendo fotos das principais uvas por eles cultivadas e seus respectivos aromas apresentados em essências elaboradas pela própria empresa. Foi uma prazerosa brincadeira em que íamos descobrindo toda a complexidade aromática de uvas como a Trincadeira, a Aragonez, a Castelão, Antão Vaz e a Alicante Bouchet.

 O Pêra-Manca tinto é o vinho mais caro produzido pela F.E.A. na Adega Cartuxa. É feito somente nos anos de boa safra, atendendo a um elevado grau de exigência na qualificação das colheitas que precisam ser de qualidade exepcional. O primeiro Pêra-Manca tinto da F.E.A. foi produzido em 1990. De lá para cá, em 21 anos, foram produzidos apenas 10 safras do Pêra-Manca. Por aí se entende por que é bem difícil ser encontrado e por que seu preço é diferenciado na categoria. O Pêra-Manca branco é também muito bom, porém, não goza do mesmo prestígio.

 A F.E.A. produz ainda, os vinhos da linha “Cartuxa”, o Scala Caeli (de produção muito pequena, feito todos os anos com as melhores castas da safra que não sejam típicas do Alentejo) e o E.A., muito popular aqui no Brasil. Todos, vinhos de qualidade respeitável.

 Ao final da visita, a degustação dos vinhos (Pêra-Manca tinto e branco) simpaticamente acompanhada de pãozinho, fatias de queijo de cabra, fatias de “enchido” (embutidos), água e provas de seus três azeites (o “Álamos”, o “Cartuxa” e o “E.A.”).

 Avaliação dos vinhos:

vinho português pera manca 1. Pêra-Manca branco, safra 2009

Castas: Antão Vaz e Arinto

Teor alcoólico: 13,5% vol.

Região: Évora-Alentejo

De coloração amerelo-ouro claro, límpido e brilhante, o vinho liberava intensos aromas de frutas exóticas e mel; em boca, seco, um toque amanteigado e notas de amêndoas, revelando bom corpo, acidez extremamente agradável e final persistente.

 2. Pêra-Manca tinto, safra 2007

Castas: Tricadeira e Aragonez

Teor alcoólico: 14%

Região : Évora-Alentejo

Com intensa coloração rubi escuro, aroma de frutos negros maduros, toque de madeira, em boca, seco, os frutos maduros, notas de especiarias, bom corpo, estrutura balanceada, revelando taninos delicados e final de longa persistência.

 Não poderíamos deixar de tecer aqui um breve comentário sobre os azeites apresentados:

1.  “Álamos” – elaborado com dois tipos de oliva, é utilizado de várias maneiras: cozinhar, assar, temperar; bem versátil e saboroso.

2. “E.A.” – utilizado em pratos mais pesados, como carnes vermelhas, é um azeite forte e picante.

3. “Cartuxa” – elaborado com um único tipo de oliva, é delicado e suave; ultizado para saladas, peixes cozidos e massas frias.

 O nome Pêra-Manca é uma curiosidade à parte. Conta-se que deriva do toponímico “pedra-manca”ou “pedra oscilante”- uma formação granítica de blocos arrendondados em desequilíbrio sobre rocha firme.

 Visitar a Adega Cartuxa foi uma experiência inesquecível que nos permitiu compartilhar da generosidade alentejana e da história de um grande vinho.

 Maria Uzêda

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A região de vinhos do Vale dos Vinhedos e arredores revela sempre grandes experiências. Minha história com o mundo dos vinhos teve um marco importante por ali, há sete anos, quando estive a passeio e me descobri encantada com os sabores e poesias de cada produtor, cada parcela de vinhedos e cada nova garrafa aberta. Por isso, para mim, voltar à região traz sempre um bom sentimento. E a certeza de que novas descobertas estão por vir.

vinhedos vinícola GeisseDesta vez estive na região de Pinto Bandeira, logo ao norte de Bento Gonçalves, mais conhecida como a região dos vinhos de montanha. Fui visitar a vinícola Geisse, antiga Cave de Amadeu. Já conhecia bem suas borbulhas de alguns eventos de vinho de que participei, além de saber dos importantes prêmios que receberam nos últimos anos, que deram um importante reconhecimento à qualidade de seus produtos. Alguns dizem que são os melhores espumantes que o Brasil já produziu. Eu prefiro não julgar o que dizem, mas posso sim contar a minha experiência.

Carlos Abarzua Cave GeisseQuem me recebeu foi o Sr. Carlos Abarzua, enólogo da casa, de origem Chilena, mas já com muitos anos de Brasil. Uma figura amável, que me recebeu muito bem e deixou clara a sensação de que para trabalhar com vinhos não basta entender muito do produto. É preciso gostar de pessoas e saber passar com o coração esse conhecimento e essa inexplicável paixão que é o mundo dos vinhos. E assim, Carlos me contou um pouco sobre a história da vinícola Geisse, de seu trabalho e de seus produtos.

Tudo começou quando o enólogo chileno Mario Geisse veio ao Brasil há mais de trinta anos para dirigir a Chandon do Brasil, no Rio Grande do Sul, e viu no terroir da região um potencial interessante para a produção de espumantes. Logo, buscou terras que apresentassem as características desejadas para a produção de borbulhas do mais alto nível. E chegou a Pinto Bandeira, região de montanha que oferece boa amplitude térmica, solos pobres e com boa drenagem e com ventos constantes, que ajudam na sanidade das plantas. Mario Geisse, diretor técnico da Casa Silva, renomada vinícola chilena famosa por seus Pinot Noirs, fundou ali a vinícola Geisse poucos anos após se instalar no Brasil.

garrafas em autólise no pupitre remuageDesde sua criação, Geisse buscou utilizar em sua vinícola métodos pouco difundidos ou quase inexistentes no Brasil na ocasião, como a condução das videiras por espaldeiras, a vinificação por gravidade ou mesmo a produção de suas borbulhas pelo método champegnoise. Ainda hoje, atento às novidades do mercado, Geisse e sua equipe preocupam-se em utilizar métodos e tecnologias inovadoras que dão certo. A novidade mais recente é uma máquina utilizada nos vinhedos com um sistema de ar quente que atua no controle de pragas. Esse sistema foi desenvolvido no Chile e tem mostrado excelentes resultados. A máquina é passada periodicamente por entre as parreiras e sabe-se que, quando a videira é impactada pelo forte jato de ar quente, ela libera uma substância protetora que a fortalece, protegendo-a do ataque de pragas. Além disso, nota-se que o sistema tem proporcionado outros benefícios, tais como o fortalecimento da planta, com folhas mais verdes e resistentes, até uma concentração maior do resveratrol, substância encontrada na casca da uva que fornece benefícios à saúde. Por esses e outros motivos, a vinícola Geisse denomina-se ecologicamente correta, mostrando uma preocupação com a saúde das videiras e da manutenção do meio ambiente.

cantina vinícola Geisse ChardonnayEm minha visita tive a oportunidade de conhecer a cantina da vinícola Geisse em pleno funcionamento, com os tanques cheios e aquele aroma característico de fermentação. O Sr. Carlos me serviu uma taça de seu chardonnay direto do tanque, recém fermentado, apenas aguardando sua estabilização, que mostrou uma riqueza de aromas e acidez marcante. De lá, seguimos para um mirante no alto da propriedade, onde pude apreciar todas as parcelas da vinícola Geisse e sentir no rosto os ventos constantes da região de montanha. Por fim, uma parada na área destinada a eventos para degustação dos produtos tops da casa.

Cave Geisse Brut 2008, Pinto Bandeira, RS

70% Chardonnay, 30% Pinot Noir – 12,5%, 2 anos de autólise

Com perlage abundante e persistente, aromas intensos de fermento, frutas secas e notas tostadas, o espumante apresenta acidez equilibrada, boa persistência e estrutura em boca.

Preço: R$49,00

Cave Geisse Nature 2009, Pinto Bandeira, RS

70% Chardonnay, 30% Pinot Noir – 12,5%, 2 anos de autólise

Perlage abundante, com aromas delicados de frutas secas, leveduras e notas cítricas. O espumante surpreende por sua elegância e equilíbrio.

Preço: R$49,00

Cave Geisse Rosé Brut 2006, Pinto Bandeira, RS

100% Pinot Noir – 12,5%, 3 anos de autólise

Perlage abundante e persistente, coloração rosada e aromas de morangos, frutas vermelhas e notas tostadas. O espumante tem uma característica diferente dos demais produtos da casa – uma rápida passagem por barrica. Elegante, com boa acidez e boa persistência.

Preço: R$82,00

Cave Geisse Terroir Nature 2006, Pinto Bandeira, RS

62% Chardonnay, 38% Pinot Noir – 12,5%, 3 anos de autólise

Perlage abundante e persistente, com aromas de damascos, frutas brancas, fermento e notas florais. Possui bom corpo e cremosidade, boa acidez e ótima persistência.

Preço: R$82,00

espumantes Cave GeisseHoje a vinícola Geisse produz anualmente 170 mil garrafas e seus produtos podem ser encontrados principalmente em empórios e restaurantes. Também exportam para alguns países como Estados Unidos, Inglaterra e Bélgica, apesar de não ser o seu foco. O sucesso da vinícola Geisse certamente vem de muito trabalho, dedicação e paixão aos vinhedos e à produção.

O Sr. Carlos conta que trabalham em busca da perfeição e que o objetivo da vinícola Geisse é se tornar o melhor produto da América do Sul. E deixa o convite para que os apaixonados pelo vinho não percam a oportunidade de visitar a região que está em pleno crescimento e claro, conhecer a vinícola Geisse e seus produtos, que apaixonam naturalmente.

Assim encerrei minha visita com mais uma grande experiência e o sentimento de que os produtos nacionais cada vez mais surpreendem. E que a vinícola Geisse, com as suas borbulhas, é digna do topo da lista.

Conheça: www.vinicolageisse.com.br

Onde encontrar: www.vinhosevinhos.com.br e www.vinhosnet.com.br

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Existem algumas situações que acontecem em nossas vidas que são realmente impagáveis. E eu acredito, sinceramente, que quando mandamos uma energia para o mundo, ela volta para nós, nos surpreendendo com momentos quase inacreditáveis. No entanto, na correria do dia a dia, não nos permitimos canalizar essa energia e muitas vezes ela se perde ou é gasta em outras coisas de menor valor. Mas quando estamos em uma situação de descanso e relaxamento, nos abrimos para o cosmos e isso naturalmente acontece.

cachos-de-uvas-vinhos-tintos Quando estive na Califórnia em visita às vinícolas, fui muito bem assistida em quase todas elas. Afinal, os americanos são muito bons de serviço e turismo. Algumas me deram uma atenção mais especial, sabendo que sou profissional do meio, outras não ligaram tanto. E as visitas iam seguindo esse padrão, até que no último dia, visitando a Mondavi, recebi de nosso guia uma dica valiosíssima. Disse que tinha um grande amigo brasileiro, Marcelo, sommelier de uma vinícola chamada Quintessa, logo ali na região. Já tinha minha agenda toda programada para o dia, mas pensei que seria muito interessante se conseguisse uma visita com o brasileiro. Certamente um brasileiro morando nos Estados Unidos por sabe lá quanto tempo, me receberia muito bem. E assim mudei minha rota para ver se o encontrava na Quintessa.

Chegando lá, me perguntaram se eu tinha reserva e me informaram que as visitações estavam lotadas até as próximas semanas. Acabei deixando um bilhete para ele, me apresentando e avisando que voltaria mais tarde. Segui com minha agenda e retornei após o almoço, somente para descobrir que ainda não haviam entregado o bilhete. Confesso que por um instante pensei se valeria à pena insistir. Mas meu feeling me disse que sim. Fiquei esperando até que conseguissem resgatar o Marcelo por um rápido instante e ele, todo atrapalhado, me cumprimentou, pediu desculpas pela correria e perguntou se eu poderia voltar no fim do dia que ele me receberia com o maior prazer. Era tudo o que eu precisava escutar.

Retornei no fim do dia, quando a vinícola já começava a encerrar suas atividades. Marcelo apareceu com um jipe, abriu a porta e me convidou a entrar. E assim saímos para um passeio na vinícola.

vinícola-quintessa-vinhos-boutique A Quintessa foi fundada em 1989 por um casal de chilenos apaixonados por vinho na região de Rutherford, em Napa. Com 280 acres de extensão, uma diversidade geográfica, diferentes microclimas e tipos de solo, a propriedade tinha todo o potencial para produzir um vinho de criação singular. Assim, o casal iniciou um trabalho tendo em conta práticas agrícolas que mantivessem a saúde e vitalidade da propriedade, incluindo toda a sua fauna e flora. Hoje a vinícola segue os preceitos e técnicas da biodinâmica e produz vinhos que refletem as características de seu terroir.

Já havia lido e estudado sobre os conceitos da biodinâmica, mas essa foi minha primeira experiência em uma vinícola desse estilo e com uma filosofia tão bonita. A biodinâmica é uma prática que busca trabalhar as energias que criam e mantém a vida na propriedade. Isso significa tratar a propriedade como um organismo vivo, buscando um equilíbrio para a videira e para o solo através de um cultivo orgânico, do uso de preparos naturais como fertilizante e energizante e considerando o compasso dos ciclos naturais da terra e do cosmos.

recanto-vinícola-quintessa-harmonizações Conforme caminhava pela propriedade e ouvia as histórias do Marcelo, reparava em cada detalhe encantador desse organismo vivo. Borboletas voando ao redor das flores, um coelho saltitante passeando por entre as videiras e, acredite, um veado cruzando nosso caminho. “Daqui nada sai e nada entra”, me falou Marcelo. A propriedade é auto-sustentável. Não se utiliza tratores, pesticidas artificiais, nem aditivos químicos em seus vinhos e todo fertilizante ou pesticida é produzido ali mesmo, com elementos da própria natureza. A seleção das melhores uvas é feita manualmente e todo o processo de vinificação é feito por gravidade. As uvas são recebidas em um ponto mais alto e as etapas da vinificação acontecem verticalmente, até que o vinho descanse nas barricas, no ponto mais baixo da vinícola. Essa prática reduz o consumo de energia e a poluição do ambiente com maquinários.

Subimos e descemos morro, passamos por um lago, onde a proprietária Valéria construiu um pequeno templo de meditação chinês, passamos por um bosque e subimos novamente até o ponto mais alto da vinícola. Ali, a paisagem era estonteante e era possível ver uma boa parte da vinícola e suas parcelas. O recanto é utilizado para visitas especiais com harmonização de pratos locais com os vinhos da casa.

Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Petit Verdot e Carmenère são plantados e vinificados separadamente, por parcela, totalizando quase 100 vinhos diferentes que depois são combinados e transformam-se em um único vinho. Um trabalhão!

Depois de muitas histórias, dicas e descobertas, finalmente fomos à degustação:

Quintessa 2005, Rutherford, Napa

18 meses em barrica, 14,9%

Aromas intensos de frutas negras maduras com fundo de baunilha e toques de especiarias. Em boca, taninos elegantes, bom corpo e longa persistência.

Quintessa 2006, Rutherford, Napa

18 meses em barrica, 14,6%

Aromas de frutas negras com notas de café e baunilha. Em boca, taninos equilibrados, bom corpo e complexidade.

Quintessa 2007, Rutherford, Napa

19 meses em barrica, 14,6%

Aromas de frutas negras, notas de café e especiarias. Em boca, bom corpo, intensidade e taninos marcantes.

A experiência na Quintessa foi rica e única. Não somente foi uma visita com o calor aconchegante do Brasil ou que aguçou meus sentidos em cada gole com a expressão do terroir, mas foi também uma nova percepção da interação do ser humano com a natureza e o cosmos. Assim encerrei minha visita à região dos vinhos na Califórnia.

Saiba mais: http://www.quintessa.com

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“Uma refeição sem vinho é como um dia sem sol”.

Robert G. Mondavi
logo Robert Mondavi WineryQualquer apaixonado por vinhos que já tenha bebido um bom californiano certamente já ouviu falar em Robert Mondavi. Considerado um marco na história vinícola americana, Mondavi construiu um império e foi responsável por importantes inovações que viriam a colocar os Estados Unidos no mapa vinícola mundial e elevar o Novo Mundo à categoria de produtor de grandes vinhos.

A história da família Mondavi tem início com Cesare Mondavi, que vindo da Itália na época da Lei Seca americana, comprou terras na Califórnia para plantar e vender uvas. Com o fim da Lei Seca, comprou uma pequena vinícola em Napa e passou a fazer vinho de garrafão. Seus filhos, Robert e Peter viriam a trabalhar com o pai nos negócios da família.

Naquela época, o mercado de vinhos de garrafão era dominado pelas grandes vinícolas, como a Gallo, por exemplo. E não era um mercado lucrativo para as pequenas vinícolas. Foi quando a família comprou uma vinícola antiga chamada Krug, que foi totalmente renovada.

Sede Vinícola Robert MondaviCom o falecimento do pai, Robert e seu irmão começaram a divergir sobre o futuro da vinícola. Robert queria investir na produção de vinhos de alta qualidade, enquanto seu irmão preferia seguir um caminho mais conservador. Assim, os irmãos se separaram e em 1966, Robert Mondavi fundou sua própria vinícola, a Robert Mondavi Winery e foi em busca do seu sonho: produzir vinhos californianos de alta qualidade, que pudessem ser equiparados aos melhores vinhos do mundo.

A nova vinícola já utilizava muitas das inovações que Robert havia introduzido a Califórnia. Algumas delas que foram fundamentais para a evolução e crescimento do mercado vinícola americano, tais como a utilização de equipe especializada em viticultura e vinificação, separadamente, o aperfeiçoamento do vinhedo para extrair todo o potencial da uva, investimento em tanques de fermentação a frio e rolhamento a vácuo, a utilização de pequenas barricas de carvalho francês e a utilização de rótulos com o nome do varietal que compunha o vinho.

fumé blanc Robert mondavi WinerySeu primeiro vinho produzido foi um Chenin Blanc, mas foi somente com o lançamento de seu primeiro Sauvignon Blanc, com uma nova fórmula que produziu um vinho diferente do que era conhecido nas terras da Califórnia, que seus vinhos começaram a ganhar destaque. Mondavi chamou seu vinho por um nome utilizado na região do vale do Loire, na França, mas nada conhecido nos Estados Unidos – Fumé Blanc – o que tornou o vinho um sucesso ainda maior.

Nos anos seguintes, a vinícola ganhou notoriedade com seu Cabernet Sauvignon e até 1975 seus vinhos já eram distribuídos por todo o país. Logo começaram a exportar. A reputação do vale de Napa foi ainda melhorada quando o Barão Phillipe de Rothschild anunciou planos para colaborar com Robert Mondavi na produção de um vinho super premium, que viria a se chamar Opus One. Na época, o consumo de vinhos premiun aumentava consideravelmente e o comprometimento de Robert Mondavi com a qualidade de seus vinhos o tornava uma marca forte na indústria do vinho.

Mondavi continuou a expandir e comprou outras vinícolas, como a Woodbridge, no segmento de vinhos finos de baixo custo.

Na década de 90 iniciou-se a transição da empresa para uma nova geração e os filhos de Robert Mondavi, Tim e Michael, assumiam os negócios da família.

A partir daí, os Mondavi começaram a investir em publicidade com o intuito de estimular o consumo de vinhos nos Estados Unidos. E nos anos que seguiram, grandes investimentos foram feitos não somente nos vinhos, mas em arquitetura, experiências enoturísticas e um retorno às técnicas tradicionais de produção de vinho. Além disso, criou-se o Centro Americano de Comida, Vinho e Artes (COPIA), um museu dedicado à cultura do vinho e comida, com diversas atrações que viriam a dar maior destaque para a região e tornar-se um centro referência.

Hoje a vinícola recebe mais de 350.000 visitantes por ano e possui cerca de oito opções de visitação e degustação de seus vinhos. Além disso, a Mondavi fechou uma Parceria com a Arboleda, vinícola Chilena e a Rosemount, Australiana numa colaboração de promoção e vendas de seus vinhos nestes mercados.

Robert teve um importante papel na promoção dos vinhos da Califórnia. Ele acreditava que a região tinha o potencial de produzir vinhos do mesmo nível dos países do velho mundo. Hoje pode descansar em paz, sabendo que deixou um legado inestimável para a indústria de vinhos americana e fez de sua paixão um exemplo a ser seguido.

Confesso que minha experiência de visitação na Robert Mondavi foi surpreendente. Pensando em uma vinícola de tal porte, em que o agendamento de visitação é feito online, não imaginava receber um atendimento tão caloroso e amigável, quase personalizado, como foi o que recebi pelo Tom, guia de visitação. Foi uma aula sobre a história da vinícola e uma excelente oportunidade para degustar e conhecer mais sobre seus principais vinhos.

Notas de Degustação Robert Mondavi Winery:

 

Robert Mondavi Winery Fumé Blanc 2008

6 meses de barrica, 14,5%

Aromas de limão, pêssego, maracujá e leve amanteigado. Médio corpo, boa persistência e acidez. Excelente!

Preço na vinícola: $40,00

Robert Mondavi Winery Pinot Noir 2008

12 meses de barrica, 15,5%

Aromas de cerejas maduras, especiarias e um leve toque de baunilha. Em boca, cheio, bom corpo com notas de especiarias. Muito bom.

Preço na vinícola: $60,00

cabernet sauvignon reserve Robert MondaviRobert Mondavi Winery Cabernet Sauvignon Reserve 1999

94 pts Wine Spectator

14 meses de barrica. 14,1%

Aromas de frutas negras, notas de cassis, baunilha e doce de abóbora. Enche a boca, ótima acidez. Está perfeito!

Preço na vinícola: $140,00

Robert Mondavi Winery Cabernet Sauvignon Reserve 2002

92 pts Robert Parker

14 meses de barrica. Aromas de frutas negras, baunilha e caramelo. Excelente corpo.

Preço na vinícola: $140,00

Robert Mondavi Winery Cabernet Sauvignon Reserve 2005

92 pts Wine Spectator

14 meses de barrica. Aromas de frutas negras e licorosos, com toque de azeitona preta e baunilha. Em boca, taninos bastante presentes e acidez marcante. Pode esperar.

Preço na vinícola: $140,00

Robert Mondavi Winery Cabernet Sauvignon Reserve 2006

96 pts Wine Spectator

14 meses de barrica. Aromas de frutas negras e leve toque de azeitona preta. Taninos bastante presentes. Ótimo potencial de guarda.

Preço na vinícola: $135,00

Robert Mondavi Winery Cabernet Sauvignon Reserve 2007

14 meses de barrica. Aromas de frutas negras, cedro e especiarias. Em boca, frutas negras, bom corpo, taninos agradáveis. Vai evoluir muito bem.

Preço na vinícola: $130,00

Aqui no Brasil você encontra vinhos da coleção Robert Mondavi Private Selection, uma linha intermediária da Robert Mondavi na Wine.com.br.

Saiba mais:

Vinícola Robert Mondavi: www.robertmondavi.com

COPIA: www.openroad.tv/index.php?categoryid=16&p25_id=303

Wine: www.wine.com.br

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O segundo dia de Sonoma amanheceu nublado. Saí para uma corrida pelas ruas de Santa Rosa, apreciando o cenário das casas bem ao estilo filme americano, com seus gramados bem cuidados, jardins floridos, paredes bem pintadas, varandas espaçosas e muitas vezes, com brinquedos que foram deixados ali no dia anterior, e que ninguém se preocupou em guardar. As ruas vazias em um domingo pela manhã transparecem uma vida tranqüila, até mesmo bucólica levada pela população dali. Dá até vontade de ficar umas horinhas a mais na cama. Mas a agenda do dia já estava cheia, então tomei a estrada e segui para o Russian River Valley, onde comecei o dia de visitações.

Iron Horse Vineyard vinhos espumantes americanos

A primeira vinícola visitada foi a Iron Horse. Famosa pela produção de seus vinhos espumantes e especialmente, por serem o fornecedor de espumantes da Casa Branca. A área de degustação é externa, com uma vista bem bonita dos vinhedos. A vinícola já estava em época de colheita e foi possível ver as uvas chegando, passando pela desengaçadeira e mesa de seleção de frutas. Mas o melhor de tudo foi sentir o aroma do suco da uva começando a fermentar. Adoro!

Então dei início à degustação dos espumantes da casa, dos mais básicos aos mais elaborados. Alguns destaques abaixo:

Iron Horse Fairy Tale Cuvée 2006, Russian River, Sonoma

Aromas e sabores defumados com toques florais. Longa persistência em boca.

Esse espumante foi produzido exclusivamente para a Disney e a partir de uvas Pinot Noir. Preço na vinícola: $50,00

Iron Horse Brut LD 2002, Russian River, Sonoma

Aromas de damasco e figo e um fundo de leveduras e pão. Vinho de degorgement tardio, é feito a partir das uvas Pinot Noir e Chardonnay. Muito bom. Preço na vinícola: $85,00

Iron Horse  Joy! 1996, Russian River, Sonoma

Aromas de leveduras e funghi seco. Longa persistência e ótima complexidade. Excelente. Preço na vinícola: $160,00

 www.ironhorsevineyards.com

Apesar de impressionarem bastante, foi difícil não comparar com o que temos aqui, já que o espumante, em minha opinião, é o ponto forte do Brasil. Levaria sim uma ou duas garrafas de espumantes de lá, mas o preço deles é muito superior às boas alternativas que temos no nosso mercado. É inevitável comparar, inclusive num país onde se vende Champagne mais barato que na França. Foi interessante conhecer e saber que eles fazem bem. Agora é torcer para os preços abaixarem, para que o produto seja mais competitivo e apareça em outros mercados.

pequeno Bacco Kendall Jacksons Saindo de lá, segui para a Kendall Jackson’s, uma das grandes vinícolas de Sonoma. Sua sede assemelha-se a um chateau francês, antigo, mas bem conservado, com jardim florido e uma estátua do pequeno Bacco. Preparada para uma degustação cortesia para profissionais da área, acabei me surpreendendo com uma proposta de harmonização de pratos com os vinhos da casa. Achei a vinícola muito preparada para receber visitantes, além de ser uma das poucas que não exige agendamento prévio. A harmonização incluía um material explicativo sobre todos os vinhos a serem degustados com espaço para o visitante fazer as suas notas.  Alguns destaques da casa foram:

Kendall Jackson’s Highland Estates Camelot Chardonnay 2007, Sonoma

Notas tostadas, açúcar queimado, mel e caramel. Em boca, toques de mel, boa persistência e médio corpo. Muito bom. Preço na vinícola: $27,00

Kendall Jackson’s Late Harvest Chardonnay 2006, Sonoma

Aromas de limão e mel. Em boca, uma suave doçura, toques de mel e boa acidez. Muito bom. Preço na vinícola: $22,50.

www.kj.com

Kenwood Vineyards vinhos americanos O tempo se abria, compondo uma linda tarde de sol e céu azul. Parti para a Kenwood, uma das grandes também. Suas videiras estavam carregadas de fruta madura, eles ainda não tinham iniciado a colheita. A sede parece um grande galpão de madeira e lá dentro, uma lojinha e balcão de degustação. Em geral, achei os vinhos ligeiros, mais para o dia-a-dia e com preços bons. Senti falta de uma equipe mais preparada para falar sobre os vinhos servidos. Ali, o que mais me chamou a atenção foi o Zinfandel, que até então não havia provado nenhum que se destacasse.

Kenwood Reserve Chardonnay 2009, Sonoma

Aromas de pêssego maduro, mel e um fundo de caramelo. Em boca, cítrico com notas tostadas. Muito bom. Preço na vinícola: $20,00

Kenwood Jack London Zinfandel 2008, Sonoma

Aromas herbáceos, de mate e frutas negras. Em boca, notas de groselha. Muito bom. Preço na vinícola: $20,00

www.kenwoodvineyards.com

Gundlach Bundschu vinicola americana O fim de tarde se aproximava e ainda tinha mais uma visita agendada, na vinícola Gundlach Bundschu, que foi uma experiência muito boa. A vinícola foi fundada em 1858 e é uma das mais antigas vinícolas familiares da Califórnia. Depois de muitos anos produzindo e vendendo uvas, perceberam que a qualidade de suas uvas era muito boa e a partir de 1969 começaram a produzir seus próprios vinhos. Hoje a vinícola produz quase 30.000 cases por ano. E com uma qualidade impressionante. Fui muito bem atendida pela Linda, atenciosa e prestativa, que dirigiu a degustação e tirou dúvidas sobre os vinhos apresentados. Alguns destaques:

Gundlach Bundschu Chardonnay 2008, Sonoma

Aromas de baunilha com notas de mel e limão. Em boca, toques de caramelo, boa acidez e corpo. Excelente. Preço na vinícola: $27,00.

Gundlach Bundschu Zinfandel 2008, Sonoma

Aromas de cerejas maduras e ameixa com notas de pimenta. Em boca, taninos aveludados e médio corpo. Muito bom. Preço na vinícola: $30,00.

www.gunbun.com

Uma volta pela cidade de Sonoma encerrou o dia. Há uma praça principal no centrinho, cercada por lojinhas, restaurantes e um empório onde se pode degustar e comprar queijos e vinhos da região, muito interessante. Além disso, neste empório pude experimentar um sorvete de abóbora surpreendente. Lembrando que outubro é o mês da bruxas e o mês das abóboras. Por fim, almocei em um restaurante italiano com um cardápio bastante variado e com propostas de dar água na boca. Comi um coelho delicioso e ainda fui surpreendida com uma taça de Pinot Noir cortesia da vinícola do dono do restaurante. A harmonização casou muito bem. E o dia foi realmente uma boa experiência.

Della Santina’s Restaurante – www.dellasantinas.com

Acompanhe nos próximos posts as descobertas no Vale de Napa.

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Sonoma Coast Mapa de áreas vinícolas A 62 km ao norte da famosa Golden Gate, em São Francisco, está o charmoso condado de Sonoma. Foi ali que se plantaram as primeiras vinhas européias da Califórnia, no século XIX. A região é muito maior do que a vizinha Napa e abrange uma variedade mais ampla de áreas de cultivo.

Beirando a costa do Pacífico e ao mesmo tempo protegida por uma cadeia montanhosa, Sonoma sofre influência dos ventos frios que sopram do Pacífico pela Baía de San Pablo ao sul da região e das aberturas nas cadeias montanhosas, que favorecem a formação de uma característica neblina. Assim, na região sul que sofre maior influência dessas neblinas produz-se variedades de clima frio, que dão vinhos mais leves e delicados. Enquanto que nas regiões mais ao norte, o vinho é típico de clima quente, mais robusto.

As principais regiões produtoras são Russian River, Dry Creek e Alexander Valley. Russian River, mais ao sul, é a região mais fria em conseqüência de uma falha na cordilheira e da influência do rio Russian, que corre pela região até alcançar o Pacífico. A região produz excelentes Chardonnay e Pinot Noir. O vale de Alexander, mais ao norte, é mais quente e tem originado, além de bons Cabernet Sauvignon, outras variedades como a Syrah, Grenache e Sangiovese. Fazendo divisa com o vale de Alexander, a oeste, fica o Dry Creek valley, quente e seco, próprio para Cabernet Sauvignon e Zinfandel.

Minha chegada à região na manhã de 02 de outubro foi marcada pela característica neblina de verão. Aqui começava minha jornada pelos vinhedos da Califórnia. Uma parada no Visitor Center de Santa Rosa me ajudou com mapas dos roteiros vinícolas, informações sobre horários de visitação, degustações, indicações de lugares para comer, etc. Com o dia já pré-agendado, o que é muito importante se você quer visitar as vinícolas mais badaladas, comecei com uma visita a Simi Winery, onde fui recebida pela Nadine, que nos guiou pelas caves, vinhedos e sala de degustação.

SIMI WINERY

A SIMI é uma das vinícolas mais antigas da região. Fundada em 1848 por Giuseppe Simi, um italiano vindo da Toscana, que desenvolveu o negócio familiar até que fosse comprado pelo Grupo Constellation Brands, detentor de grandes marcas de bebidas pelo mundo. A vinícola produz 150.000 cases de vinho por ano e seu maior consumo se dá nos próprios Estados Unidos.

Segui para a degustação onde puder provar uma série de vinhos da casa. Sauvignon Blanc, Chardonnay, Zinfandel, Cabernet Sauvignon e até um Riesling Late Harvest. Aqui já pude perceber um destaque da região: a Chardonnay. Foi interessante provar e fazer o comparativo de uma Chardonnay do vale de Alexander e na seqüência, um Chardonnay de Russian River. É notável a diferença de corpo, acidez e frescor de uma região mais fria para outra mais quente.

Destaques:

SIMI Chardonnay 2007, Alexander Valley, Sonoma

13 meses de barrica francesa. 14,5%

Aromas de mel, manteiga, caramelo tostado e um fundo de peras. Em boca, muito caramelo. Média persistência. Bem interessante. Preço na vinícola: $30,00.

SIMI Chardonnay 2007, Russian River, Sonoma

13 meses de barrica francesa. 14,5%

Aromas de mel, manteiga e certo floral. Em boca, untuoso e cítrico. Boa personalidade. Muito bom. 90 pts. WE. Preço na vinícola: $30,00.

SIMI Zinfandel 2008, Dry Creek Valley, Sonoma

8 meses em carvalho francês e americano.

Aromas frutados, cerejas e um toque de pimenta. Muita fruta em boca. Corpo médio e média persistência. Muito bom.

J VINEYARDS

Segui então para a próxima experiência, uma harmonização no famoso Bubble Room da J Vineyards. A J é uma vinícola mais jovem, fundada em 1986 por Judy Jordan. No princípio, era especializada em vinhos espumantes, mas logo percebeu que seu terroir era muito bom para a produção de varietais de clima frio, como a Chardonnay e Pinot Noir, que hoje são também destaques da vinícola.

Fui recebida pela Courtney, sommelière da casa e responsável pela organização de uma incrível experiência enogastronômica. Sentei em um sofá aconchegante, na companhia de um casal americano muito simpático e logo demos início à seqüência de harmonizações.

Destaques:

J Vineyards Chardonnay 2007, Russian River Valley

Estágio de 10 meses em barrica.

Aromas de manteiga, baunilha e amêndoas torradas, com um toque de limão. Boa complexidade em boca – cítrico e untuoso. Acidez equilibrada. Excelente. Preço na vinícola: $28,00.

Harmonizado com peixe da região.

harmonização J vineyardsRobert Thomas Vineyards, Pinot Noir 2006, Russian River Valley

Aromas de cerejas com toque de canela. Boa persistência. Bom. Preço na vinícola: $50,00.

Harmonizado com hambúrguer de cordeiro com molho de queijo.

Nicole’s Vineyard Pinot Noir 2006, Russian River Valley

Aromas intensos de ameixas e frutas negras maduras e um toque de canela. Em boca, frutado e taninos aveludados. Excelente. Preço na vinícola: $50,00.

Harmonizado com tiras de filé de carne.

Back Door Vineyard, Pinottage 2007, Russian River

Aromas de cassis e groselha. Em boca, muita groselha. Corpo leve e média persistência. Muito bom. Preço na vinícola: $38,00.

J Vintage Brut Late Degorgement 1999, Russian River

Aromas de funghi secchi, damasco e notas cítricas. Em boca, bom corpo e toques de caramelo. Excelente. Preço na vinícola: $65,00.

A visita a J foi realmente uma experiência e tanto. Não apenas pela cordialidade da equipe, pela beleza da vinícola e de sua sede, ou pela qualidade dos vinhos, onde se percebe o carinho e dedicação com que são feitos, mas por todo ambiente criado para uma harmonização e por todo pensamento dado às combinações de pratos com seus vinhos para uma inesquecível experiência sensorial.

JORDAN VINEYARDS

cave Jordan com sistema anti-terremotoA próxima visita foi na vinícola Jordan, da mesma família da J. Fundada em 1972, a vinícola construiu seu nome com seus Chardonnay e Cabernet Sauvignon, de qualidade reconhecida internacionalmente. A Jordan produz hoje uma média de 90.000 cases por ano.

Nossa hostess nos levou a uma visita às caves, construídas a base de um sistema de proteção contra terremotos e depois, a uma degustação harmonizada com queijos da região.

Destaques:

Jordan Chardonnay 2008, Russian River, Sonoma

4 meses em barrica.

Aromas de maracujá com notas mineirais. Leveza e refrescância. Muito agradável. Preço na vinícola: $29,00.

Jordan Cabernet Sauvignon 2003, Sonoma

12 meses em carvalho francês e americano. 13,5%.

Aromas de amoras e frutas negras maduras. Em boca, ótimo corpo com toques de especiarias e pimenta. Muito bom. Preço na vinícola: $59,00.

Jordan Cabernet Sauvignon 2006, Sonoma

12 meses em carvalho francês e americano. 13,5%.

Aromas de cerejas e franboesas. Em boca, bastante frutados, taninos um pouco agressivos. Pode esperar. Muito bom. Preço na vinícola: $52,00

loja de vinhos J Vineyards A impressão que ficou do primeiro dia de visitação às vinícolas em Sonoma foi que os americanos estão muito bem preparados para receber turistas. O que achei que foi realmente um diferencial e que, em outras viagens a regiões vinícolas em que estive praticamente não vi foi a importância que eles dão à combinação de seus vinhos com a comida.

Analisando o mercado americano como um todo, o que eu entendo é que eles têm uma visão interessante de marketing e buscam vender são somente um produto ou um produto bom, mas criar uma experiência. É a indústria americana do turismo e do entretenimento que consegue atrair um grande público de todos os cantos do país. Crítica ou elogio? Entenda como quiser. O que importa é que eles estão vendendo bem.

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Hall Wines Napa Valley

Hall Wines Napa Valley

 Aos meus leitores, minhas desculpas pela ausência nas últimas semanas. Saí de férias em viagem a Califórnia, nos Estados Unidos, e retornei com inúmeras histórias e experiências para compartilhar. Com tanta informação e conhecimento fervilhando em minha mente, pingarei a cada semana um pouco do que vi, conheci e experimentei na deslumbrante Califórnia.

Pouco ouvimos falar dos vinhos americanos aqui no Brasil. Os mais curiosos, que freqüentam eventos da área sim já devem ter experimentado. Mas a maior fama desses vinhos vem da repercussão da famosa degustação de Paris em 1976, evento que premiou às cegas vinhos americanos sobre os famosos Grand Cru franceses. Ou, quem sabe, pelo filme Sideways, que promoveu, em 2004, a Pinot Noir californiana mundo afora.

Além disso, é de lá que vem nomes importantes como Robert Mondavi, empresário que fundou uma das maiores produtoras do país, que fez história e gerou polêmica no velho mundo; e Robert Parker, crítico de vinho que virou referência mundial – sendo também um marco na história do vinho.

Joseph Phelps Vineyards napa Valley

Joseph Phelps Vineyards

 Os Estados Unidos são hoje o quarto maior produtor de vinhos do mundo, ficando atrás apenas da Espanha, Itália e França. Mas se eles produzem tanto vinho assim, para onde vão que a gente não acha? Apesar do volume total considerável de vinho produzido, há um consumo interno bastante representativo, que gira em torno de 10L per capita. É curioso observar que, da mesma forma como acontece nos países que possuem grande tradição, quando buscamos pela seção de vinhos num mercado ou mesmo num Liquor Store nos Estados Unidos, o que se vê, basicamente, é o vinho americano. E alguma coisa de França e Itália lá nos fundos da loja. Assim, fica fácil entender porque esses vinhos dificilmente chegam até nós.

A história do vinho americano é longa e cheia de sobressaltos. Teve início com a colonização no século XVI.  Quando os ingleses chegaram aos Estados Unidos ficaram bem impressionados com a quantidade de uvas que já se plantava naquelas terras (eram mais de 12 espécies). Imaginou-se que o vinho seria uma das boas coisas do novo mundo, mas as uvas ali cultivadas, quando vinificadas, tinham sabor esquisito. E as diversas tentativas de se plantar videiras européias em solo americano foram por um longo tempo em vão, até que se descobrisse porque elas não vingavam naquelas terras – a presença de uma praga que viria, tempos depois, avassalar as videiras de todo o velho mundo: a phyloxera.

Decanter antiquado Hall Wines napa Valley Mas as dificuldades não pararam por aí. Veio a peste negra, a guerra civil e por fim, a Lei Seca, que proibiu a venda e o consumo de qualquer bebida alcoólica de 1918 a 1933. E assim, os Estados Unidos descobriram o vinho caseiro, e sua produção ilegal espalhou-se por diversas regiões no país.

Apesar de todas as barreiras, a produção vinícola floresceu e tem dado bons frutos, com destaque para Califórnia, Oregon e Washington na costa oeste e Nova Iorque, Pensilvânia e Virginia na costa leste.

 Hoje o país é bastante preparado para o enoturismo, especialmente nas regiões de Napa e Sonoma – as estrelas da Califórnia. Visitas guiadas, degustações de diversos rótulos (de lançamentos aos library wines), harmonizações, áreas de picnic com paisagens deslumbrantes para os vinhedos e um serviço exemplar. Para quem ainda não conheceu e deseja fazer a experiência, acompanhe as novidades nos próximos posts com os pareceres e as dicas de cada uma das regiões. E viaje comigo nas descobertas do mundo vinícola. Tim-tim!

Referências: The World Atlas of Wine; Robinson, Jancis and Johnson, Hugh.

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De algum tempo para cá os vinhos do Novo Mundo vêm conquistando paladares de grandes críticos e as mesas dos consumidores mais exigentes. Há alguns países produtores, no entanto, que ainda não possuem uma expressão em mercados externos e que, muitas vezes, sofrem com o preconceito. O Brasil mesmo é um deles. Quem nunca viajou para um país com tradição vinícola e ao comentar sobre um vinho brasileiro recebeu aquela expressão de estranhamento: “Vinho Brasileiro? Mas o Brasil produz vinhos?” Não os culpo, pois apesar de já produzirmos vinhos há muito tempo, o aprimoramento das técnicas de cultivo e tecnologias usadas na vinificação são muito recentes, assim como o salto da qualidade dos nossos produtos os quais, há pouco tempo atrás, ainda eram medíocres. Além do mais, o Brasil sempre foi o país da cerveja ou da caipirinha, como é mais conhecido lá fora.

tequila ou vinho mexicano? E o mesmo passa com o México, que leva tanta fama com a tequila.  Quem de vocês já provou um vinho mexicano? Pois é. Eu já havia escutado algo a respeito, mas confesso que nunca havia visto nada nas prateleiras nem lido nenhuma reportagem nas edições do meio. Foi então que recebi um convite de trabalho para o México. Na área de marketing, mas nada relacionado a vinhos. Claro que para mim, assim como seria para qualquer enófilo, foi uma oportunidade de procurar conhecer mais sobre a produção vinícola, a história dos vinhos no país e, é claro, degustar! Aqui compartilho com vocês um pouco dessa experiência.

Muito antes dos conquistadores espanhóis chegarem às Américas, os nativos da região mexicana já plantavam uvas americanas para o consumo diário. Quando os espanhóis chegaram e se estabeleceram nas terras que chamaram de “Nova Espanha” em 1522, utilizaram-se das uvas que já eram plantadas ali para a produção de vinho para missa. Hernán Cortés encomendou também sementes e mudas espanholas e tornou o México o primeiro lugar nas Américas a cultivar vinhedos e produzir vinhos para consumo.

Bandeira do México A primeira vinícola comercial mexicana foi fundada em 1593 por Francisco de Urdiñola, Marquês de Aguayo, na fazenda de Santa Maria de Las Parras. Parras é até hoje o centro de produção de vinho mexicano, apesar da vinícola Marquês de Aguayo hoje concentrar-se apenas na produção de destilados.

A produção vitivinícola mexicana sofre dois períodos de recessão: durante a guerra de independência em 1857, quando o clero perde poder ante o Estado e tem seus bens expropriados, e na guerra revolucionária em 1910, quando vinhedos por todo território foram abandonados ou destruídos. Somente em 1922 se reaviva a produção de vinhos em diversos estados do norte, região que é hoje mais conhecida pela qualidade de seus vinhos produzidos.

Mas foi apenas nas últimas décadas que se aprimoraram as técnicas de cultivo e produção, sob influência dos Estados Unidos, que inclusive levaram novas vinhas às regiões produtoras, melhorando a qualidade e ampliando a variedade de seus vinhos.

Vinhedos Santo Tomás Baja Califórnia O vinho mexicano e suas regiões vinícolas estão experimentando seu auge, apesar de o consumo per capita ainda ser muito baixo (apenas 0,16 litros por ano, ocupando a 65° posição na lista mundial). No ano de 2007 a produção de vinhos atingiu 108,000 toneladas, dando ao México a 24° posição na lista mundial.

Os mexicanos que consomem vinho têm em média mais de trinta anos, alto nível acadêmico e boas condições econômicas. Esses consumidores bebem principalmente vinhos importados e apenas 40% dos vinhos produzidos no México são consumidos por mexicanos. O restante da produção é destinado a 27 países, sendo os Estados Unidos o principal comprador com 76%, seguido pela Inglaterra com 3,8%, Japão, Canadá e Alemanha com 1% e alguns países da América Central e Caribe.

Vino Monte Xanic Uma das vinícolas pioneiras no país é a espanhola Domecq, que possui cerca da metade dos vinhedos em Guadelupe, na Baixa Califórnia. Com 41.000 hectares de vinhedos, apenas 10% servem à produção de vinho. A maior parte da uva é utilizada para a produção de tequila e uvas passas. Tive a oportunidade de experimentar um corte de uvas tintas que muito me lembrou os vinhos portugueses – bom corpo e estrutura, redondo e muito aromático (confira detalhes em “Dica da Semana”).

Outros produtores mais conhecidos são L. A. Cetto, Bodegas Santo Tomás, Monte Xanic, de que também experimentei um Sauvignon Blanc muito refrescante, Bodegas San Antonio e Cavas de Valmar.

Assim, com essa experiência, convido o leitor a não criar rótulos e se deixar experimentar antes de qualquer julgamento. Além de aumentar seu conhecimento e poder de crítica, você pode acabar se surpreendendo com as novas descobertas.

Saludos!

Principais Regiões e Produtores:

Aguascalientes

  • Bodegas Dinastía
  • La Bordalesa
  • Viñedos Santa Elena

Baja California

  • Adobe Guadalupe
  • Bodegas de San Antonio
  • Bodegas de Santo Tomás
  • Casa de Piedra
  • Casa Domecq
  • Cavas Valmar
  • L.A. Cetto
  • Monte Xanic

Coahuila

  • Casa Madero

Querétaro

  • Freixenet de México

Prêmios 2010:

  • Vienalies Internationales (14va edición, Paris, Francia)

-Don Luis Cetto Terra 2004, L.A. Cetto – Medalla de Plata

-L.A.Cetto Boutique Sangiovese 2004, L.A. Cetto – Medalla de Plata

-L.A. Cetto Nebbiolo Reserva Privada 2003, L.A. Cetto – Medalla de Plata

  • Chardonnay du Monde (15va edición, Borgoña, Francia)

-Casa Madero Chardonnay 2007, Casa Madero – Medalla de Oro

  • International Wine Challenge (39 edición, Londres, Reino Unido)

-Casa Madero Chardonnay 2007, Casa Madero – Medalla de Bronce

-Casa Madero Semillón 2007, Casa Madero – Mención Honorífica

  • Challenge International du Vin (32 edición, Burdeos, Francia)

-Monte Xanic Chardonnay 2005, Monte Xanic – Medalla de Bronce

-Monte Xanic Chenin-Colombard 2006, Monte Xanic – Medalla de Bronce

-Monte Xanic Sauvignon Blanc 2006, Monte Xanic – Medalla de Bronce

  • Concurso Mundial de Vinos de Bruselas (15va edición, Bruselas, Bélgica)

-Casa Madero Semillón 2007, Casa Madero – Medalla de Oro

-L.A. Cetto Petite Syrah 2006, L.A. Cetto – Medalla de Oro

-Casa Madero Chenin Blanc 2007, Casa Madero – Medalla de Plata

-Chateau Camou Gran Vino Tinto 2004, Chateau Camou – Medalla de Plata

-Chateau Camou Gran Vino Tinto Merlot 2004, Chateau Camou – Medalla de Plata

-Chateau Domecq Cosecha Seleccionada 2005, Domecq – Medalla de Plata

-Monte Xanic Cabernet Sauvignon-Merlot 2005, Monte Xanic – Medalla de Plata

-Monte Xanic Chardonnay 2005, Monte Xanic – Medalla de Plata

-Santo Tomás Único Cabernet-Merlot Gran Reserva 2004 – Medalla de Plata

 Referências

  • Asociación Nacional de Vitivinícultores (México)
  • Revista, El vino y otras delicias, ejemplar de colección México y sus vinos, año 3 número 17, Bimestral Agosto-Septiembre de 2002, Grupo Editorial Neón, México DF.
  • Revista México Desconocido, Bebidas Nacionales de México, capitilo VII Cervezas y Vino, guía no. 18, Editorial Jilguero México D.F. 1994.
  • Revista Vinísfera, XVI Concurso Internacional Ensenada Tierra de Vinos, año 1 número 4, Bimestral, Septiembre-Octubre de 2008, Editorial Mexicana de Vinos SA de CV.Sitio Oficial
  • Lloyd:Mexican Economic Report.

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O vinho do Porto é um vinho fortificado, produzido a partir de uvas provenientes da região do Douro, no norte de Portugal.

Região do Douro

Região do Douro

 A “descoberta” do Vinho do Porto é polêmica. Uma das versões conta que a origem data do século XVII, quando mercadores britânicos, em função de conflitos com a França, passaram a abastecer o mercado inglês com o vinho Português como fonte alternativa. No entanto, como a viagem de Portugal era mais longa, os vinhos estragavam mais rápido. Assim, os ingleses adicionaram aguardente para evitar que ele azedasse, já que na época ainda não se utilizavam conservantes.

Barco Rabelo com Pipas de Carvalho

Barco Rabelo com Pipas de Carvalho

 Mas o processo que caracteriza a obtenção deste vinho já era conhecido bem antes do início do comércio com os ingleses. Já na época dos Descobrimentos o vinho era armazenado desta forma para se conservar um máximo de tempo durante as viagens e ainda servia como lastro para as embarcações. A diferença fundamental estava na forma de produção e nas castas utilizadas, hoje protegidas.

O que torna o vinho do Porto diferente dos outros vinhos, basicamente, é o fato de a fermentação do vinho ser interrompida numa fase inicial, com a adição de um aguardente vínica neutro (com cerca de 77º de álcool). Assim, o vinho do Porto é um vinho naturalmente doce, visto que o açúcar natural das uvas não se transforma completamente em álcool, e é mais forte do que os vinhos de mesa (entre 18 e 22º de álcool).

Real Cia. Velha Porto

Real Cia. Velha - Porto Vintage

 Existem três tipos de vinhos do Porto: Ruby, Tawny e Branco.

Porto Ruby

Ruby é o estilo de Porto feito com uvas tintas que passam menos tempo em madeira. De cor mais intensa e aromas frutados, apresenta os seguintes tipos:

  • Comum: jovem, áspero, de sabor pronunciado e doce. Passa em média três anos em madeira.
  • Vintage: é o Porto mais prestigiado, feito com uvas de uma só colheita, em anos excepcionais. Mesmo num ano muito bom nenhum produtor irá declarar um vintage assim que o vinho for feito. O produtor acompanha o desenvolvimento do seu vinho e somente após 18 meses pode ser declarado um vintage ou não. Este vinho, depois de dois anos na madeira, é engarrafado, mas deve passar necessariamente por envelhecimento em garrafa por muitos anos.
  • Late Bottled Vintage (LBV): é do ano que está declarado no rótulo e é engarrafado depois de quatro a seis anos em madeira. Apesar de ser de um ano muito bom, o produtor considera que ele não atingiu o ponto para ser engarrafado como vintage.

Porto Tawny

Tawny  é um estilo de Porto que permanece mais tempo na madeira. Envelhecem dois a três anos nos tonéis, passando depois para os barris de 550 litros. Estes permitem um mais elevado contato do vinho com a madeira e assim ganham ainda mais complexidade aromática, enriquecendo os aromas de frutas secas e adquirindo aromas de madeira, tostado, café, chocolate, mel, etc. As categorias existentes são:

  • Tawny Comum: é envelhecido por até oito anos, apesar de esta informação raramente aparecer no rótulo.
  • Tawny Reserva, com indicação de idade (10 anos, 20 anos, 30 anos e 40 anos): é o Tawny de alta qualidade. Vinhos de vários anos são misturados e a data se refere à idade média dos vinhos na mistura. São vinhos com sabor de frutas secas e se tornam cada vez mais leves com a idade. Geralmente são mais caros.
  • Colheita: é o Tawny elaborado com uvas da mesma safra, somente de anos excepcionais. Geralmente traz a safra da colheita no rótulo.

Porto Branco

Menos conhecido, o vinho do Porto branco é feito exclusivamente a partir de uvas brancas e envelhece em grandes tonéis de madeira de carvalho (20 mil litros). Existem brancos secos, meio-secos e doces. Ainda assim, e devido à forma como o Porto é produzido, o vinho nunca é completamente seco, guardando sempre alguma da sua doçura inicial.

Porto Ramos Pinto

Porto Ramos Pinto

O vinho do Porto tornou-se uma bebida imensamente popular no norte da Europa e hoje está presente em diversos países pelo mundo. Na França, por exemplo, é tradição pedir “un Porto” após as refeições. E você, incluiria uma dose de Porto no seu dia-a-dia?

Referências

  1.  Instituto dos Vinhos do Douro e Porto – Vinhos do Porto: Introdução (2004).
  2. Site: Wikipedia.
  3. Livro: Vinhos, O Essencial; José Ivan Santos.

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