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Acontecerá esta semana o Encontro de Vinhos de Curitiba, maior evento de vinhos no conceito “road show”  do país focado no público consumidor. Em sua terceira edição, o evento contará com a presença de expositores como Casa Valduga, Cave Geisse, Domno, Cantu, Ideal Drinks, TodoVino, dentre outros.

encontro-de-vinhos-curitibaMais de 150 rótulos estarão disponíveis para degustação e o visitante poderá também participar de outras atividades, tais como palestras acompanhadas de um painel de degustação (informe-se para garantir o seu lugar).

Para quem estiver em Curitiba no dia 08 de Novembro, vale a pena se programar para participar. Será uma excelente oportunidade para conhecer novos vinhos e aproveitar um delicioso momento entre amigos.

Sobre o Evento:

Dia 08 de Novembro das 14h às 22h

Hotel  Lizon – Av. Sete de Setembro, 2246 – Centro

Ingressos: R$70 no local ou R$60 através do site.

Mais informações: www.encontrodevinhos.com.br

Um brinde!

Cristina Almeida Prado.

 

CABAÑA DEL ASADO

Restaurante-Bar com Estilo Argentino

Uma novidade vem agitando a badalada Rua dos Pinheiros, em São Paulo: o restaurante “Cabaña del Asado”. O mais novo restaurante da área surge como uma ótima opção de programa para os apreciadores da gastronomia portenha.

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Aberto durante todos os dias da semana, o restaurante oferece um cardápio especializado em cortes nobres de carnes ao estilo argentino e uma bem selecionada carta de vinhos.

Todo mês, uma generosa promoção disponibiliza alguns rótulos a preços abaixo dos praticados pelas importadoras. Em outubro, fizeram parte dessa promoção os seguintes vinhos:

“Altos Las Hormigas” – um clássico Malbec, de R$78,00 por R$50,00.
“Perdriel Colección” – um Cabernet Sauvignon, de R$90,00 por R$76,00.
“Norton Privado” – vinho com boa complexidade, de R$120,00 por R$76,00.
“Perdriel Centenario” – marco das comemorações dos 100 anos da vinícola, um corte de Malbec, Cabernet Sauvignon e Merlot, com 16 meses de barrica; de R$150,00 por R$120,00.

O mês de novembro promete uma nova seleção promocional de vinhos. Vale conferir!

Um menu especial, intitulado “Picadas Cabañas”, servido diariamente a partir das 19h, apresenta deliciosas opções de petiscos de carnes e linguiças grelhadas e fatiadas, sem falar das típicas empanadas. Algumas boas sugestões são a “Picada Cabaña” ou o “Prime Rib Aperitivo” (R$75,00), ou ainda a “Picanha Fatiada” ou o “Chorizo em Tiras” (R$39,00) e a “Tábua de Carnes” (R$69,00).

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As mesas dispostas na área externa do restaurante dão um ar agradável e descontraído de bar, formando um ambiente convidativo para um encontro informal. As noites das sextas-feiras e dos sábados são embaladas ao som do saxofonista Jeft Asur, com seu clássico repertório de jazz.

Boa comida, bons vinhos e boa música, tudo isso combinado é garantia de inesquecíveis momentos de prazer. Fica aqui a nossa sugestão.

Restaurante “Cabaña Del Asado”: rua dos Pinheiros, 764, esquina com a rua Mourato Coelho. Telefone: 3061-9249.

Maria Uzêda.

Sempre que me pedem indicação de um vinho espumante, minha primeira recomendação é de um produto brasileiro. Sei que ainda existe muito preconceito com os vinhos nacionais por conta de um histórico de produtos de baixa qualidade. Mas hoje a realidade já é muito diferente. Com a entrada de vinhos chilenos e argentinos em larga escala em nosso mercado a preços competitivos, a indústria nacional precisou correr atrás e se modernizar. E o que nosso terroir tem nos permitido produzir de melhor são os vinhos espumantes. Como sommelière e enófila, ergo a bandeira do espumante nacional e ouso dizer que temos muitos exemplares que desbancam qualquer borbulha dos nossos vizinhos.

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Nesta semana participei de mais um Wine Bar Online, projeto que promove degustações ao vivo pela internet. Desta vez, conhecemos os espumantes da gaúcha Dunamis, uma vinícola jovem fundada em 2010 que tem como filosofia originar vinhos descomplicados, que possam ser apreciados a qualquer momento. Foram apresentados um espumante Brut, um Rosé e um Moscatel, cada um com uma proposta bem distinta, mas todos muito bem elaborados. Degustar estes três exemplares foi uma experiência surpreendente, conforme veremos a seguir:

DUNAMIS AR – BRUT

Variedade: 100% Chardonnay

Vinhedos: Serra Gaúcha.

Graduação alcoólica: 11,5% vol.

Notas de degustação: Possui cor amarelo claro com média espumação e bolhas de tamanho pequeno. No aroma lembra maçã, pêra, com notas cítricas e florais. No paladar apresenta acidez equilibrada, corpo intenso, boa persistência e uma discreta doçura. Harmonizado com salmão grelhado na crosta de ervas com coalhada seca e limão siciliano ficou delicioso!

Temperatura de serviço: 4 a 6°C.

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Salmão na crosta de ervas com coalhada seca e limão siciliano.

DUNAMIS – AR BRUT ROSÉ

Variedades: 50% Merlot e 50% Malbec

Vinhedos: Serra Gaúcha

Graduação alcoólica: 12,5% vol

Notas de degustação: De coloração rosa intenso, revela aromas de frutas vermelhas como morango e cereja. Em boca, apresenta sabores de frutas vermelhas, boa estrutura e espumação, acidez refrescante e equilibrada. Um proposta diferente e muito interessante!

Temperatura de serviço: 4 a 6°C.

DUNAMIS AR – MOSCATEL

Variedades: 100% Moscato Bianco

Vinhedos: Serra Gaúcha.

Graduação alcoólica: 7,5%

Notas de degustação: De coloração amarelo palha com reflexos esverdeados, apresenta bolhas finas e delicadas. Aromas de frutas cítricas com notas florais. Acidez equilibrada, agradável frescor e jovialidade, sabor de abacaxi e maçã verde com delicada doçura. Um surpreendente moscatel!

Temperatura de serviço: 4 a6°C

Os espumantes apresentados custam cerca de R$50 e podem ser comprados na loja online da Dunamis.

Um brinde aos espumantes nacionais!

Cristina Almeida Prado.

A confraria Bem de Vinho se reuniu esta semana para degustar às cegas e avaliar alguns exemplares da vinícola chilena Escudo Rojo, localizada no vale do Maipo. Sempre muito divertido e instrutivo, o encontro incluiu uma proposta de harmonização, que tornou a noite ainda mais agradável e surpreendente.

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Gustavo Buffa, Maria Uzêda, Arlene Colucci, Rafael Porto, Fernanda Vianna e Cristina Almeida Prado.

A Escudo Rojo foi fundada em 1997 pela família Rothschild, dona do famoso Château Mouton Rothschild e da marca global Mouton Cadet. A família buscava expandir seus negócios para novos terroirs e encontrou no Chile o local ideal. Usando todo seu conhecimento adquirido ao longo dos anos, com a tradição e a cultura da família, somando-se a modernas técnicas de produção, a Escudo Rojo nasce originando vinhos com a mesma excelência que seus vinhos bordaleses, mas com a vivacidade e exuberância do terroir Chileno.

O Chile é um país privilegiado para produção de vinhos por sua diversidade de solos, a água cristalina e o frescor proveniente dos Andes e as barreiras naturais de seu território que servem de proteção contra o ataque de pragas e doenças. Esse conjunto permite originar uvas de altíssima qualidade, especialmente no Valle do Maipo, que é uma das principais regiões produtoras no Chile.

A Escudo Rojo é hoje uma marca global e encanta apreciadores de vinhos mundo a fora. Confira o descritivo dos vinhos apresentados no encontro da confraria Bem de Vinho e as notas de degustação:

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Rothschild quer dizer “escudo vermelho” em alemão, mesmo significado de Escudo Rojo, que é o emblema do brasão da família.

Escuro Rojo Rosé 2011

País: Chile

Região: Maipo

Castas: 66% Syrah, 21% Cabernet Sauvignon e 14% Carmenère

Graduação Alcoólica: 14%

Notas: De coloração rosada com reflexos brilhantes. No nariz abre com algumas notas intensas de morangos silvestres frescos e romã, com toques de especiarias. Em boca, revela generosos sabores de cereja e framboesa. Um vinho envolvente e delicioso.

Escudo Rojo Carmenère 2012

País: Chile

Região: Maipo

Casta: 100% Carmenère

Graduação Alcoólica: 14%

Notas: De coloração rubi com reflexos violáceos, apresenta aromas de frutas negras como cereja, com notas de hortelã, pimentão verde e especiarias. Em boca, apresenta taninos aveludados com toque de baunilha, frutas maduras e especiarias. Muito bom!

Envelhecimento: 50% barris de carvalho com 1 ano de idade durante 6 a 8 meses.

Escudo Rojo Syrah 2011

País: Chile

Região: Maipo

Casta: 100% Syrah

Graduação Alcoólica: 14%

Nota de degustação: De coloração rubi intenso, apresenta aromas de frutas negras como cereja e ameixa preta com notas de baunilha. Em boca, revela taninos marcantes, corpo médio, uma riqueza de frutas negras maduras com toque herbáceo. Está delicioso!

Envelhecimento: 50% barris de carvalho com 1 ano de idade de 6 a 8 meses.

Escudo Rojo Blend 2011

País: Chile

Região: Maipo

Castas: 40% Carmenère , 38% Cabernet Sauvignon, 20% Syrah, 2% Cabernet Franc.

Graduação Alcoólica: 14%

Nota de degustação: De coloração rubi intenso, revela aromas poderosos de frutas negras maduras, como cereja e amora com notas de chocolate e baunilha. Em boca, apresenta toques de mate e frutas maduras, bom corpo e maturidade tânica. Expressa todo o caráter do terroir do Chile, combinando o caráter do Cabernet Sauvignon com arredondamento da Carmenère e poder aromático da Syrah. Está muito bom!

Envelhecimento: 50% barris de carvalho com 1 ano de idade de 6 a 8 meses.

Rothschild quer dizer “escudo vermelho” em alemão, mesmo significado de Escudo Rojo, que é o emblema do brasão da família.

Mais informações sobre os vinhos no site da Devinum ou através do e-mail cristina@sommeliere.com.br.

Um brinde à vida!

Cristina Almeida Prado.

EXPLORANDO A ESPANHA

Descrever a Espanha e suas regiões vinícolas em um único post é um tanto desafiador. Isso porque a Espanha além de ser um território extenso, com uma grande diversidade geográfica e climática, possui produção vinícola por praticamente todas as suas terras, fato que a torna o país produtor com o maior percentual de área plantada com vinhas e o terceiro maior produtor de vinho no mundo. Sua história é também muito rica e apresenta alguns acontecimentos marcantes, que serviram de pano de fundo para o curso de sua trajetória no mundo vinícola, conferindo-lhe o merecido respaldo e reconhecimento mundial que possui hoje.

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Aqueduto romano em Segóvia, Espanha.

Os primeiros registros arqueológicos da presença da viticultura na Espanha datam de cerca de 4.000 a 3.000 anos antes de Cristo, muito antes da era dos fenícios, dos cartagenos e dos romanos, fato esse que pode explicar as mais de 400 variedades de uvas existentes hoje na Espanha. No tempo dos romanos, a Espanha, já conhecida como Hispania, exportou seus vinhos para quase toda a Europa, dando início a seu primeiro mercado de exportação. Mas com a queda do império romano e a invasão dos mouros, houve um período em que o consumo de álcool foi proibido por motivos religiosos. Com a Reconquista espanhola, o país voltou a produzir e a exportar seus vinhos, tendo como principal mercado a Inglaterra.

A partir daí, inúmeros fatores propiciaram importantes mudanças na história da produção de vinhos na Espanha. Um deles foi a expansão do império hispânico nas Américas, que abriu novos mercados após 1492. Outro fato se deu em meados do século XIX, conforme comentamos na matéria intitulada “Bodegas López de Heredia“, quando a epidemia da filoxera se alastrou pela França e levou muitos franceses a abrir negócio na vizinha Espanha, especialmente na região de La Rioja. Nessa ocasião, métodos bordaleses foram implantados, dando início definitivo ao uso de barricas de 550 litros para elaborar seus vinhos tintos e, igualmente, seus brancos. Diga-se de passagem, essa herança francesa deu origem a uma ferrenha tradição de passar vinhos tintos e brancos por barrica, o que muitas vezes escondia sabores e aromas da variedade da uva, por isso, hoje há uma tendência de deixar os vinhos menos tempo sob a influência da madeira para valorizar a fruta.

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Vinícola Lopez de Heredia em La Rioja, Espanha.

Outros fatos expressivos como o retorno à democracia em 1978 e a entrada da Espanha na União Européia em 1986 impulsionaram a indústria vinícola espanhola nas últimas décadas. Novos métodos de plantio, condução e poda nos vinhedos, modernização dos equipamentos nas adegas e, recentemente, o uso da irrigação autorizado por lei em 2003, levaram a um expressivo aprimoramento da qualidade dos vinhos espanhóis que cada vez mais vêm conquistando os enófilos do mundo inteiro.

A Espanha vinícola divide-se em três partes: o Noroeste que inclui as frias terras litorâneas da Galícia e, no interior, Castilla Y León com terras altas e quentes; o Nordeste que abrange La Rioja, Navarra, Aragón, Catalunha e ilhas Baleares; e o Centro e Sul, com as regiões de Castilla La Mancha, Extremdura, Valencia e Murcia, Andaluzia e ilhas Canárias.

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Vinícola Abadia Retuerta na Ribeira del Duero, Espanha.

A legislação vinícola espanhola reformulada em 2003, elevou seu grau de exigências em relação às categorias já existentes e acrescentou duas novas: DO Pago e VCIG. Veja a seguir, a classificação vinícola espanhola vigente:

– Vino de mesa (VdM): esse vinho não pode indicar no rótulo a origem regional, a cepa nem a safra.

– Vino de la tierra (VdlT): semelhante ao “Vin de pays” da França, esse vinho é menos regulado que os DOs e os VCIGs, e é proveniente de área bem mais vasta.

– Vino de Calidad con Indicación Geográfica (VCIG): categoria criada em 2003, inclui os vinhos que apresentam bom desempenho e podem ser promovidos a DO, se mantiver essa condição por, no mínimo, 5 anos.

– Denominación de Origen (DO): semelhante ao vinho francês de “Appellation d’Origene Contrôlée”, esse vinho deve representar o estilo da sua região de origem e seguir as leis locais. Essa categoria é controlada pelo Conselho Regulador e por um Comitê Independente.

– Denominación de Origen Calificada (DOCa): entra nessa categoria o vinho que possuir alta qualidade constante por pelo menos 10 anos.

– Denominación de Origen de Pago (DO Pago): categoria recentemente criada para “premiar” os melhores vinhos de vinícolas com histórico de qualidade e reconhecidamente considerados excelentes.

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De modo geral, os vinhos espanhóis são classificados de acordo com o tempo que passam nas adegas:

– Vino de Denominación de Origen Simples ou Sin Crianza: são os vinhos jovens, sem passagem por barrica, prontos para o consumo.

– Vino de Crianza: vinho que passa um mínimo de 6 meses em barrica e 18 meses em aço inoxidável ou em garrafa, contando um total de dois anos antes de chegar ao mercado.

– Reserva: vinho que passa um mínimo de 12 meses em barrica e 2 anos em garrafa, somando um total de 3 anos antes da venda.

– Gran Reserva: vinho que passa um mínimo de 18 meses em barrica e 3 anos e meio em garrafa e não pode ser vendido antes de 5 anos.

Em relação às cepas, apesar de a Espanha possuir centenas de varietais, somente cerca de vinte cepas entram na elaboração dos vinhos espanhóis. As principais tintas são:

– Tempranillo: essa é a tinta emblemática do País; é destaque na região de La Rioja e em Ribeira del Duero onde é chamada de Tinto Fino; encontrada também na região de Toro onde é chamada de Tinta de Toro, na Catalunha, com o nome de Ul de Liebre e em Castilla La Mancha como Cencibel. Segundo nosso saudoso Saul Galvão, essa cepa é a “marca registrada” dos tintos da Espanha.

– Garnacha: cepa de origem francesa (Grenache), dá corpo e álcool aos tintos; encontrada principalmente na região do Priorato.

– Cariñena: cepa de origem francesa (Carignan), dá vinhos com sabores de ameixas pretas e pimenta do reino; utilizada no Priorato e em La Rioja onde é conhecida como Mazuelo.

– Graciano: cepa que entra em pequenas proporções nos tintos de classe de La Rioja, emprestando-lhes cor e acidez.

– Mencía: cepa clássica da região de Bierzo (Castilla Y León), muito similar à Cabernet Franc.

– Monastrel e Bobal: cepas com significante presença no leste espanhol, na região do Levante (Valencia e Murcia).

Além dessas, tintas como Cabernet Sauvignon, Merlot, Malbec e Pinot Noir entram também na elaboração de muitos tintos espanhóis.

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Vinhedos da Vega Sicilia na Ribera del Duero, Espanha.

Dentre as principais cepas brancas, encontramos:

– Airén: cepa branca mais plantada no país, cultivada principalmente na região de Castilla La Mancha.

– Albariño: conhecida em Portugal como Alvarinho onde entra na elaboração dos famosos vinhos verdes, essa cepa é típica da região de Rias Baixas, na Galícia, e gera vinhos frutados e com boa acidez.

– Macabeo: muito cultivada na Catalunha, essa cepa entra na elaboração do famoso espumante espanhol, o Cava, conferindo-lhe vivacidade e acidez; também chamada de Viura em La Rioja, onde é a mais importante cepa que compõe o corte do Rioja branco, pois dá ao vinho boa estrutura e grande capacidade de envelhecer.

– Parellada: cepa que dá corpo e cremosidade aos Cavas espanhóis; também produz vinhos tranquilos, frutados, com toque cítrico.

– Xarel-lo: cepa importante na elaboração do Cava, dando complexidade e propiciando capacidade de amadurecimento.

– Verdejo: cepa que produz vinhos leves aromáticos e com boa acidez na região de Rueda (Castilla Y León).

– Palomino: essa é a grande uva branca com a qual é elaborado o Jerez, na região de Andaluzia, ao sul da Espanha; o Jerez é um vinho fortificado espanhol e um dos mais antigos vinho finos do mundo.

– Pedro Jiménez: cepa também usada na produção do Jerez, em geral, na versão mais adocicada.

Esperamos que, nesses poucos parágrafos, tenhamos conseguido proporcionar aos nossos leitores uma ideia abrangente do cenário tão peculiar, extenso e complexo que caracteriza a Espanha vinícola.

Encerramos com um pensamento de Saul Galvão que recomenda: “Um bom vinho espanhol deve ter equilíbrio entre a fruta e o paladar da madeira. Esse é um detalhe importante que o consumidor deve lembrar ao avaliar um vinho espanhol.”

Cristina Almeida Prado e Maria Uzêda.

O movimento conhecido como “Outubro Rosa” nasceu nos Estados Unidos na década de 90 com o intuito de alertar a população sobre o câncer de mama. O movimento é celebrado até hoje, numa dimensão muito mais global, com engajamento de diversas entidades públicas e privadas ao redor do mundo, que buscam promover a conscientização sobre a doença e a importância do diagnóstico precoce.

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De acordo com a World Health Organization, o câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais incidente em mulheres e representou 25% do total de casos de câncer no mundo em 2012, sendo a causa mais frequente de morte por câncer em mulheres. Por isso, mulheres do Brasil e do mundo devem fazer exames regulares, conforme recomendação médica. Esses exames podem ajudar a identificar o câncer antes de a pessoa ter sintomas, quando as chances de cura são muito maiores.

Nós, do blog Sommelière, apoiamos o “Outubro Rosa” e através de nossos canais de comunicação levamos o assunto a nossos leitores, incentivando-os a fazer um acompanhamento de sua saúde e de seus familiares. E tendo como inspiração o mundo dos vinhos, usamos os vinhos rosés como símbolo de nosso apoio a esta causa.

Nem tinto nem branco, o vinho rosé pode apresentar tons que vão desde o laranja-claro ao púrpura vívido, dependendo das uvas utilizadas e da técnica de produção. O vinho rosé pode ser produzido a partir de uvas tintas ou brancas e tintas, mas necessariamente uma das uvas deve ser tinta. Isso porque são os taninos presentes nas cascas das tintas que darão a sua coloração rosada. A diferença na coloração obtida entre tintos e rosés decorre do tempo de contato das cascas com o mosto (suco resultante da prensa das uvas) durante a fermentação. Nos rosés, esse contato é mais curto e suficiente para dar a coloração desejada ao vinho.

O vinho rosé é uma ótima pedida para o verão por ser leve, refrescante e fácil de beber. É também um vinho coringa para harmonizações, podendo ser combinado com uma diversidade de peixes e frutos do mar, carnes brancas e molhos. Os rosés mais famosos do mundo são os da região da Provence, no sul da França. Mas hoje é possível encontrar excelentes exemplares de diversos países produtores.

Deixamos nossa dica de alguns deliciosos rosés para você celebrar a chegada do calor e se engajar à causa do Outubro Rosa:

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Viña Brava Torres Rosado 2013

Produtor: Torres

Cariñena e Garnacha

Catalunya, Espanha

Notas: De coloração rosa vívido, apresenta aromas frescos e frutados de cereja e morango. Em boca é bastante frutado, apresenta elegante acidez, frescor e suave textura.

Preço: R$27,00

www.bodegatorres.es

Lagarde Blanc de Noir 2013

Produtor: Lagarde

50% Malbec, 50% Pinot Noir

Mendoza, Argentina

Notas: De coloração rosada, com reflexos rubis, apresenta aromas delicados com notas de frutas como cereja e framboesa. Em boca, é suave e sedoso, com bom volume e muito refrescante.

Preço: R$49,00

www.lagarde.com.ar

Escuro Rojo

Produtor: Baron Philippe de Rothschild

66% Syrah, 21% Cabernet Sauvignon e 14% Carmenère

Maipo, Chile

Notas: De coloração rosada com reflexos brilhantes. No nariz abre com algumas notas intensas de morangos silvestres frescos e romã, evolui para aromas de groselha e especiarias. Em boca, revela generosos aromas de cereja e framboesa.

Preço: R$69,90

www.bpdr.com

Informações de compra no site da Devinum ou através do e-mail cristina@sommeliere.com.br.

Mais informações sobre o “Outubro Rosa”:

Instituto Nacional do Câncer (INCA)

Instituto Se Toque

Um brinde à vida!

Cristina Almeida Prado e Maria Uzêda.

 

Para um bom enófilo, abrir uma garrafa de vinho é sempre um momento de prazer, seja para celebrar um acontecimento, para curtir a companhia de alguém, para apreciar sozinho ou relaxar. Mas quando o momento envolver comida e uma boa harmonização for proposta, este poderá ser um momento de êxtase.

Antigamente, em países com tradição na produção de vinhos, as cozinhas locais eram harmonizadas com vinhos locais. Com o advento da globalização, que permitiu espalhar pelo mundo a gastronomia e vinhos de toda parte, foi necessário se aprofundar na química do vinho e comida e a partir daí, se estabeleceram algumas regras para guiar o consumidor na busca pela melhor combinação. Pode-se dizer que uma boa harmonização acontece quando o vinho e a comida forem muito mais interessantes quando desfrutados juntos, do que separadamente.

Em termos gerais, o segredo da harmonização está em entender o equilíbrio entre o peso da comida e do vinho. Vinhos mais encorpados e robustos, como um Cabernet Sauvignon podem sobrepor um prato leve e delicado, enquanto um vinho muito leve, como um Sauvignon Blanc, seria sobreposto por um prato mais pesado. Além do peso, sabores e texturas podem tanto ser combinados quanto contrastados. Assim, a harmonização deve considerar o açúcar, a acidez, o teor alcoólico e os taninos do vinho, e como eles podem ser acentuados ou minimizados quando combinados com certos tipos de comida.

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Fonte: Wine Folly

É interessante notar que numa harmonização nem sempre vinho e comida serão elevados igualmente a seu melhor potencial. Por vezes, um será mais potencializado que o outro, o que significa que ou a comida ou o vinho serão dominantes na harmonização, com o outro servindo como um complemento para elevar o potencial do primeiro. Com relação ao peso e a intensidade, se o foco da harmonização for o vinho, então o casamento adequado será um prato um pouco mais leve em termos de intensidade e peso, de forma a não competir com o vinho, mas não leve demais para que não seja completamente sobreposto. Se a estrela da harmonização for o prato, o mesmo raciocínio deve ser aplicado para a harmonização com o vinho.

Harmonização por peso:

O equilíbrio entre o peso do prato e do vinho é o princípio mais básico a se considerar na harmonização. Nos vinhos, o corpo é determinado pelo nível alcoólico, pela presença de taninos, pelo estágio em barris de carvalho e pela presença de borras. Um Chardonnay de uma região quente (que geralmente produz vinhos mais alcoólicos), que amadurece em barris de carvalho, será mais encorpado que um Chardonnay de região mais fresca (que geralmente produz vinhos menos alcoólicos) fermentado em tanque de inox. Além disso, o manejo das uvas no vinhedo e o estilo do produtor podem influenciar também na estrutura e complexidade do vinho.

O peso da comida também pode ser medido pela intensidade de sabores. A chave está em identificar o sabor dominante do prato. Molhos, por exemplo, podem apresentar sabor dominante a uma carne ou o componente principal. Um peixe branco leve grelhado pode casar bem com um vinho branco leve, por exemplo. Mas se o mesmo peixe for preparado com molho cremoso, pode pedir um vinho branco mais encorpado ou mesmo um tinto leve.

A cor do vinho é também um indício de corpo e peso. Tanto para tintos quanto para brancos, quanto mais intensa a colocarão do vinho, mais encorpado ele será. Um Chardonnay, mais dourado que um Sauvignon Blanc, normalmente será mais encorpado que este último. Assim como um Syrah será mais encorpado que um delicado Pinot Noir, normalmente de coloração mais translúcida.

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Fonte: Wine Folly

Harmonização por semelhança ou contraste:

Após considerar o peso, a harmonização de sabores e texturas pode acontecer de duas formas diferentes: por semelhança ou por contraste. A primeira estratégia tenta combinar vinho e comida de forma a complementar um ao outro. Um terroso Pinot Noir da Borgonha casa bem com um prato de cogumelos. A segunda estratégia trabalha sob a ótica de que opostos se atraem e busca casar vinho e comida que possuam elementos contrastantes. A acidez cortante de um vinho espumante combinada com a rica textura do foie gras é um exemplo da harmonização por contraste. O interessante é que a mesma comida poderá ser harmonizada tanto por semelhança quanto por contraste.

Acidez

A acidez é um componente dominante em qualquer harmonização devido a sua complexa e pronunciada maneira de elevar a percepção dos sabores. Na degustação de vinhos, a acidez é percebida pelo grau de salivação. Quanto maior a acidez, maior a salivação. Em pratos que são mais gordurosos, ricos ou salgados, a acidez no vinho pode cortar o peso do prato, promovendo uma harmoniosa combinação. Por outro lado, a acidez pode ser usada por semelhança, causando a mesma sensação de equilíbrio e permitindo a outros componentes do prato serem notados.

Doçura

A doçura do vinho é medida pela quantidade de açúcar residual restante após a fermentação. Vinhos podem ser de extra secos (com os açúcares totalmente transformados em álcool) a vinhos de sobremesa (com alto nível de açúcar, como um Sauternes ou Tokay). Vinhos doces frequentemente precisam ser mais doces que a comida com que serão servidos. Um cheesecake com um colheita tardia é uma ótima combinação. A doçura do vinho também pode equilibrar pratos com sabores mais picantes, assim como pratos salgados. Experimente um Roquefort com um Sauternes.

Amargor

A adstringência associada ao vinho deriva, normalmente, dos taninos. Os taninos adicionam uma sensação de cica, como se amarrasse a boca. Eles podem elevar o corpo e o peso do vinho. Taninos podem vir das cascas das uvas, das sementes e cabinhos das uvas ou do contato do vinho com a madeira dos barris durante seu amadurecimento. Os taninos reagem com as proteínas. Quando casados com pratos ricos em proteína e gordura (como carne vermelha ou queijos duros), os taninos são “dobrados” pelas proteínas e se tornam mais macios. Um suculento “ojo de bife” com um potente Malbec ou um churrasco uruguaio com um Tannat são combinações típicas muito assertivas. Por outro lado, taninos brigam com pratos temperados, doces ou mais salgados, acentuando a adstringência e empobrecendo os sabores do vinho.

Álcool

O álcool é um dos principais determinantes do corpo e do peso de um vinho. Tipicamente, quanto maior o teor alcoólico, mais corpo terá o vinho. Um aumento no álcool elevará a sensação de densidade e textura. Na harmonização, comidas salgadas e picantes com vinhos de teor alcoólico mais elevado acentuarão e percepção de calor no paladar. Portanto, se for casar um vinho com teor alcoólico mais elevado (com 14,5% ou 15%), certifique-se de que o prato servido seja igualmente pesado e rico em personalidade e evite comidas muito temperadas ou salgadas.

A harmonização entre vinho e comida vai muito além, considerando alimentos ardilosos, mais desafiadores de combinar, ou mesmo a forma de cozimento. Mas não vamos complicar demais. Para tornar seus momentos à mesa ainda mais gostosos, basta ter em mente as regras básicas da harmonização e experimentar.

Bonne chance!

Cristina Almeida Prado.

Bisquertt, Casa Silva, Lapostolle, Los Vascos, Luis Felipe Edwards, Montes, MontGras, Santa Cruz, Santa Helena, Santa Rita, Siegel, Viña Ventisquero e Viu Manent: além de grandes produtores, são verdadeiros ícones do mercado de vinhos do Chile e do mundo. Esta semana, enólogos e produtores das 13 vinícolas que integram a associação Viñas de Colchagua desembarcaram em São Paulo para apresentar alguns de seus clássicos na ‘Avant-Première Viñas de Colchagua’.

“Escolhemos o Brasil para sediar este evento e apresentar vinhos clássicos e emblemáticos do Colchagua, região com um dos terroirs mais diversificados do Chile, com vinhedos que vão da Cordilheira ao mar”, explica José Miguel Viu, presidente da associação.

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O Brasil ocupa a 5ª posição no ranking de exportações de vinho chileno e o Chile lidera, desde 2002, quase metade do mercado de vinhos importados no Brasil, fechando o primeiro semestre deste ano com 48,08% de participação em volume e 40,33% em valor (dados da International Consulting).

Com tradição na cultura agrícola, o Vale de Colchagua é conhecido por suas belas colinas plantadas com vinhedos antigos, além de vinícolas modernas e tecnológicas que embelezam a paisagem. Seu clima privilegiado – aliado ao uso de tecnologia de ponta – permitiu que a indústria vitivinícola desenvolvesse a produção de vinhos alcançando os melhores padrões mundiais.

As características geográficas do Vale de Colchagua formam microclimas únicos e ideais para o cultivo de diferentes variedades, como as tintas Cabernet Sauvignon, Merlot, Carmenere, Malbec e Syrah, além de vinhos brancos e rosés de altíssima qualidade.

Alguns destaques apresentados no evento foram:

Casa Silva Microterroir Carmenère 2007

100% Carmenère

www.casasilva.cl

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Casa Silva, Los Lingues

Siegel Unique Selection 2010

45% Cabernet Sauvignon, 35% Carmenère e 20% Syrah

www.siegelwines.com

Luis Felipe Edwards Doña Bernarda 2009

58% Cabernet Sauvignon, 22% Carmenère, 15% Syrah e 5% Petit Verdot

www.lfewines.com

Viu Manent Viu 1 2007

94% Malbec e 6% Petit Verdot

www.viumanent.cl

Casa Lapostolle Clos Apalta 2009

78% Carmenère, 19% Cabernet Sauvignon e 3% Petit Verdot

www.lapostolle.com

Viña Vestisquero Pangea 2009

100% Syrah

www.vestisquero.com

Montes Alpha M 2006

80% Cabernet Sauvignon, 10% Cabernet Franc, 5% Merlot e 5% Petit Verdot

www.monteswines.com

Santa Rita Pehuén 2008

90% Carmenère e 10% Syrah

www.santarita.com

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Santa Rita, Colchagua

MontGras Ninguén 2007

65% Syrah e 35% Cabernet Sauvignon

www.montgras.cl

Los Vascos Le Dix 2009

85% Cabernet Sauvignon, 10% Carmenère e 5% Syrah

www.lafite.com/en/the-domaines/vina-los-vascos/

Bisquertt Tralca 2010

65% Cabernet Sauvignon, 31% Carmenère e 4% Syrah

www.bisquertt.cl

Santa Cruz Reserva Especial Petit Verdot 2010

90% Petit Verdot e 10% Carmenère

www.vinasantacruz.cl

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Viña Santa Cruz, Colchagua

A Viñas de Colchagua é a primeira associação regional de vinícolas do Chile, criada com o objetivo de promover e difundir a Denominação de Origem Valle de Colchagua. Atualmente agrupa 13 produtores da região, além de ser responsável pela Rota do Vinho no Vale de Colchagua.

Mais informações em: www.colchaguavalley.cl.

Um brinde aos excelentes vinhos de Colchagua!

Cristina Almeida Prado.

Aconteceu esta semana mais um Wine Bar Online, projeto que promove degustações ao vivo pela internet. Desta vez, pudemos degustar três vinhos da Salton com propostas muito interessantes e assistir a uma entrevista ao vivo com Lucindo Copat, enólogo-chefe da Salton, que comentou sobre cada um dos vinhos:

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Salton Paradoxo Gewurztraminer 2014

Características:
Amarelo palha vivo em sua coloração. Notas florais de rosas e frutas brancas como pêra e lichia aparecem no aroma. Em boca é leve e refrescante, de agradável permanência no paladar.

Harmonização:
Patês com ervas aromáticas, frutos do mar, como camarão e caranguejo, sushi e massas com vegetais grelhados.

Preço: R$ 25,00
Onde comprar: Loja Virtual Salton

Salton Poética Espumante Rosé

(80% Pinot Noir e 20% Chardonnay)

Características:
Apresenta delicada coloração rosada, brilhante, com um intenso desprendimento de finas borbulhas. Seus aromas são frutados, lembrando frutas vermelhas com notas cítricas, além de leves notas de leveduras e pão tostado. Seu paladar é cremoso, leve e refrescante, com um agradável final de boca.

Harmonização:
Como aperitivo, com canapés, peixes grelhados com azeite de oliva, especialmente salmão, risoto com frutos do mar e pratos com camarões.

Preço: R$ 30,00

Onde comprar: Loja Virtual Salton

Salton Intenso Marselan e Teroldego 2014

Características:
Apresenta uma coloração rubi vibrante. Expressa aromas de frutas negras e vermelhas, como framboesa, mirtilo e cereja, além de notas de especiarias, hortelã e violetas. Seu sabor é robusto, com acidez marcante.

Harmonização:
Tábua de queijos e embutidos, massas com molhos à base de tomate e carnes assadas com ervas aromáticas.

Preço: R$ 28,00

Onde comprar: Loja Virtual Salton

Com 104 anos de existência, um enorme portfólio e muita história para contar, a Salton é reconhecida como uma das principais vinícolas brasileiras. Não é à toa que a empresa lidera hoje o mercado de espumantes e frisantes no Brasil, com uma fatia de quase 40%.

O encontro no Wine Bar com os vinhos da Salton foi mais uma interessante oportunidade para conhecer novidades e desfrutar de um delicioso momento. Você pode assistir à entrevista gravada no Wine Bar.com ou acessar o site da Salton para mais informações sobre os produtos.

Um brinde!

Cristina Almeida Prado.

Em recente viagem à França, passei alguns dias na encantadora cidade de Avignon, localizada na região da Provence, ao sul do país. Beirada pelo rio Rhône (ou Ródano, em português) e rodeada por campos de lavanda e plantações de vinhas, Avignon esbanja charme e beleza. A pequena cidade murada é bastante conhecida por seus festivais de arte e cultura, mas o que a tornou realmente famosa foi um fato histórico muito curioso e que poucas pessoas conhecem. A cidade fora, outrora, sede da Igreja Católica.

Avignon-Provence-vinhos-enoturismo

Cidade de Avignon, França.

Conta a história que em 1309 o Papa Clemente V e sua corte, num momento de turbulência política, fugiram de Roma para a cidade de Avignon, onde a Igreja possuía terras doadas pelo rei dos francos em 756. De 1309 a 1377, sete Papas franceses investiram muito dinheiro, construindo e decorando o palácio papal, que se tornou uma das maiores e mais importantes construções góticas da Europa. Em 1377 o Papa Gregory XI retornou a Roma, mas seu falecimento dois anos depois levou as vertentes francesas e italianas da Igreja a um desentendimento que ficou conhecido como “o grande cisma” e que dividiu a Igreja em duas sedes – Roma e Avignon – sendo que uma não reconhecia a outra. Mesmo depois do “cisma” ser resolvido e um Papa imparcial se estabelecer em Roma (Martin V), Avignon continuou sob comando Papal e assim permaneceu até 1791, quando foi então anexada à França.

O período Papal em Avignon promoveu influências muito positivas à região, como o desenvolvimento da arte de da cultura e o cultivo de vinhas para produção dos vinhos dos Papas. Foi assim que uma pequena vila a 25 km de Avignon foi batizada de Châteauneuf-du-Pape e é hoje reconhecida mundialmente por seus vinhos.

Chateauneuf-du-Pape-vinhos-enoturismo

Durante minha visita, além de conhecer o Palais des Papes e a ponte Saint Bénezet, cartões postais de Avignon, e de me deliciar nos pequenos “bistrôs” de Avignon, me aventurei num passeio ciclístico até a vila de Châteauneuf-du-Pape. Foi uma daquelas experiências que não tem preço. Saímos eu, meu mapa e a bicicleta, sem pressa, num dia fresco com céu azul, sentindo a paisagem ilustrada por campos de papoulas, vinhas por toda a parte e ciprestes. A mesma paisagem um dia retratada por Van Gogh em suas pinturas.

Chegando a Châteauneuf-du-Pape, uma parada numa das diversas lojas de vinhos para conhecer alguns exemplares da região foi mandatória. Ali, degusta-se sem pagar, mas espera-se que o cliente, educadamente, leve uma garrafa. E eu, de bicileta, na difícil tarefa de não carregar muito peso, comprei minha primeira garrafa. Um Chateau Mont Redon Abeille-Fabre Châteauneuf-du-Pape 2009, ótimo exemplar da região.

vinhas-ciprestes-papoulas-chateauneuf

A AOC (Appéllation D’Origine Controlée) Châteauneuf-du-Pape, uma das primeiras a serem reguladas na França, permite o uso de 13 diferentes uvas na sua produção. As mais utilizadas, no entanto, são a Grenache, Syrah e Mourvèdre. É possível encontrar vinhos das mais variadas qualidades, mas seus melhores exemplares apresentam boa estrutura, são ricos e cheios de especiarias, podem ser duros quando jovens, mas evoluem excepcionalmente bem.

Segui em busca de uma vinícola para visitar e acabei me juntando a um grupo de turistas ingleses na Ogier, que produz o renomado Clos de L’Oratoire. Além de conhecer a cantina onde seus vinhos são produzidos e as caves onde amadurecem, pude conhecer os diferentes tipos de solo de suas parcelas, representados de forma didática na frente da sede da propriedade, mostrando que cada tipo de solo confere a seus vinhos diferentes características e que quando mesclados, compõem verdadeiras obras de arte.

Ogier-Chateauneuf-du-Pape-vinhos

Encerramos a visita com uma degustação de seus vinhos, podendo entender melhor a influência do terroir no resultado final:

Ogier Châteauneuf-du-Pape Reine Jeanne 2012

Ogier Châteauneuf-du-Pape Expression de Terroir Éclats Calcaires 2010

Ogier Châteauneuf-du-Pape Expression de Terroir Galets Roulés 2010

Clos de L´Oratoire des Papes, Châteauneuf-du-Pape 2012

Dos vinhos degustados, escolhi para levar o Terroir de Galets Roulés, de solo típico da região (pedras roliças).

Assim, com duas garrafas no bagageiro da bicicleta, segui de volta para Avignon, encerrando meu passeio. Após 54 km rodados, o corpo expressava cansaço, mas a alma espelhava um sentimento de felicidade extrema por ter vivido essa experiência. Afinal, é disso que a vida se faz.

Santé!

Cristina Almeida Prado.