Feeds:
Posts
Comentários

A região de vinhos do Vale dos Vinhedos e arredores revela sempre grandes experiências. Minha história com o mundo dos vinhos teve um marco importante por ali, há sete anos, quando estive a passeio e me descobri encantada com os sabores e poesias de cada produtor, cada parcela de vinhedos e cada nova garrafa aberta. Por isso, para mim, voltar à região traz sempre um bom sentimento. E a certeza de que novas descobertas estão por vir.

vinhedos vinícola GeisseDesta vez estive na região de Pinto Bandeira, logo ao norte de Bento Gonçalves, mais conhecida como a região dos vinhos de montanha. Fui visitar a vinícola Geisse, antiga Cave de Amadeu. Já conhecia bem suas borbulhas de alguns eventos de vinho de que participei, além de saber dos importantes prêmios que receberam nos últimos anos, que deram um importante reconhecimento à qualidade de seus produtos. Alguns dizem que são os melhores espumantes que o Brasil já produziu. Eu prefiro não julgar o que dizem, mas posso sim contar a minha experiência.

Carlos Abarzua Cave GeisseQuem me recebeu foi o Sr. Carlos Abarzua, enólogo da casa, de origem Chilena, mas já com muitos anos de Brasil. Uma figura amável, que me recebeu muito bem e deixou clara a sensação de que para trabalhar com vinhos não basta entender muito do produto. É preciso gostar de pessoas e saber passar com o coração esse conhecimento e essa inexplicável paixão que é o mundo dos vinhos. E assim, Carlos me contou um pouco sobre a história da vinícola Geisse, de seu trabalho e de seus produtos.

Tudo começou quando o enólogo chileno Mario Geisse veio ao Brasil há mais de trinta anos para dirigir a Chandon do Brasil, no Rio Grande do Sul, e viu no terroir da região um potencial interessante para a produção de espumantes. Logo, buscou terras que apresentassem as características desejadas para a produção de borbulhas do mais alto nível. E chegou a Pinto Bandeira, região de montanha que oferece boa amplitude térmica, solos pobres e com boa drenagem e com ventos constantes, que ajudam na sanidade das plantas. Mario Geisse, diretor técnico da Casa Silva, renomada vinícola chilena famosa por seus Pinot Noirs, fundou ali a vinícola Geisse poucos anos após se instalar no Brasil.

garrafas em autólise no pupitre remuageDesde sua criação, Geisse buscou utilizar em sua vinícola métodos pouco difundidos ou quase inexistentes no Brasil na ocasião, como a condução das videiras por espaldeiras, a vinificação por gravidade ou mesmo a produção de suas borbulhas pelo método champegnoise. Ainda hoje, atento às novidades do mercado, Geisse e sua equipe preocupam-se em utilizar métodos e tecnologias inovadoras que dão certo. A novidade mais recente é uma máquina utilizada nos vinhedos com um sistema de ar quente que atua no controle de pragas. Esse sistema foi desenvolvido no Chile e tem mostrado excelentes resultados. A máquina é passada periodicamente por entre as parreiras e sabe-se que, quando a videira é impactada pelo forte jato de ar quente, ela libera uma substância protetora que a fortalece, protegendo-a do ataque de pragas. Além disso, nota-se que o sistema tem proporcionado outros benefícios, tais como o fortalecimento da planta, com folhas mais verdes e resistentes, até uma concentração maior do resveratrol, substância encontrada na casca da uva que fornece benefícios à saúde. Por esses e outros motivos, a vinícola Geisse denomina-se ecologicamente correta, mostrando uma preocupação com a saúde das videiras e da manutenção do meio ambiente.

cantina vinícola Geisse ChardonnayEm minha visita tive a oportunidade de conhecer a cantina da vinícola Geisse em pleno funcionamento, com os tanques cheios e aquele aroma característico de fermentação. O Sr. Carlos me serviu uma taça de seu chardonnay direto do tanque, recém fermentado, apenas aguardando sua estabilização, que mostrou uma riqueza de aromas e acidez marcante. De lá, seguimos para um mirante no alto da propriedade, onde pude apreciar todas as parcelas da vinícola Geisse e sentir no rosto os ventos constantes da região de montanha. Por fim, uma parada na área destinada a eventos para degustação dos produtos tops da casa.

Cave Geisse Brut 2008, Pinto Bandeira, RS

70% Chardonnay, 30% Pinot Noir – 12,5%, 2 anos de autólise

Com perlage abundante e persistente, aromas intensos de fermento, frutas secas e notas tostadas, o espumante apresenta acidez equilibrada, boa persistência e estrutura em boca.

Preço: R$49,00

Cave Geisse Nature 2009, Pinto Bandeira, RS

70% Chardonnay, 30% Pinot Noir – 12,5%, 2 anos de autólise

Perlage abundante, com aromas delicados de frutas secas, leveduras e notas cítricas. O espumante surpreende por sua elegância e equilíbrio.

Preço: R$49,00

Cave Geisse Rosé Brut 2006, Pinto Bandeira, RS

100% Pinot Noir – 12,5%, 3 anos de autólise

Perlage abundante e persistente, coloração rosada e aromas de morangos, frutas vermelhas e notas tostadas. O espumante tem uma característica diferente dos demais produtos da casa – uma rápida passagem por barrica. Elegante, com boa acidez e boa persistência.

Preço: R$82,00

Cave Geisse Terroir Nature 2006, Pinto Bandeira, RS

62% Chardonnay, 38% Pinot Noir – 12,5%, 3 anos de autólise

Perlage abundante e persistente, com aromas de damascos, frutas brancas, fermento e notas florais. Possui bom corpo e cremosidade, boa acidez e ótima persistência.

Preço: R$82,00

espumantes Cave GeisseHoje a vinícola Geisse produz anualmente 170 mil garrafas e seus produtos podem ser encontrados principalmente em empórios e restaurantes. Também exportam para alguns países como Estados Unidos, Inglaterra e Bélgica, apesar de não ser o seu foco. O sucesso da vinícola Geisse certamente vem de muito trabalho, dedicação e paixão aos vinhedos e à produção.

O Sr. Carlos conta que trabalham em busca da perfeição e que o objetivo da vinícola Geisse é se tornar o melhor produto da América do Sul. E deixa o convite para que os apaixonados pelo vinho não percam a oportunidade de visitar a região que está em pleno crescimento e claro, conhecer a vinícola Geisse e seus produtos, que apaixonam naturalmente.

Assim encerrei minha visita com mais uma grande experiência e o sentimento de que os produtos nacionais cada vez mais surpreendem. E que a vinícola Geisse, com as suas borbulhas, é digna do topo da lista.

Conheça: www.vinicolageisse.com.br

Onde encontrar: www.vinhosevinhos.com.br e www.vinhosnet.com.br

Existem algumas situações que acontecem em nossas vidas que são realmente impagáveis. E eu acredito, sinceramente, que quando mandamos uma energia para o mundo, ela volta para nós, nos surpreendendo com momentos quase inacreditáveis. No entanto, na correria do dia a dia, não nos permitimos canalizar essa energia e muitas vezes ela se perde ou é gasta em outras coisas de menor valor. Mas quando estamos em uma situação de descanso e relaxamento, nos abrimos para o cosmos e isso naturalmente acontece.

cachos-de-uvas-vinhos-tintos Quando estive na Califórnia em visita às vinícolas, fui muito bem assistida em quase todas elas. Afinal, os americanos são muito bons de serviço e turismo. Algumas me deram uma atenção mais especial, sabendo que sou profissional do meio, outras não ligaram tanto. E as visitas iam seguindo esse padrão, até que no último dia, visitando a Mondavi, recebi de nosso guia uma dica valiosíssima. Disse que tinha um grande amigo brasileiro, Marcelo, sommelier de uma vinícola chamada Quintessa, logo ali na região. Já tinha minha agenda toda programada para o dia, mas pensei que seria muito interessante se conseguisse uma visita com o brasileiro. Certamente um brasileiro morando nos Estados Unidos por sabe lá quanto tempo, me receberia muito bem. E assim mudei minha rota para ver se o encontrava na Quintessa.

Chegando lá, me perguntaram se eu tinha reserva e me informaram que as visitações estavam lotadas até as próximas semanas. Acabei deixando um bilhete para ele, me apresentando e avisando que voltaria mais tarde. Segui com minha agenda e retornei após o almoço, somente para descobrir que ainda não haviam entregado o bilhete. Confesso que por um instante pensei se valeria à pena insistir. Mas meu feeling me disse que sim. Fiquei esperando até que conseguissem resgatar o Marcelo por um rápido instante e ele, todo atrapalhado, me cumprimentou, pediu desculpas pela correria e perguntou se eu poderia voltar no fim do dia que ele me receberia com o maior prazer. Era tudo o que eu precisava escutar.

Retornei no fim do dia, quando a vinícola já começava a encerrar suas atividades. Marcelo apareceu com um jipe, abriu a porta e me convidou a entrar. E assim saímos para um passeio na vinícola.

vinícola-quintessa-vinhos-boutique A Quintessa foi fundada em 1989 por um casal de chilenos apaixonados por vinho na região de Rutherford, em Napa. Com 280 acres de extensão, uma diversidade geográfica, diferentes microclimas e tipos de solo, a propriedade tinha todo o potencial para produzir um vinho de criação singular. Assim, o casal iniciou um trabalho tendo em conta práticas agrícolas que mantivessem a saúde e vitalidade da propriedade, incluindo toda a sua fauna e flora. Hoje a vinícola segue os preceitos e técnicas da biodinâmica e produz vinhos que refletem as características de seu terroir.

Já havia lido e estudado sobre os conceitos da biodinâmica, mas essa foi minha primeira experiência em uma vinícola desse estilo e com uma filosofia tão bonita. A biodinâmica é uma prática que busca trabalhar as energias que criam e mantém a vida na propriedade. Isso significa tratar a propriedade como um organismo vivo, buscando um equilíbrio para a videira e para o solo através de um cultivo orgânico, do uso de preparos naturais como fertilizante e energizante e considerando o compasso dos ciclos naturais da terra e do cosmos.

recanto-vinícola-quintessa-harmonizações Conforme caminhava pela propriedade e ouvia as histórias do Marcelo, reparava em cada detalhe encantador desse organismo vivo. Borboletas voando ao redor das flores, um coelho saltitante passeando por entre as videiras e, acredite, um veado cruzando nosso caminho. “Daqui nada sai e nada entra”, me falou Marcelo. A propriedade é auto-sustentável. Não se utiliza tratores, pesticidas artificiais, nem aditivos químicos em seus vinhos e todo fertilizante ou pesticida é produzido ali mesmo, com elementos da própria natureza. A seleção das melhores uvas é feita manualmente e todo o processo de vinificação é feito por gravidade. As uvas são recebidas em um ponto mais alto e as etapas da vinificação acontecem verticalmente, até que o vinho descanse nas barricas, no ponto mais baixo da vinícola. Essa prática reduz o consumo de energia e a poluição do ambiente com maquinários.

Subimos e descemos morro, passamos por um lago, onde a proprietária Valéria construiu um pequeno templo de meditação chinês, passamos por um bosque e subimos novamente até o ponto mais alto da vinícola. Ali, a paisagem era estonteante e era possível ver uma boa parte da vinícola e suas parcelas. O recanto é utilizado para visitas especiais com harmonização de pratos locais com os vinhos da casa.

Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Petit Verdot e Carmenère são plantados e vinificados separadamente, por parcela, totalizando quase 100 vinhos diferentes que depois são combinados e transformam-se em um único vinho. Um trabalhão!

Depois de muitas histórias, dicas e descobertas, finalmente fomos à degustação:

Quintessa 2005, Rutherford, Napa

18 meses em barrica, 14,9%

Aromas intensos de frutas negras maduras com fundo de baunilha e toques de especiarias. Em boca, taninos elegantes, bom corpo e longa persistência.

Quintessa 2006, Rutherford, Napa

18 meses em barrica, 14,6%

Aromas de frutas negras com notas de café e baunilha. Em boca, taninos equilibrados, bom corpo e complexidade.

Quintessa 2007, Rutherford, Napa

19 meses em barrica, 14,6%

Aromas de frutas negras, notas de café e especiarias. Em boca, bom corpo, intensidade e taninos marcantes.

A experiência na Quintessa foi rica e única. Não somente foi uma visita com o calor aconchegante do Brasil ou que aguçou meus sentidos em cada gole com a expressão do terroir, mas foi também uma nova percepção da interação do ser humano com a natureza e o cosmos. Assim encerrei minha visita à região dos vinhos na Califórnia.

Saiba mais: http://www.quintessa.com

Battle-For-Wine-And-LoveNo mundo dos vinhos existe uma máxima que diz que não existe vinho bom ou ruim, existe sim o vinho que você gosta e o que não gosta. Isso significa que cada ser humano é único e tem o paladar diferente do outro. Portanto, não existe e nem deve existir uma verdade universal. E por isso o mundo dos vinhos é tão encantador e nos promove grandes surpresas a cada garrafa aberta. Mas será que na prática essa máxima funciona?

Recentemente li um livro que achei muito interessante e que nos faz questionar essa máxima e refletir sobre o caminho que estamos trilhando no mundo dos vinhos. O livro “A batalha por vinho e amor, e como salvei o mundo da Parkerização”, de Alice Feiring, escritora de vinhos e ex-jornalista do The New York Times, não é somente uma crítica ferrenha à padronização mundial do vinho, mas é também uma viagem fascinante por vinícolas tradicionais do velho mundo, apresentando as descobertas da jornalista em uma linguagem descontraída e os desafios enfrentados por famílias que há séculos vivem do vinho. Na obra, Alice faz um alerta aos leitores amantes do vinho para que a nossa máxima, que é a grande magia do mundo dos vinhos, não se perca.

Wine-Advocate-Robert-ParkerSem querer desmerecer o trabalho dos críticos de vinho, que muito merecem meu respeito e certamente têm muito que nos ensinar de suas descobertas e avaliações, mas devo concordar com a jornalista quando vemos que a crítica de vinhos, um conceito criado para servir de orientação para que as pessoas saibam o que esperar de um vinho, tem se mostrado uma análise característica, apresentando o paladar e a opinião pessoal do crítico. Aqui falamos especialmente de uma pessoa que fez de seu nome uma marca com tal força que sua crítica tem se tornado uma verdade absoluta. Se você ainda não descobriu de quem estamos falando, apresento-lhe Robert Parker: crítico de vinhos mais famoso do mundo, que lançou em 1978 uma publicação de avaliação de vinhos, o The Wine Advocate Journal, nos Estados Unidos, que tem hoje mais de 55.000 assinantes e está presente em mais de 37 países.

Alice Feiring em sua obra aponta a culpa da padronização do vinho, particularmente, a Robert Parker. Para ela, o crítico americano é o responsável pelo triunfo dos vinhos “carregados”, com excesso de madeira, encorpados e opulentos que hoje se bebe em toda parte. Ela não confia nas novas técnicas utilizadas pelos enólogos modernos, que vão desde o emprego de osmose inversa, micro-oxigenação, acréscimo de taninos, enzimas, leveduras selecionadas até a maturação intensa em barris de carvalho novo – e que escondem toda a identidade do vinho.

alice-feiringEm suas viagens, Alice descobriu vinhos que, por não agradarem ao paladar de Parker, ficam à sombra e não fazem sucesso. Esses são especialmente os vinhos produzidos com uvas cultivadas em agricultura orgânica ou biodinâmica e vinificados naturalmente. No entanto, já se vê produtores que, em função da não aceitação de seus vinhos por Parker e do quanto isso afeta seus negócios, começam a se “adequar” àquilo que é visto como “um bom vinho”, em busca de uma boa avaliação e pontuação de Robert Parker – e os rios de dinheiro que vem junto a isso.

Que atire a primeira pedra quem nunca se deixou levar por um vinho que tivesse uma pontuação acima de 90 na avaliação de RP. Será que não é hora de começarmos a fazer a nossa própria avaliação, tendo em conta o que é verdadeiro para nós mesmos, sem ter vergonha de gostar de um vinho diferente e sem nos preocupar ou nos deixar influenciar pelo que dizem os famosos críticos?

Saiba Mais:

http://www.alicefeiring.com/

http://www.erobertparker.com/

“Uma refeição sem vinho é como um dia sem sol”.

Robert G. Mondavi
logo Robert Mondavi WineryQualquer apaixonado por vinhos que já tenha bebido um bom californiano certamente já ouviu falar em Robert Mondavi. Considerado um marco na história vinícola americana, Mondavi construiu um império e foi responsável por importantes inovações que viriam a colocar os Estados Unidos no mapa vinícola mundial e elevar o Novo Mundo à categoria de produtor de grandes vinhos.

A história da família Mondavi tem início com Cesare Mondavi, que vindo da Itália na época da Lei Seca americana, comprou terras na Califórnia para plantar e vender uvas. Com o fim da Lei Seca, comprou uma pequena vinícola em Napa e passou a fazer vinho de garrafão. Seus filhos, Robert e Peter viriam a trabalhar com o pai nos negócios da família.

Naquela época, o mercado de vinhos de garrafão era dominado pelas grandes vinícolas, como a Gallo, por exemplo. E não era um mercado lucrativo para as pequenas vinícolas. Foi quando a família comprou uma vinícola antiga chamada Krug, que foi totalmente renovada.

Sede Vinícola Robert MondaviCom o falecimento do pai, Robert e seu irmão começaram a divergir sobre o futuro da vinícola. Robert queria investir na produção de vinhos de alta qualidade, enquanto seu irmão preferia seguir um caminho mais conservador. Assim, os irmãos se separaram e em 1966, Robert Mondavi fundou sua própria vinícola, a Robert Mondavi Winery e foi em busca do seu sonho: produzir vinhos californianos de alta qualidade, que pudessem ser equiparados aos melhores vinhos do mundo.

A nova vinícola já utilizava muitas das inovações que Robert havia introduzido a Califórnia. Algumas delas que foram fundamentais para a evolução e crescimento do mercado vinícola americano, tais como a utilização de equipe especializada em viticultura e vinificação, separadamente, o aperfeiçoamento do vinhedo para extrair todo o potencial da uva, investimento em tanques de fermentação a frio e rolhamento a vácuo, a utilização de pequenas barricas de carvalho francês e a utilização de rótulos com o nome do varietal que compunha o vinho.

fumé blanc Robert mondavi WinerySeu primeiro vinho produzido foi um Chenin Blanc, mas foi somente com o lançamento de seu primeiro Sauvignon Blanc, com uma nova fórmula que produziu um vinho diferente do que era conhecido nas terras da Califórnia, que seus vinhos começaram a ganhar destaque. Mondavi chamou seu vinho por um nome utilizado na região do vale do Loire, na França, mas nada conhecido nos Estados Unidos – Fumé Blanc – o que tornou o vinho um sucesso ainda maior.

Nos anos seguintes, a vinícola ganhou notoriedade com seu Cabernet Sauvignon e até 1975 seus vinhos já eram distribuídos por todo o país. Logo começaram a exportar. A reputação do vale de Napa foi ainda melhorada quando o Barão Phillipe de Rothschild anunciou planos para colaborar com Robert Mondavi na produção de um vinho super premium, que viria a se chamar Opus One. Na época, o consumo de vinhos premiun aumentava consideravelmente e o comprometimento de Robert Mondavi com a qualidade de seus vinhos o tornava uma marca forte na indústria do vinho.

Mondavi continuou a expandir e comprou outras vinícolas, como a Woodbridge, no segmento de vinhos finos de baixo custo.

Na década de 90 iniciou-se a transição da empresa para uma nova geração e os filhos de Robert Mondavi, Tim e Michael, assumiam os negócios da família.

A partir daí, os Mondavi começaram a investir em publicidade com o intuito de estimular o consumo de vinhos nos Estados Unidos. E nos anos que seguiram, grandes investimentos foram feitos não somente nos vinhos, mas em arquitetura, experiências enoturísticas e um retorno às técnicas tradicionais de produção de vinho. Além disso, criou-se o Centro Americano de Comida, Vinho e Artes (COPIA), um museu dedicado à cultura do vinho e comida, com diversas atrações que viriam a dar maior destaque para a região e tornar-se um centro referência.

Hoje a vinícola recebe mais de 350.000 visitantes por ano e possui cerca de oito opções de visitação e degustação de seus vinhos. Além disso, a Mondavi fechou uma Parceria com a Arboleda, vinícola Chilena e a Rosemount, Australiana numa colaboração de promoção e vendas de seus vinhos nestes mercados.

Robert teve um importante papel na promoção dos vinhos da Califórnia. Ele acreditava que a região tinha o potencial de produzir vinhos do mesmo nível dos países do velho mundo. Hoje pode descansar em paz, sabendo que deixou um legado inestimável para a indústria de vinhos americana e fez de sua paixão um exemplo a ser seguido.

Confesso que minha experiência de visitação na Robert Mondavi foi surpreendente. Pensando em uma vinícola de tal porte, em que o agendamento de visitação é feito online, não imaginava receber um atendimento tão caloroso e amigável, quase personalizado, como foi o que recebi pelo Tom, guia de visitação. Foi uma aula sobre a história da vinícola e uma excelente oportunidade para degustar e conhecer mais sobre seus principais vinhos.

Notas de Degustação Robert Mondavi Winery:

 

Robert Mondavi Winery Fumé Blanc 2008

6 meses de barrica, 14,5%

Aromas de limão, pêssego, maracujá e leve amanteigado. Médio corpo, boa persistência e acidez. Excelente!

Preço na vinícola: $40,00

Robert Mondavi Winery Pinot Noir 2008

12 meses de barrica, 15,5%

Aromas de cerejas maduras, especiarias e um leve toque de baunilha. Em boca, cheio, bom corpo com notas de especiarias. Muito bom.

Preço na vinícola: $60,00

cabernet sauvignon reserve Robert MondaviRobert Mondavi Winery Cabernet Sauvignon Reserve 1999

94 pts Wine Spectator

14 meses de barrica. 14,1%

Aromas de frutas negras, notas de cassis, baunilha e doce de abóbora. Enche a boca, ótima acidez. Está perfeito!

Preço na vinícola: $140,00

Robert Mondavi Winery Cabernet Sauvignon Reserve 2002

92 pts Robert Parker

14 meses de barrica. Aromas de frutas negras, baunilha e caramelo. Excelente corpo.

Preço na vinícola: $140,00

Robert Mondavi Winery Cabernet Sauvignon Reserve 2005

92 pts Wine Spectator

14 meses de barrica. Aromas de frutas negras e licorosos, com toque de azeitona preta e baunilha. Em boca, taninos bastante presentes e acidez marcante. Pode esperar.

Preço na vinícola: $140,00

Robert Mondavi Winery Cabernet Sauvignon Reserve 2006

96 pts Wine Spectator

14 meses de barrica. Aromas de frutas negras e leve toque de azeitona preta. Taninos bastante presentes. Ótimo potencial de guarda.

Preço na vinícola: $135,00

Robert Mondavi Winery Cabernet Sauvignon Reserve 2007

14 meses de barrica. Aromas de frutas negras, cedro e especiarias. Em boca, frutas negras, bom corpo, taninos agradáveis. Vai evoluir muito bem.

Preço na vinícola: $130,00

Aqui no Brasil você encontra vinhos da coleção Robert Mondavi Private Selection, uma linha intermediária da Robert Mondavi na Wine.com.br.

Saiba mais:

Vinícola Robert Mondavi: www.robertmondavi.com

COPIA: www.openroad.tv/index.php?categoryid=16&p25_id=303

Wine: www.wine.com.br

borbulhas champangne Os ingleses inventaram o vinho espumante no século 17, quando o cientista Christopher Merret descobriu que se adicionasse açúcar ao vinho já pronto, levaria a uma segunda fermentação, resultando em um vinho com borbulhas. Porém, os britânicos pouco puderam se beneficiar dessa descoberta, pois o clima frio e úmido das terras inglesas não favorecia a produção de uvas maduras para um vinho de qualidade. Algumas décadas depois, um monge francês chamado Dom Pérignon adaptou a idéia e criou uma bebida de sucesso: o Champagne.  

Até pouco tempo atrás, falar em espumante inglês poderia soar como uma brincadeira. Mas com o fenômeno do aquecimento global na última década, aliado a melhores técnicas de produção, os britânicos talvez consigam dar o troco. Há um ano, um pequeno produtor de espumante inglês, chamado Nyetimber Estate, foi nomeado “o melhor espumante do mundo” em uma degustação de prestígio na Itália, derrotando dezenas de espumantes como Louis Roederer, Bollinger e Pommery. Isso nos mostra que as borbulhas inglesas estão em ascensão.

Dados oficiais indicam que a última década foi a mais quente dos últimos tempos no mundo. Para os produtores ingleses, isso levou a frutas mais maduras e concentradas, adequadas para a produção de espumante. Do ano de 2000 até 2008 o número de produtores cresceu de 363 para 416. Alguns dizem, inclusive, que 2009 foi a melhor colheita que jamais viram.

No entanto, muitos connoisseurs insistem que nenhum vinho espumante consegue atingir a finesse e os sabores do Champagne, feito somente na região de Champagne. Mas ao mesmo tempo, o espumante inglês começa a “estourar” algumas borbulhas francesas.  Alguns espumantes já ganharam dezenas de prêmios internacionais e foram, inclusive, servidos no aniversário de 80 anos da rainha Elizabeth.

A produção anual de Champagne chega a 320 milhões de garrafas e é gigantesca perto das 1,4 milhão de garrafas de espumantes produzidas pelos ingleses. Ainda assim, alguns representantes de grandes casas de Champagne como Louis Roederer, Pol Roger e Duval-LeRoy chegaram a visitar algumas vinícolas na Inglaterra – os seus pequenos rivais.

O aumento da temperatura também ajudou os produtores franceses, mas se a tendência continuar, isso pode representar uma ameaça. O Reino Unido é um dos maiores importadores de Champagne no mundo, mas hoje a demanda por espumantes locais está “pegando”.

Chapel Down English Rose Vintage Reserve Recentemente, tive a oportunidade de degustar um espumante inglês trazido por um primo, a quem recorri para essa experiência. Confesso que, em acordo com meus colegas confrades que compartilharam do momento, fui surpreendida, não somente com a novidade, mas com um vinho espumante muito bem elaborado, elegante e com uma riqueza de aromas muito interessante. Esse foi o Chapel Down English Rose Reserve Vintage, produzido na pequena vila de Tenterden em Kent. Talvez ainda longe das características marcantes de um grande Champagne, mas digno de reconhecimento no mapa vinícola mundial.

Chapel Down: www.englishwinesgroup.com

Nyetimber Estate: www.nyetimber.com

Ridgeview Estate: www.ridgeview.co.uk

Referência: The Wall Street Journal, 21 de maio de 2010, Gautam Naik.

O dia de ontem não foi somente um número cabalístico no calendário de 2011. Foi também uma data que marcou o início de mais uma confraria de amigos do vinho. Reunimos oito colegas, de diversas especialidades, mas todos, de certa forma, ligados ao mundo dos vinhos. E inauguramos a confraria com o seguinte tema: Vinhos de Garage ou Boutique. Mas o que classifica um vinho como sendo de Garage ou Boutique?

Confraria-amigos-do-vinho-da-abs

Da esquerda para direita: Márcia Gombos, Arlene Colucci, Maria Uzeda, Cristina A. Prado, Bruno Vianna, Gustavo e Rafael Porto. Faltou o Yuri Bernad, que estava fotografando.

O conceito surgiu no início da década de 90 na França, com Jean Luc Thunevin, em Saint-Émilion, região de Bordeaux. Thunevin resolveu fazer um vinho especial: o Château Valandraud, com 1,5 mil garrafas produzidas na sua garagem, com barricas novas e todo o cuidado dos grandes vinhos franceses. Inicialmente, o seu sonho foi criticado pelos especialistas no assunto. Mas o Château Valandraud era tão especial que Thunevin virou mito e fonte de inspiração para a nova geração de produtores de vinhos de alta qualidade.

vin_garage_boutique O vinho de Garage ou Boutique tem como princípio uma produção limitada. Os produtores deste estilo de vinho acreditam que o segredo está na uva e no vinhedo. E não é preciso se fazer quase nada na vinificação se a uva for bem tratada. Evita-se manipulações, pesticidas ou aditivos, de forma que o vinho possa carregar consigo as peculiaridades da terra onde nasce, as características da variedade que o identifica e um pouco de cada um daqueles que participaram de sua concepção. A idéia aqui é oferecer ao consumidor a experiência única da expressão do terroir.

E foi buscando esse conceito que fizemos a seleção dos rótulos a serem degustados pelo grupo na confraria, conforme veremos a seguir:

SAVIGNY LES BEAUNE 2007

Domaine C & C Marechal, Borgonha, França

Uvas: 100% Pinot Noir

Produção: Produzido num pedaço de terra de apenas 1,6 hectares. Para a vinificação, somente leveduras naturais do terroir são usadas. A maceração dura mais de vinte dias. Fica em barris de carvalho por um período de 12 a 18 meses e é envelhecido na borra para encorajar a expressão de seus aromas.

Características: De coloração rubi com reflexos alaranjados, aromas elegantes de ameixa seca, baunilha, aroma de couro e mate e taninos aveludados. Degustado às cegas, foi facilmente identificado como um Borgonha. É um vinho delicado e fácil de beber. Intensidade aromática bastante sutil e pouco persistente.

Tempo de guarda: Está pronto pra beber.

Preço: R$173 – www.delacroixvinhos.com.br

Sobre o Produtor:

Criado em 1981 o Domaine cultiva 10 hectares de vinhas espalhadas por 6 comunas do famoso “Côte de Beaune”. Claude Maréchal, seu proprietário, é um talentoso produtor de vinhos que em seus quase 40 anos, seguiu os passos de seu mentor Henri Jayer (um dos últimos gênios do vinho). Em seu trabalho nenhum herbicida é utilizado, a colheita é manual e a poda é severa para manter a produção dos cachos de uva baixa. A vinificação é feita em tonéis abertos de madeira e a fermentação não é induzida pela adição de leveduras. Sua intenção é produzir “vins de plaisir”, que oferecem uma experiência agradável a todos.

  

TORMENTAS FULVIA GARAGEM 2009

Tormentas_Fulvia_2009 Encruzilhada do Sul, Brasil

 

Uvas: 100% Pinot Noir
Teor Alcoólico: 12,14% vol
 
Produção:

Colheita manual em caixas de 15,5 Kg, desengace manual, com seleção visual de grãos, remontagem manual por pigeage (sem uso de bomba), transporte do mosto por gravidade, sem bombeamento de sólidos, adição de leveduras enológicas e baixo teor de sulfito.
Foram produzidas somente 990 garrafas.

Características: Apesar de ser um vinho jovem, apresenta uma coloração de vinho evoluído, bastante transparente e quase atijolado. Pudemos notar também a presença de pequenas bolhas, o que pode ser um indício da presença do fungo Brettanomyces, que em pequena quantidade não é considerado um defeito, mas pode influenciar nas características visuais e aromáticas do vinho. O que de fato aconteceu. O vinho apresentou um aroma intenso de caça, que quase chega a incomodar. Outros aromas como baunilha, cassis, figo e notas florais também foram identificados. De corpo leve, taninos aveludados e boa persistência, é uma proposta diferente.

Tempo de guarda: Está pronto pra beber.

Preço: R$ 120,00 unitário – http://www.tormentas.com.br
 
Sobre o Produtor:

O Projeto Tormentas é um projeto de Marco Danielle, que tem como meta elaborar vinhos sérios, capazes de consolidar o vinho brasileiro no mundo com o respeito da comunidade internacional, confirmando o Brasil como mais uma nação produtora de vinhos de terroir, à altura do que de melhor se faz no mundo, sem contudo abrir mão de uma pureza de uma vinicultura radicalmente natural, rejeitando correções, aditivos químicos e manipulações, usando as melhores uvas como único ingrediente no objetivo de expressar terra e fruta com franca honestidade e o mínimo de intervenção.

 

SOLUNE ZINFANDEL 2006

Solune Winery, Sierra Foothils, Estados Unidos

Região: Sierra Foothills, Califórnia
Uvas: 100% Zinfandel
Produção: 1.000 caixas
Envelhecimento: 16 meses em barris de carvalho francês e americano.
Álcool: 15,2% GL.

Características: De coloração rubi, pouco transparente e brilho intenso. Possui boa intensidade aromática, expressando fruta em compota, anis, baunilha e melado. Em boca, bom corpo e taninos agradáveis, com notas de caramelo, pimenta e certo tostado. Degustado às cegas, não teve sua casta ou região identificados, e foi confundido por vinhos de região quente, como um Malbec Argentino ou um vinho Alentejano. O vinho provocou em um dos participantes do grupo uma lembrança interessante de infância, da calda de caramelo do pudim da avó.

Preço: R$259,00 – http://www.wineexperience.com.br

Sobre o Produtor:

Refletindo as raízes francesas do viticultor de origem canadense Jacques Mercier, a denominação Solune é a somatória de soleil e lune, traduzindo os não poucos trunfos das uvas seletas que crescem na bela área de Sierra Foothills, onde se complementam o sol e a lua, como o brilho rico e a maciez sedosa que honram as incríveis caudalies que ele é capaz de ostentar.

EME 2007

E-M-E-Casado-Morales Casado de Morales, Rioja Alavessa, Espanha

Uvas: 100% Graciano

Grau alcoólico: 13,8%

Produção: 6.500 garrafas

Tempo de barrica: Fermentação em depósitos de aço inoxidável de 5.000Kg, com contínuos controles de temperatura (28ºC). Onze meses em barricas novas de carvalho francês, americano, romeno, húngaro, chinês e 4 meses em garrafa com contínuos controles.

Características: Coloração violácea escura bem fechada e negra, quase impenetrável, característica da variedade. Apresenta aromas intensos de cedro, com notas de tabaco, chocolate e ameixa. Possui boa intensidade aromática e persistência. Em boca, bom corpo, taninos agradáveis e ótima personalidade. Degustado às cegas, foi identificado como velho mundo e possivelmente um Rioja. Porém a casta não foi identificada. Teve a melhor aprovação pelo grupo.

Preço: R$130,00 – http://www.CultVinho.com

Sobre o Produtor:

Os vinhedos próprios da família dão um caráter consistente ao vinho. Estão localizados em uma das mais prestigiadas regiões produtoras do mundo, Rioja Alavessa em Laguardia e Lapuebla de Labarca, a uma altitude de 430-580 metros acima do nível do mar.

O microclima único, altitude, latitude e solo, com uma temperatura anual média de 13ºC, e a cadeia de montanhas de Sierra Cantabria que protege os vinhedos dos ventos gelados do norte criam um terroir único para cada um dos vinhedos.

Seu peculiar sistema de cultivo os tem permitido desenvolver um sistema de controle e permitido elaborar vinhos de altíssima qualidade, descobrindo o potencial de cada um dos vinhedos.

E a noite de descobertas não acabou por aí. Para celebrar o início da confraria de amigos amantes vinho abrimos um espumante inglês, que não se classificaria como um vinho de garage, mas que foi, certamente, uma interessante novidade, já que a Inglaterra não possui expressão internacional na produção de vinhos. Mas esse é outro assunto que iremos discutir na próxima semana. Fique atento!

madame lilly bollinger “Eu bebo Champagne quando estou feliz e quando estou triste. Por vezes eu bebo quando estou sozinha. Mas quando tenho visitas é imprescindível. Eu beberico se não tenho fome e bebo, se tenho. Caso contrário, eu nunca bebo. A menos que tenha sede.”

Madame Lily Bollinger

Como já dizia Madame Lily Bollinger, da famosa Maison Bollinger, o Champagne ou o vinho espumante é uma bebida versátil, que combina com diversas ocasiões. Porém, no Brasil, é no fim do ano que as prateleiras se recheiam com essa bebida, símbolo da celebração. Isso pode muitas vezes gerar uma confusão na mente do consumidor na hora de escolher suas borbulhas. Champagne? Prosecco? Cava? Afinal, o que os diferencia?

Basicamente, as características que classificarão cada tipo de vinho espumante são: o método de elaboração, a região onde é produzido, as castas utilizadas e o teor de açúcar. Vamos conhecer um pouco mais sobre essas características:

Métodos de elaboração

Os métodos mais comuns para elaboração de espumantes partem de duas fermentações. A primeira, a fermentação alcoólica que transforma os açúcares do suco de uva em álcool e a segunda, que é a que propicia a formação das borbulhas. A segunda fermentação pode ocorrer de duas maneiras: pelo método tradicional (ou Champegnoise) ou pelo método Charmat.

Remuage Champagne No método Champegnoise, a segunda fermentação ocorre na garrafa, ou seja, o gás carbônico produzido é retido dentro da própria garrafa que chegará ao mercado. Sua produção é uma arte. Após a segunda fermentação, o subproduto da ação da levedura sobre o açúcar deposita-se no fundo a garrafa. As garrafas então são giradas regularmente para que o líquido esteja em contato com os sedimentos, influenciando em sua complexidade, até que a garrafa seja totalmente virada de cabeça para baixo e seus sedimentos se acumulem no gargalo. Esse processo é conhecido como remuage. Ao final da maturação, o gargalo é congelado para retirada do depósito de sedimentos, ou borra, que é expulsa pelo gás sob pressão formado e a garrafa é arrolhada finalmente.

Já no método Charmat, a segunda fermentação é feita em grandes tanques de aço inoxidável, chamadas de autoclaves. O gás carbônico produzido nesses tanques é retido e o líquido é engarrafado sob pressão. Nesse método é mais fácil extrair os resíduos das leveduras.

Classificação quanto ao nível de açúcar

O vinho espumante é, em geral, seco, pois o açúcar existente no suco de uva é totalmente consumido pelas leveduras. Para ajustar o produto às diferentes preferências em relação ao grau de doçura, usa-se o licor de expedição – basicamente uma mistura de vinho, açúcar e agente clarificante – que é adicionado antes do engarrafamento (método Charmat) ou no momento da retirada dos resíduos das leveduras (método Champegnoise).

A quantidade de açúcar do espumante tem relação direta com seu sabor, gerando classificações que vão do Extra Brut ao Doce. De acordo com a legislação brasileira, as classificações são as seguintes:

Brut Nature                                       É aquele sem adição de açúcar

Extra Brut                                           0g a 6g de açúcar por litro

Brut                                                      6g a 15g de açúcar por litro

Sec / Seco                                          15g a 20g de açúcar por litro

Meio Seco/ Demi-Sec                   20g a 60g de açúcar por litro

Doce                                                    mais de 60g de açúcar por litro

Espumantes ao redor do mundo

Alguns dos espumantes mais conhecidos são produzidos de acordo com determinadas especificações, tanto em relação à região em que são elaborados, quanto aos tipos de uvas utilizadas, recebendo denominações particulares.

Champagne

taittinger champagne É o mais famoso dos espumantes. Frequentemente, o nome Champagne é utilizado de forma equivocada para referir-se a qualquer tipo de espumante. Mas na verdade, somente pode ser chamado de Champagne o vinho espumante produzido na região demarcada na França que leva o mesmo nome. Além disso, deve ser produzido pelo método Champegnoise e a partir das uvas tintas Pinot Noir e Pinor Meunier e da branca Chardonnay.

Dicas:

-Veuve Cliquot e Taittinger, para quem não conhece, vale conhecer. Podem ser encontradas em qualquer empório de vinhos ou loja especializada. Preço médio: R$180,00.

Crémant

São espumantes produzidos na França, em regiões como Borgonha, Limoux e Loire, entre outras, respeitando as especificações de cada uma das AOCs (Appellation d’Origine Controlée). Além disso, é feito pelo método tradicional.

Prosecco

Recebem esse nome os espumantes produzidos nas cidades de Connegliano ou Valdobbiadene (no Vêneto, Itália), elaborados pelo método Charmat e com a casta das uvas Prosecco. No entanto, vale ressaltar que a uva Prosecco tem dado excelentes resultados no terroir brasileiro e produzido espumantes de qualidade comparável aos italianos.

Dica:

-Prosecco Salton é um ótimo custo-benefício e pode ser encontrado em qualquer rede de supermercados. Preço médio: R$26,00.

Asti

Espumante meio-doce e com baixa graduação alcoólica (6 a 7%) elaborados com uvas Moscato na cidade de Asti, na Itália. É produzido através de uma variação do método Charmat, na qual a base é um mosto que passa por primeira e única fermentação em granes tanques.

Franciacorta

Produzido pelo método tradicional a partir de uvas cultivadas nas colinas de Brescia, na Lombardia, a partir de uvas Chardonnay, Pinot Blanc e Pinot Noir. É considerado um dos espumantes mais sérios produzidos na Itália.

Cava

Nome dado aos espumantes espanhóis, em sua maioria, produzidos pelo método Champegnoise na região da Catalunha, a partir das uvas Xarel-lo, Parellada, Macabeo e Chardonnay.

Dicas:

-Cordoniú ou Freixenet são as mais populares e fáceis de encontrar nos grandes mercados. Preço médio: R$60,00

Sekt

Nome dado aos espumantes alemães majoritariamente feitos pelo método Charmat. Podem ser produzidos a partir de uma variedade de uvas e até mesmo utilizando-se vinhos base vindos de fora da Alemanha, desde que o processo de segunda fermentação aconteça em território alemão. É curioso lembrar que a Alemanha é o país com maior consumo per capita de espumantes do mundo.

champagne celebrar a vida Contudo, é preciso deixar claro que nem tudo que borbulha é espumante. Nos espumantes verdadeiros, o gás carbônico deve provir da fermentação. Assim, vinhos gaseificados artificialmente, como os vinhos frisantes, cujo CO2 é injetado, não são classificados como espumantes. Um exemplo de vinho frisante é o famoso Lambrusco, que costuma agradar o paladar do brasileiro.

 Agora que você já é um conhecedor das borbulhas, por que não seguir os conselhos da madame Bollinger e aproveitar cada momento para abrir uma garrafa e celebrar, simplesmente, à vida?

Referência: Almanaque do Vinho edição 3.

Tempo de celebrar!

Fechamento de cota, planejamento 2011, corre-corre, férias chegando, verão começando, 13º salário, lista de presentes e muitas outras atividades para cumprir nos próximos dias… O fim de ano está aí, e é dada a largada às compras e preparativos para as tão esperadas festas de Natal e ano novo.

brinde espumante No mundo dos vinhos o corre-corre não é diferente. Somente nos últimos dias foram três eventos com boas novidades e ótimos preços para quem já está fazendo seu estoque para as celebrações.

Dentre eles, a degustação de vinhos do Alentejo, promovida pela comissão vitivinícola Alentejana, com vinhos que já estão disponíveis no mercado e novos rótulos ainda sem representação. Foi um ótimo evento para encontrar o pessoal do meio e conhecer as novidades. Os vinhos do Alentejo têm se mostrado bastante alegres, com uma complexidade aromática interessante, certa leveza e taninos macios. Mostraram-se fáceis de beber e bons companheiros para o dia-a-dia. Alguns destaques foram:

-Monge Bruto, produzido pelo método champegnoise com a uva castelão. Aromas defumados e de frutas secas. Em boca, cítrico e refrescante. Preço: 80,00.

-Casal da Coelheira 2007, Touriga Nacional, Touriga Franca, Alicante Bouschet. Alentejo, Portugal. 6 meses de barrica. Preço: R$48,00.

Importadora: Max Brands – www.maxbrands.com.br

-Vale D’Algares Guarda Rios 2009. Alentejo, Portugal. Fácil, refrescante, notas cítricas. Preço: R$54,00.

-Vale D’Algares Vale D’Algares Alvarinho. Aromas de lichia com fundo de caramelo. Em boca, notas cítricas e minerais. Alentejo, Portugal. Preço: R$144,00

Importadora: Premium – www.premiumwines.com.br

Alguns dias depois estive na degustação da Expand do Bar des Arts, com apresentação de novos rótulos trazidos pela importadora e promoções especiais para o fim de ano. A degustação estava dividida entre os seguintes países: Itália, com o produtor Firiato apresentando seus vinhos espumantes, rosés e tintos; Argentina, representado pela Mendel, um produtor estilo boutique com vinhos de excelente personalidade; Chile, com vinhos mais ligeiros, para o dia-a-dia; e Austrália, impressionando com os seus vinhos brancos de uvas nada tradicionais neste país. Alguns destaques foram:

-Mendel Malbec 2008, Mendoza, Argentina. Aromas de amoras. Em boca, corpo médio, frutado. Leve presença de taninos. Preço: R$78,00

-Mendel Unus Malbec 2007, Mendoza, Argentina. 16 meses de barrica. Aromas de baunilha e chocolate. Em boca, bom corpo e taninos presentes. Excelente! Preço: R$174,00.

-Peter Lehmann Barossa Semillon 2005, Tanunda, Austrália. Aromas minerais, certo frescor e um fundo de mel. Em boca, corpo médio e boa acidez. Muito interessante. Preço: R$75,00.

E por fim, a feira de vinhos Abravinis, que reuniu diversos produtores e importadores com preços irresistíveis no Esporte Clube Pinheiros. Estavam presentes Salton, Casa Valduga, Dommo, Abflug, La Pastina, World Wine, MS Import, dentre outros. Alguns destaques foram:

-Casa Valduga Arte Brut. Preço: R$26,00

-Casa Valduga Amante Brut. Preço: R$49,00

www.casavalduga.com.br

-Salton Prosecco. Preço: R$28

-Salton Volpi Pinot Noir. Preço: R$35,00

www.salton.com.br

-Perez Cruz Limited Edition Syrah 2008, Vale de Maipo, Chile. 14,5%. Aromas de frutas negras e pimenta. Em boca, ótimo corpo, aveludado. Muito bom. Preço: R$95,00.

Importadora: Abflug – www.abflug.com.br

-Cinco Tierras Cabernet Sauvignon 2006. Preço: 68,00.

-Sur de Los Andes Malbec 2006. Preço: 38,00

Importadora: MS Import – www.msimport.com

E para quem não teve a oportunidade de degustar e fazer as compras de fim de ano, os eventos não param por aí:

-Dia 07/12 à partir das 19h, saldão de vinhos na Enoteca e Cantina Materello.

Rua Fidalga, 120, vila Madalena.

-Dias 11 e 12/12 de 11h às 18h, Mundo Sommelier, promovido pela revista Prazeres da Mesa.

Ceasar Park Faria Lima – R. olimpíadas, 205

Reservas: www.mundosommelier.com.br

Ficam aqui as dicas para você começar o ano regado a ótimos vinhos. Bom proveito!

 Começa amanhã: direcionada ao consumidor final, Abravinis vai até o dia 25 de novembro e traz vinhos a preços especiais.

abravinisConcha y Toro, Casa Valduga, Salton, La Pastina, Interfood, Mistral, Adega Alentejana, World Wine, Gran Cru e Domno são algumas das importadoras e vinícolas que levam seus vinhos à Abravinis, feira direcionada ao consumidor final que reúne, entre os dias 23 e 25 de novembro, mais de 100 rótulos a preços especiais.

A feira acontece no Clube Pinheiros (São Paulo), das 14 às 22 horas, e os visitantes terão a oportunidade de degustar tintos, brancos, rosés e espumantes nos espaços de exposição, fazer os pedidos de compra e retirar as garrafas na loja do evento. Além de possibilitar ao consumidor adquirir excelentes vinhos a preços mais acessíveis, a Abravinis é ideal para quem quer comprar produtos para o próprio consumo, para presentear e brindar as festas de fim de ano.

O valor do convite é de R$ 60,00 com 50% revertido em créditos para serem utilizados em compras no evento. Aproveite!

ABRAVINIS 2010: Esporte Clube Pinheiros – Rua Tucumã, 36 – Jardim Europa – (11) 3598-9700

vinhos-do-tejo Com mais de 200 mil garrafas de vinhos exportadas ao Brasil anualmente, produtores da região portuguesa do Tejo, antes conhecida como Ribatejo, vêm a São Paulo para apresentar seus rótulos em um evento exclusivo realizado pela Comissão Vitivinícola Regional do Tejo no dia 17 de novembro.

Produtores e representantes de nove vinícolas conduzem a degustação a partir das 16 horas, no Hotel Tivoli Mofarrej. São elas: Casal da Coelheira, Fiuza & Bright, Pinhal da Torre, Vale d’Algares, S.A. João Barbosa, Quinta de Vale de Fornos, Casal Branco, Casa Cadaval e Quinta do Casal Monteiro.

A visita dos produtores do Tejo comprova o aumento do consumo de seus vinhos em nosso mercado, impulsionado pela mudança de imagem que veio reforçar e uniformizar a identidade da marca com a alteração da Indicação Geográfica dos vinhos da região, em 2009, de Ribatejo para Tejo. A transformação foi complementada com a alteração da denominação de origem dos vinhos, consolidada em março deste ano, que passou de DOC Ribatejo para DOC Do Tejo. O nome, inclusive, está associado ao Rio Tejo, que com seus 1.009 quilômetros de extensão é um símbolo da região.

As expectativas da CVRTejo são positivas em relação ao Brasil: o objetivo a médio prazo é duplicar o volume de exportações. “Fora do perímetro da União Europeia, nosso maior consumidor, países como Brasil, Angola, China, Canadá, Suíça e Estados Unidos surgem como os principais importadores, já tendo adquirido cerca de 562 mil litros de vinho da região”, explica José Gaspar, Presidente da CVRTejo.

No Tejo são cultivados, atualmente, cerca de 20 mil hectares de vinhas. As castas brancas como as tradicionais Fernão Pires e Arinto representam 60% da produção e as castas tintas, como Castelão e Trincadeira, 40%. A produção total anual atinge 600 mil hls. e são certificados em torno de 85 mil hls, dos quais 80% são vinhos regionais e 20% são de Denominação de Origem Controlada.

A região do Tejo

portugal-mapa-produção-vinícola A região produtora dos vinhos do Tejo é, em termos de terroir, composta por condições distintas, podendo ser dividia em três zonas. O Campo, situado às margens do Tejo com solos de aluvião e quase planos, é propício essencialmente a produções mais elevadas e a vinhos mais suaves; o Bairro, situado na margem direita do rio, com solos argilo-calcários ondulados por colinas suaves, é propício à produção de vinhos mais encorpados; e a Charneca, situada na margem esquerda do Tejo, com terrenos de textura mais franca e arenosa, originando, assim, vinhos de teor alcoólico mais elevado, mas suaves.

CVRT – Comissão Vitivinícola Regional do Tejo

Com o objetivo de valorizar o patrimônio vitivinícola da região, foi criada, em setembro de 1997, a Comissão Vitivinícola Regional do Ribatejo, com atividades que consistiam na promoção e divulgação da marca Ribatejo, além de garantir a certificação de qualidade dos vinhos do local.

A Denominação de Origem Controlada Ribatejo estava, assim, em condições de ser criada. Desta forma, os Vinhos de Qualidade Produzidos nas Regiões Determinadas de Almeirim, Cartaxo, Chamusca, Coruche, Santarém e Tomar passaram a ter acesso à DOC Ribatejo em seus rótulos. Em 2006, com a definição de requisitos de ordem técnica e organizacional para as entidades certificadoras, a CVRR se alinhou aos novos requisitos legais e constituiu uma nova entidade. Em 2008 ela foi extinta e deu lugar à Comissão Vitivinícola Regional do Tejo, que, na prática não difere da CVRR, mas representa a sua evolução.

Mais informações sobre a degustação em São Paulo com a Exponor Brasil no telefone (11) 3141.9444 ou pelos e-mails e.barbosa@cvrtejo.pt e sandra.almeida@exponor.com.br.

Degustação Vinhos do Tejo

Tivoli Mofarrej [Al. Santos, 1.437 – Cerqueira Cesar – São Paulo/SP]

Dia 17 de novembro das 16 às 21 horas