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adegaO vinho é um organismo vivo, e como todo organismo vivo deve ser cuidado para que se desenvolva bem e apresente sua melhor expressão quando aberta a garrafa. Para isso, as condições de armazenamento das garrafas são fundamentais e devem ser respeitadas. Caso elas não sejam adequadas, pode ocorrer uma evolução irregular ou deterioração do vinho.

O local de guarda do vinho em um restaurante pode fazer toda a diferença. É preciso evitar ambientes quentes, muito iluminados e jamais guardá-los junto a outros produtos, principalmente os de cheiro forte, como produtos de limpeza ou alimentos, por exemplo.

Na sua casa, você deve observar as seguintes condições:

Temperatura Ideal  1)      Temperatura constante (em torno de 15º): um local muito quente provoca uma evolução acelerada do vinho, o que pode comprometer sua qualidade. Por outro lado, um local muito frio retarda sua evolução. Se você não possui uma adega climatizada, procure um ambiente fresco para armazenar suas garrafas e garantir uma boa evolução dos seus vinhos.

2)      Umidade: deve-se procurar um ambiente que não seja muito úmido, mas que também não seja seco em excesso. Isso é importante considerar, pois um ambiente úmido pode favorecer o desenvolvimento de microorganismos que formam mofo nas rolhas, podendo estragar o vinho. Já os locais muito secos podem favorecer o ressecamento da rolha e permitir a entrada de ar por pequenas fissuras, o que acarretará na oxidação do vinho (que confere um sabor avinagrado e nada agradável).

3)      Luz: é um agente acelerador que estimula reações químicas dentro da garrafa. O vidro escuro das garrafas já limita a penetração da luz, mas ainda assim devemos guardá-las em ambiente escuro.

Trepidacao  4)      Trepidação: num vinho que ainda está evoluindo, algumas reações químicas acontecem ao longo do tempo e irão definir o seu caráter. As trepidações podem acelerar esse processo, comprometendo sua evolução e seu resultado final.

5)      Posição: as garrafas devem permanecer deitadas para que o vinho esteja em contato constante com a rolha, evitando seu ressecamento.

   É importante considerar que, para que o vinho percorra o seu ciclo ideal de evolução e atinja sua maturação, apresentando sua máxima expressão, ele deve descansar tranquilamente em local apropriado. Sem ser incomodado por luz, cheiro, barulho, trepidações, calor ou posição inadequada. Mas é importante lembrar que vinhos mais jovens, frutados e pouco elaborados não devem ser armazenados por muito tempo para que não percam o seu frescor.

Tendo isso em mente e escolhido o local ideal, você pode começar a montar a sua adega e quem sabe, colecionar um novo hobby.

O Vinho no Brasil

vinho-brasil As primeiras videiras do Brasil foram trazidas pela expedição colonizadora de Martim Afonso de Souza, em 1532. Brás Cubas, fundador da cidade de Santos é, reconhecidamente, o primeiro a cultivar a vinha em nossas terras. As uvas eram da qualidade Vitis vinifera (ou seja, uvas européias adequadas para a produção de vinho fino), oriundas de Portugal e da Espanha.

No Rio Grande do Sul, a videira chegou em 1626, trazida por jesuítas que plantaram videiras européias em Sete Povos das Missões para utilização em missas. No entanto, a dificuldade de adaptação de variedades européias em nossas terras, em função do terroir difícil (condições de clima e solo), impediu a disseminação da vitivinicultura no Brasil.

Já em 1840, videiras americanas das espécies Vitis labrusca e Vitis bourquina (variedades Isabel, Concord e outras) foram importadas por um comerciante que as plantou basicamente para o consumo in natura, na forma da fruta fresca ou passas, mas que se adaptaram tão bem ao clima local que logo começaram a ser utilizadas para a produção de vinho.

Região de Vinhos Sul A vitivinicultura gaúcha teve um grande impulso a partir de 1875, com a chegada de imigrantes italianos, que aportaram com videiras trazidas principalmente da região do Veneto – e uma forte cultura de produção e consumo de vinhos. Apesar do sucesso inicial, as videiras européias não se adaptaram ao clima úmido tropical e foram dizimadas por doenças fungícas. Porém, perceberam que as variedades americanas, como a uva Isabel, eram mais resistentes e deu-se continuidade à produção de vinhos que, embora de qualidade inferior, espalharam-se para outras regiões do país, tornando-se base do desenvolvimento da vitivinicultura no Rio Grande do Sul e em São Paulo.

Conducao das videiras em latada

Condução das videiras em latada

 Há algumas décadas, a preocupação com a melhoria da qualidade dos vinhos e das técnicas agronômicas fizeram com que, novamente, se iniciasse o plantio de variedades viníferas. A partir de 1970, vinícolas multinacionais, como a Moet & Chandon, a Martini & Rossi e a Heublein estabeleceram-se na Serra Gaúcha, trazendo equipamentos de alta tecnologia e técnicas viticulturais modernas. A melhora no sistema de condução das videiras, o acesso à tecnologia, a automação e o cuidado na seleção das uvas são alguns dos fatores que contribuíram com a qualidade do produto brasileiro, tornando-o mais competitivo.

Uva e Vinho Outras regiões produtoras, além da Serra Gaúcha, que vem se destacando na produção de vinho são as regiões do Vale do São Francisco, na Bahia, onde acontecem em média duas colheitas anuais devido ao clima quente o ano todo, e a região de São Joaquim em Santa Catarina, com vinhos de ótima qualidade.

Hoje o consumo de vinho no Brasil ainda é muito baixo, com uma média de cerca de 2 litros de vinho por ano, volume bem inferior aos cerca de 32 litros consumidos pelos argentinos e os 24 litros dos uruguaios. Na Europa, o consumo anual por habitante é de aproximadamente 60 litros, o que mostra que o Brasil tem um grande potencial de crescimento em relação ao consumo de vinho.

De alguns anos para cá, o vinho brasileiro vem ganhando maior expressão e hoje, já e exportado para diversos países pelo mundo, como os Estados Unidos e Suíça, por exemplo. Vinícolas como Salton, Miolo, Casa Valduga, Lídio Carraro e Cave Geisse já acumulam prêmios internacionais, principalmente com seus vinhos tintos e espumantes. Vale dar um destaque especial para os espumantes, que se beneficiam de um clima bastante favorável para sua produção e que vem agradando o paladar de brasileiros e enófilos, mundo afora.

E você, já percebeu esse salto na evolução de qualidade dos vinhos brasileiros?

Referências:

www.wikipedia.com

www.enologia.org.br

www.academiadovinho.com.br

www.ibravin.org.br

Publicado no Jornal Valor Econômico, eis a relação dos 50 Melhores Vinhos da América do Sul, que irão fazer parte do Guia Decorchados Amércia do Sul 2010.

DV Catena 2003 1º – DV Catena Vineyard Designated Nicasia Vineyard 2003 – Argentina Importadora Mistral

2º – La Reserva del Calimoro 2006 – Chile – Importadora Casa do Porto

3º – Maycas del Limarí Reserva Especial Syrah 2007 – Chile – Importadora Enoteca Fasano

4º – Ribera del Lago Cabernet-Merlot 2007 – Chile – Sem Importadora no Brasil

5º – Nicolas Catena Zapata 2006 – Argentina – Importadora Mistral.

6º – Cypress Vineyard Sauvignon Blanc 2009 – Chile – Importadora Vinea

7º – Carmín de Peumo Carmènére 2007 – Chile – Importadora VCT

8º – Tanagra Syrah 2007 – Chile – Importadora Decanter

9º – Finca La Anita Malbec 2006 – Argentina – Importadora Bodegas

10– House of Morandé 2006 – Chile– Importadora Carvalhido

Sol de Sol 2003 11º- Sol de Sol 2007 – Chile– Importadora Zahil

12º–Casa Real Reserva Especial 2006 – Chile – Importadora Gran Cru

13º–Microterroir de Los Lingues Carmènére 2006 – Chile – Importadora vinhos do Mundo

14º–Manso de Velasco Viejas Vinas Cabernet Sauvignon 2006 – Chile – Importadora Reloco

15º–Noemia Malbec 2006 – Argentina – Importadora Vinci

16º -Riglos Gran Corte Cab. Sauvignon /Malbec 2006 – Argentina – Importadora Gran Cru

17º-Quebrada Seca Chardonnay 2007 – Chile – ImpTortadora Enoteca Fasano

18º-Tabali Reserva Especial Sauvignon Blanc 2009 – Chile – Importadora Gran Cru

19º-Catena Zapata Malbec Argentino 2007 – Argentina – Importadora Mistral

20º-Carmen Wine Maker´s Reserva 2007 – Chile – Importadora Vince

Alfa Crux Malbec 21º-Alfa Crux Malbec 2006 – Argentina – Importadora Vince

22º-Paisage de Barrancas 2006 – Argentina – Importadora World Wine

23º-Zavala 2007 – Chile – Importadora Épice

24º-DV Catena Vineyard Designated AdrianaVineyard 2003 – Argentina – Importadora Mistral

25º-Terrunyo 2007 – Chile – Importadora VCT Brasil

26º-Caro 2007 – Argentina – Importadora Mistral

27º-Lota 2007 – Chile – Importadora Santar

28º-Albis 2006 – Chile – Importadora Winebrands

29º-J Alberto 2008 – Argentina – Importadora Vince

30º- Pequeñas Producciones Sauvignon Blanc 2009 – Chile – Importadora Obra Prima

31º–Finca Altamira Malbec 2007 – Argentina- Importadora Expand

32º-Trivento Golden Reserve Malbec 2006 – Argentina – Importadora VCT Brasil

33º-Sophenia Syntesis Malbec 2007 – Argentina – Importadora Expand

34º-Ribera del Lago Sauvignon Blanc 2007 – Chile – Sem importador no Brasil

35º-Alta Vista Alto 2005 – Argentina- Importadora Épice

36º-Linda Flor Malbec 2005– Argentina – Importadora Gran Cru

Villa Francioni Sauvignon Blanc 37º-Vila Francioni Sauvignon Blanc 2009 – BraSIL – Lojas Especializadas

38º-Cadus Single Vineyard 2005 – Argentina – Importadora Santar

39º-Morandé Edición Limitada Sauvignon Blanc 2008 – Chile – Importadora Carvalhido

40º-Finca Mirador Malbec 2007 – Argentina – Importadora Expand

41º-Finca Bella Vista 2007 – Argentina- Importadora Expand

42º-Mendel Finca Remota Malbec 2007 – Argentina – Importadora Gran Cru

43º-Storia Merlot 2005– Brasil – Lojas especializadas

44º-Flecha de los Andes Gran Corte 2006 – Argentina – Importadora Gran Cru

45º-Talento 2006 – Brasil – Lojas especializadas

46º-Colomé Estate Malbec 2006 – Chile – Importadora Decanter

Miolo RAR 2005 47º-RAR 2005 – Brasil – Lojas especializadas

48º-Cheval des Andes 2006 – Argentina – Importadora LVMH

49º-Triple C Carmènére 2006– Chile – Importadora Gran Cru

50º-Pulenta Gran Estate Malbec 2007– Argentina- Importadora Gran Cru

Observem que temos nessa lista quatro vinhos brasileiros. Aí eu deixo a minha pergunta: qual a sua opinião sobre o vinho brasileiro? Fica um tema para próxima semana.

Beber ou Degustar?

Degustar é provar com atenção, procurando analisar as qualidades do objeto degustado. Degustar e beber um vinho são coisas distintas: beber é ingerir um líquido e degustar é submetê-lo a nossos sentidos para julgá-lo e descrevê-lo.

beber vinho Alguns pré-requisitos para degustação são: a taça, que deve ter um bojo com espaço suficiente para que se possa girar o vinho e desprender seus aromas, um pano de fundo claro para observar o vinho, água e pão para limpar o paladar entre um vinho e outro. Se for usar a mesma taça ao mudar de um vinho para o outro, gire um pouco do novo vinho dentro da taça e despeje-o. Isso chama-se “avinhar” o copo.

Os órgãos fundamentais para degustação são: visão, olfato e paladar, capazes de captar os estímulos sensoriais emitidos por grande parte das mais de quinhentas substâncias que existem no vinho. As sensações visuais são quase instantâneas. Já as olfativas e gustativas necessitam de estímulos que variam de pessoa para pessoa e podem ser aumentados com um treino.

Comece a análise visual segurando a taça pela haste. Evite sustentá-la pelo bojo, pois o calor da mão aquecerá o vinho. Com a taça na altura dos olhos, contra um ponto luminoso, você pode perceber as partículas em suspensão, o que define o grau de limpidez e sanidade do vinho. Se o vinho está turvo, pode indicar que deveria ter sido decantado ou mostrar a existência de alguma doença do vinho.

Cores do Vinho A cor define os tipos de vinhos: tinto, branco ou rosado. Suas nuances podem variar de púrpura, rubi, granada e alaranjados para os tintos, e esverdeado, palha, dourado e âmbar para os brancos. Essas nuances nos informam sobre a idade ou a evolução dos vinhos. Normalmente a cor dos tintos clareia com o tempo, enquanto a dos brancos escurece.

Outro aspecto importante é a intensidade, que é reação do vinho à reflexão da luz e que define o corpo do vinho. Um vinho de cor intensa é um vinho encorpado e o de cor pouco intensa é um vinho de menos corpo.

O álcool é um fator que influi no aspecto fluido e móvel do vinho e pode ser percebido quando é girado dentro do copo. Nesse movimento, uma parte do líquido sobe pelas as paredes da taça e escorre até a base em forma de gotas que originam linhas irregulares, chamadas de lágrimas do vinho. Isso se deve ao fato de o álcool evaporar-se mais rapidamente que a água do vinho. Quanto maior o teor alcoólico, mais abundantes são as lágrimas do vinho.

Na degustação, chamam-se aromas as sensações olfativas. Existem mais de cento e vinte substâncias aromáticas nos vinhos. Aproxime a taça ao nariz e cheire. Isso permite apreciar os aromas mais voláteis. A seguir, faça um movimento de rotação com a taça para agitar o vinho e aumentar a superfície de evaporação. Dê algumas aspiradas rápidas e deixe a imaginação funcionar.

Por fim, chegamos à análise gustativa. Prove em pequenas quantidades e deixe o vinho passear por toda a boca, sentindo-o por todos os lados da língua, bochecha e gengiva. Com o líquido ainda na boca, aspire um pouco de ar com os lábios semiabertos. Essa técnica permite sentir o “retrogosto”.

Garrafas de vinho É importante ter em mente que em uma degustação nunca há unanimidade em relação ao vinho degustado. Cada um tem um paladar e o melhor vinho sempre é definido por maioria.

Então, fica a minha dica: comece a degustar vinho e não simplesmente beber. Você irá descobrir sensações nunca antes imaginadas.

Referência: Vinhos, O Essencial; Jose Ivan Santos

A combinação entre pratos e vinhos nada mais é que um jogo delicioso que se pratica a mesa. Existem regras bem específicas para harmonizar sabores de um prato e de um vinho. O fundamental é o equilíbrio entre ambos: o prato e o vinho devem se completar e nunca se sobrepor.

Vinho Tinto Harmoniza

Alguns fatores importantes a se considerar são as combinações de peso, intensidade, taninos, madeira e álcool. Confira abaixo algumas dicas essenciais da harmonização de vinho com a comida:

Vinho ácido

 • Escolha pratos que sejam ricos, cremosos, gordurosos ou salgados para contrabalancear.

• Combine a acidez da comida com o vinho.

• Use o vinho para equilibrar o calor das especiarias.

Vinho doce

• Ao servir vinho com sobremesa, certifique-se de que a sobremesa seja menos doce que o vinho: caso contrário, o vinho parecera sem graça.

• Se o vinho não for muito doce (meio doce) tente servi-lo com pratos levemente doces ou pratos com toque de especiarias ou pimenta.

• Tente combinar o vinho com pratos levemente salgados: você pode encontrar boas combinações, especialmente com queijos e cozinhas do estilo tropical.

Vinho alcoólico

• Certifique-se de que o prato servido também seja igualmente pesado e rico em personalidade, ou o vinho poderá ofuscá-lo.

• Não sirva o vinho com pratos apimentados ou com especiarias.

• Evite excesso de sal, que ira amplificar a percepção do calor/ álcool.

Vinho tânico

• Sirva os taninos com pratos ricos em proteínas, gordura ou ambos.

• Lembre-se de que entradas pobres em proteína ou gordura podem provocar a sensação de o vinho ser ainda mais tânico.

• Lembre-se de que tanino e especiarias não combinam.

• Utilize ingredientes que sejam amargos (brócolis, berinjela, abobrinha, etc.).

Vinho com carvalho

Barricas  • Combine o toque amadeirado com ingredientes como nozes e especiarias doces, ou com técnicas de cocção (grelhar ou defumar).

• Lembre-se de que o envelhecimento em carvalho enriquece a textura do vinho e harmoniza bem com pratos e molhos igualmente ricos em textura.

Vinho tinto e envelhecido

• Sirva o vinho com carnes malpassadas.

• Tenha em mente que o vinho se torna mais delicado com o tempo: escolha preparações mais simples para que o vinho possa aparecer.

Vinho branco envelhecido

• Sirva o vinho com pratos de características aromáticas semelhantes (nozes, amêndoas e frutas secas).

• Compense a perda da acidez do vinho envelhecido com a acidez no prato: sumo do limão ou um toque de vinagre.

Vale lembrar que essas regras não são tão rígidas e deve-se considerar o paladar de cada pessoa, desde que haja bom senso nas combinações. O importante é experimentar e se deliciar com cada nova descoberta. Bon appetit!

Referências: Vinho e Comida, Ed. SENAC, Jose Ivan Santos e Jose Maria Santana.

Ah, o Porto!

O vinho do Porto é um vinho fortificado, produzido a partir de uvas provenientes da região do Douro, no norte de Portugal.

Região do Douro

Região do Douro

 A “descoberta” do Vinho do Porto é polêmica. Uma das versões conta que a origem data do século XVII, quando mercadores britânicos, em função de conflitos com a França, passaram a abastecer o mercado inglês com o vinho Português como fonte alternativa. No entanto, como a viagem de Portugal era mais longa, os vinhos estragavam mais rápido. Assim, os ingleses adicionaram aguardente para evitar que ele azedasse, já que na época ainda não se utilizavam conservantes.

Barco Rabelo com Pipas de Carvalho

Barco Rabelo com Pipas de Carvalho

 Mas o processo que caracteriza a obtenção deste vinho já era conhecido bem antes do início do comércio com os ingleses. Já na época dos Descobrimentos o vinho era armazenado desta forma para se conservar um máximo de tempo durante as viagens e ainda servia como lastro para as embarcações. A diferença fundamental estava na forma de produção e nas castas utilizadas, hoje protegidas.

O que torna o vinho do Porto diferente dos outros vinhos, basicamente, é o fato de a fermentação do vinho ser interrompida numa fase inicial, com a adição de um aguardente vínica neutro (com cerca de 77º de álcool). Assim, o vinho do Porto é um vinho naturalmente doce, visto que o açúcar natural das uvas não se transforma completamente em álcool, e é mais forte do que os vinhos de mesa (entre 18 e 22º de álcool).

Real Cia. Velha Porto

Real Cia. Velha - Porto Vintage

 Existem três tipos de vinhos do Porto: Ruby, Tawny e Branco.

Porto Ruby

Ruby é o estilo de Porto feito com uvas tintas que passam menos tempo em madeira. De cor mais intensa e aromas frutados, apresenta os seguintes tipos:

  • Comum: jovem, áspero, de sabor pronunciado e doce. Passa em média três anos em madeira.
  • Vintage: é o Porto mais prestigiado, feito com uvas de uma só colheita, em anos excepcionais. Mesmo num ano muito bom nenhum produtor irá declarar um vintage assim que o vinho for feito. O produtor acompanha o desenvolvimento do seu vinho e somente após 18 meses pode ser declarado um vintage ou não. Este vinho, depois de dois anos na madeira, é engarrafado, mas deve passar necessariamente por envelhecimento em garrafa por muitos anos.
  • Late Bottled Vintage (LBV): é do ano que está declarado no rótulo e é engarrafado depois de quatro a seis anos em madeira. Apesar de ser de um ano muito bom, o produtor considera que ele não atingiu o ponto para ser engarrafado como vintage.

Porto Tawny

Tawny  é um estilo de Porto que permanece mais tempo na madeira. Envelhecem dois a três anos nos tonéis, passando depois para os barris de 550 litros. Estes permitem um mais elevado contato do vinho com a madeira e assim ganham ainda mais complexidade aromática, enriquecendo os aromas de frutas secas e adquirindo aromas de madeira, tostado, café, chocolate, mel, etc. As categorias existentes são:

  • Tawny Comum: é envelhecido por até oito anos, apesar de esta informação raramente aparecer no rótulo.
  • Tawny Reserva, com indicação de idade (10 anos, 20 anos, 30 anos e 40 anos): é o Tawny de alta qualidade. Vinhos de vários anos são misturados e a data se refere à idade média dos vinhos na mistura. São vinhos com sabor de frutas secas e se tornam cada vez mais leves com a idade. Geralmente são mais caros.
  • Colheita: é o Tawny elaborado com uvas da mesma safra, somente de anos excepcionais. Geralmente traz a safra da colheita no rótulo.

Porto Branco

Menos conhecido, o vinho do Porto branco é feito exclusivamente a partir de uvas brancas e envelhece em grandes tonéis de madeira de carvalho (20 mil litros). Existem brancos secos, meio-secos e doces. Ainda assim, e devido à forma como o Porto é produzido, o vinho nunca é completamente seco, guardando sempre alguma da sua doçura inicial.

Porto Ramos Pinto

Porto Ramos Pinto

O vinho do Porto tornou-se uma bebida imensamente popular no norte da Europa e hoje está presente em diversos países pelo mundo. Na França, por exemplo, é tradição pedir “un Porto” após as refeições. E você, incluiria uma dose de Porto no seu dia-a-dia?

Referências

  1.  Instituto dos Vinhos do Douro e Porto – Vinhos do Porto: Introdução (2004).
  2. Site: Wikipedia.
  3. Livro: Vinhos, O Essencial; José Ivan Santos.
Beaujolais Nouveau

Beaujolais Nouveau

 O Beaujolais nouveau é um vinho tinto feito da uva Gamay, produzida na região de Beaujolais na França. É um vin de primeur, ou seja, um vinho comercializado no mesmo ano de sua colheita. Fermentado por apenas algumas semanas, origina um vinho muito frutado, leve e fresco.
A região de Beaujolais sempre produziu o “vinho do ano” para celebrar o encerramento da colheita. Mas até o pós-segunda guerra, era produzido apenas para consumo local. Foi apenas em 1951, quando alguns membros da associação de vinho Beaujolais viram um potencial em comercializar este vinho para outros mercados que se estabeleceu o lançamento do que viria a ser chamado de Beaujolais Nouveau. Não era apenas uma maneira de vender um vinho mais simples com boa rentabilidade, mas vender vinhos poucas semanas após a colheita era ótimo para o fluxo de caixa.

 Assim surgiu a idéia de fazer uma corrida a Paris carregando as primeiras garrafas da nova safra, o que atraiu muita mídia e até os anos 70 já havia virado um evento nacional. A corrida se espalhou nos países vizinhos nos anos 80. E hoje já alcança diversas partes do mundo.

 Na França, a chegada do Beaujolais Nouveau é celebrada com festa em bares e restaurantes, que recebem o vinho sempre na terceira quinta-feira do mês de novembro, anunciada com a célebre frase Le Beaujolais Nouveaux est arrivée!!! Essa é talvez uma das maiores jogadas de marketing inventadas pelos franceses.

Garrafas Beaujolais Nouveau

Garrafas Beaujolais Nouveau

 Hoje já são produzidos em torno de 49 milhões de litros de Beaujolais Nouveau por ano, totalizando quase a metade da produção total de vinho da região. Aproximadamente metade dessa produção é exportada, abastecendo principalmente os mercados Alemão, Japonês e Americano.
 O sucesso comercial do Beaujolais Nouveau levou ao desenvolvimento de outros vinhos “primeur” em outras partes da França, como a Gaillac AOC próxima a Toulouse. A prática se espalhou para outros países produtores de vinho, como a Itália com o “Vino Novello”, a Espanha com o “vino nuevo” e até os Estados Unidos com o “nouveau wine”.
O Nouveau deve acompanhar pratos igualmente leves e deve ser bebido a uma temperatura mais baixa que outros tintos: aproximadamente 14ºC. Deve também ser consumido cedo, em até seis meses. Os vinhos das melhores safras e produtores podem ser consumidos em até um ano da fabricação.
No Brasil, a tradição da chegada do Beaujolais Nouveau reúne cada vez mais entusiastas. Em 2009, quase 30 estabelecimentos disponibilizaram o vinho em suas adegas. Veja abaixo os endereços onde você poderá encontrá-los:

Adega Santiago
R. Desembargador Joaquim Celidênio, 16 – Jd. Paulistano
Tel.: 3085-5758

Aizome
Al. Fernão Cardim, 39 – Jardim Paulista
Tel.: 3251-5157

AK Delikatessen
R. Mato Grosso, 450 – Higienópolis
Tel.: 3129-7359

Allez Allez
R. Wisard, 288 – Vila Madalena
Tel.: 3032-3325

Bacalhoeiro
R. Azevedo Soares, 1580 – Vl. Gomes Cardim
Tel.: 2091-6798

Cacilda
Pc. Alfredo Weiszflog, 13 – Vila Romana
Tel.: 3679-2044

Caluma
Av. Nações Unidas, 12901 – Loja 123/124 – Brooklin Novo
Tel.: 5509-1916

Charlô
R. Barão de Capanema, 440 – Cerqueira Cesar
Tel.: 3087-4444

Cosi
R. Barão de Tatuí, 302 – Vila Buarque
Tel.: 3826-5088

Churrascaria Estancia
Av. Vereador José Diniz, 3271 – Santo Amaro
Tel.: 5533-1828

Espírito Santo
Av. Horácio Lafer, 634 – Itaim Bibi
Tel.: 3078-2758

Félix Bistrô
R. José Félix de Oliveira, 555 – Granja Viana
Tel.: 4702-3555

Franciacorta
R. Pais de Araújo, 184 – Itaim Bibi
Tel.: 3071-2226

Jardineira Grill
Av. dos Bandeirantes, 1001 – Vila Olímpia
Tel.: 3845-0299

La Vecchia Cucina
R. Pedroso Alvarenga, 1088 – Itaim Bibi
Tel.: 3079-7115

Ladrillo
R. Inhambú, 1177 – Moema
Tel.: 3562-6499

Le Chef Rouge
R. Bela Cintra, 2238 – Consolação
Tel.: 3081-7539

Le Petit Trou
R. Vupabussu, 71 – Pinheiros
Tel.: 3097-8589

Le Marais
R. Jeronimo da Veiga, 30 – Itaim Bibi
Tel.: 3071-4635

Le Vin Bistrô
Al. Tiete, 184 – Cerqueira Cesar. Tel.: 3091-3924
R. Armando Penteado, 25 – Higienópolis. tel.: 3661-4269
R. Pais de Araujo, 137 – Itaim Bibi. Tel.: 3081-3924

Lucca
R. Quintana, 934 – Cidade Monções
Tel.: 5507-6001

Marcel
R. da Consolação, 3545 – Cerqueira Cesar
Tel.: 3064-3089

Marquês de Marialva
Al. Purus, 265 – Letra A – Alphaville
Tel.: 4191-5360

Quattrino
R. Oscar Freire, 506 – Cerqueira Cesar
3068-0319/3068-0163

Rodeio
R. Haddock Lobo, 1498 – Cerqueira Cesar
3474-1333

Ruffino’s
R. Dr. Mário Ferraz, 377 – Itaim
3074-8800

Rustico Café
R. Itapura, 1535 – Vl. Gomes Cardim
2094-2020

Portucho
Av. Dr. Cardoso de Melo, 1261 – Vila Olímpia
3045-8159
R. Pássaros e Flores, 239 – Jardim das Acácias
5542-3139

Verbena
Av. das Nações Unidas, 18.591 – Santo Amaro
5693-4511

Mistral Importadora
R. Rocha, 288.
Tel.: 3372-3400

E você, já experimentou a moda “nouveau”?

Fontes: Sites Uol, Qvinho e Wikipedia

Bandeira Sul Africana A história do vinho na África do Sul começou com os colonizadores holandeses em 1652, que vinificaram uvas encontradas no sudoeste do continente sul africano. Pouco tempo depois, imigrantes franceses, trouxeram em sua bagagem o conhecimento necessário para elaboração de bons vinhos, dando início ao desenvolvimento da produção vinícola na região.

No século XVIII, o vinho Sul Africano começou a ser comercializado internacionalmente, com a introdução da uva Muscat, da qual se produziu um vinho doce chamado Constantia, que se tornou famoso nas cortes reais da Europa, rivalizando com os conceituados vinhos licorosos de Sauternes e da Hungria. Mas que acabou desaparecendo nos séculos seguintes com os inúmeros conflitos vividos pelo país.

Vinhedos de Stellenbosch

Vinhedos de Stellenbosch

 Foi somente no pós Apartheid que o setor vitivinícola renasceu na África do Sul e seus vinhos voltaram ao mercado internacional, depois de anos de sanções ao comércio com o país. A utilização de uvas nobres, as novas diretrizes de qualidade, as novas tecnologias nos vinhedos e caves permitiram aos vinicultores tirar o melhor proveito de seu terroir único para produzir vinhos vencedores em competições internacionais e exportar para mais de 80 países.

 A produção vinícola hoje no país constitui-se aproximadamente de 80% de uvas brancas e 20% de tintas. Produz excelentes brancos com as uvas Chardonnay, Sauvignon Blanc e Chenin Blanc, apesar de sua marca registrada ser a uva tinta Pinotage – que surgiu em 1925 a partir do cruzamento entre Pinot Noir e Cinsault – e do recente destaque nos mercados internacionais com a Shiraz e Cabernet Sauvignon.

mapa africa do sulO país que sediará a Copa do Mundo de 2010 está investindo para ganhar projeção, e principalmente, conquistar novos mercados. Um dos patrocinadores oficiais é a vinícola Nederburg, pertencente a gigante companhia sul-africana Distell. Originada em 2000, a Distell nasceu a partir de uma fusão de duas tradicionais empresas, a Stellenbosch Farmers’ Winery (SFW) e da Distillers Corporation. Para resumir, basta dizer que a Distell é dona da marca do famoso licor Amarula. Com uma tradição vitivinícola de mais de dois séculos, a Nederburg está localizada no distrito de Paarl (Pérola), a 60Km da Cidade do Cabo. O vinho “Nederburg FIFA Limited Edition Wine” foi especialmente produzido pelos enólogos da vinícola para celebrar a Copa do Mundo de Futebol. A linha trará 2007 Cabernet Sauvignon, a 2009 Sauvignon Blanc e 2009 Dry Rosé.

Aproveite a oportunidade para conhecer um pouco do vinho Sul Africano. E quem sabe, comemorar o “hepta” com uma boa taça de vinho.

Fontes:

-Vinhos: O Essencial; Jose Ivan Santos

-www.enciclopediadovinho.com.br

-www.academiadovinho.com.br

A nova substância traz como vantagem o fato de poder ser “desligada” instantaneamente pela ingestão de uma pílula que permitirá aos condutores voltar para casa ou para o trabalho dirigindo sem culpa. 

bebedeira

Gaspirtz

 

O álcool sintético, que esta sendo desenvolvido a partir de químicos provenientes do Valium, age no sistema nervoso dando uma sensação de bem-estar e relaxamento, da mesma forma que o álcool no organismo. Mas ao contrário do álcool, a substância não afeta outras partes do cérebro que alteram o humor e que levam ao vício. Além de ser muito mais fácil de eliminar do organismo. Basta tomar um “antídoto” que o consumidor do vinho estará sóbrio imediatamente. 

O novo álcool está sendo desenvolvido por um time de cientistas na Universidade Imperial de Londres, liderado pelo Professor David Nutt, um britânico expert em drogas, ex-conselheiro do governo no assunto. O expert idealiza um mundo onde as pessoas possam ‘beber sem se embebedar’. 

A bebida deverá ser transparente e sem gosto a fim de manter as características da bebida em que é adicionada. Eventualmente ela seria usada para substituir o álcool contido na cerveja, no vinho e em destilados e o álcool retirado destas bebidas poderia ser usado com combustível. 

O Professor Nutt acredita que a nova droga, que precisaria de licença, pode ter um efeito drástico na sociedade e trazer melhorias a saúde pública. Algumas estatísticas apontam que entre 2007 e 2008 na Inglaterra houve 800.000 internações em hospitais em função do álcool e mais de 6.500 mortes – com um gasto público de 2.7 bilhões de libras por ano. 

Alcool

Não ao álcool?

 

 De acordo com o Professor Nutt, a aprovação da droga pode ser dificultada em função dos altos custos com os experimentos clínicos, além de ainda não se saber quem pagaria por eles. Ele afirma que a indústria de bebidas não mostrou interesse, mas que alguns países podem ser convencidos a patrocinar o time. 

Fica a pergunta: você trocaria o vinho tradicional por um vinho com álcool artificial? 

Fonte: Telegraph – Reino Unido http://www.telegraph.co.uk/health/healthnews/6874884/Alcohol-substitute-that-avoids-drunkenness-and-hangovers-in-development.html

 

Michelangelo Buonarroti

 O vinho talvez tenha sido descoberto por acaso. É um produto natural decorrente da fermentação de uvas amassadas. Temos na Bíblia (Gênesis 9:20-25) a menção à primeira videira. Noé, herói do Dilúvio, ancora sua arca no Monte Ararat (atual Turquia). Logo planta uma parreira e com as uvas faz, acidentalmente, o vinho. Os filhos o encontram sem roupa, caído no chão em sua tenda e o recompõe com uma túnica.

No teto da Capela Sistina, no Vaticano, existe um célebre afresco de Michelangelo Buonarroti (1568-1646), inspirado na embriaguez de Noé. Há também um mosaico do século 11 na Basílica di San Marco, em Veneza, a mais deslumbrante igreja bizantina da Europa ocidental, que o apresenta ao lado de uma videira, segurando numa mão um cacho de uva e, tendo na outra uma taça com vinho.

Reverendos russos, do Centro Científico-Cristão Parthenit, avaliaram o porre de Noé à luz das reações físico-químicas e afirmam que as condições atmosféricas pós-dilúvio teriam influenciado seu metabolismo alcoólico. Arriscam dizer que foi a primeira embriaguez da raça.

Com o avanço da genética, cientistas da Universidade da Pennsylvania empenham-se em desvendar a “Hipótese Noé”, e buscam o local onde as primeiras vinhas teriam sido domesticadas. O importante é que há 7 mil anos havia parreiras na mesma Turquia de Noé e descobrindo a “parreira-mãe”, será mais fácil traçar a expansão dos vinhedos pelo mundo e suas linhagens.

Cristina, sommelière.

Referências:

Tão antigo quanto o ser humano – JOHNSON, HUGH

Artigo S/A O Estado de S. Paulo