Feeds:
Posts
Comentários

Existem cerca de 10 mil tipos diferentes de uvas viníferas, mas apenas algumas delas são comumente usadas por produtores de vinhos mundo a fora. Os amantes do vinho dão muita importância à variedade da uva, e com razão. Além de ser o principal ingrediente do vinho, seus aromas, sabores e caráter dependem em grande parte do tipo de uva de que é feito.

uva-varietal-vinhedo

A expressão “varietal” refere-se ao vinho produzido a partir de um único tipo de uva ou com percentual predominante de um tipo de uva. Um Merlot, por exemplo, é um vinho varietal, assim como um Chardonnay. Para um vinho ser considerado um varietal, o percentual de sua uva predominante deve ser de no mínimo 75%, dependendo das regras da região onde é produzido. Muitas vezes, um percentual pequeno de um segundo tipo de uva é utilizado para proporcionar maior riqueza de aromas, sabores ou mesmo, mais estrutura.

Muitos vinhos provenientes de regiões do assim chamado “Novo Mundo” (basicamente as regiões externas à Europa), são comercializados e vendidos como varietais. Na maior parte da Europa, ao contrário, há regulamentações que especificam as variedades que podem ser usadas em cada região. Um Bordeaux, por exemplo, raramente será um varietal, mas sim, um assemblage (uma mistura de duas a quatro variedades permitidas).

vinhedos-champagne-reims

Vinhedos na região de Champagne, França.

Na Europa, os vinhos são mais conhecidos pelos lugares em que são produzidos do que pela variedade das uvas e frequentemente são assemblages (ou cortes). Assim, apesar de muitos vinhos europeus serem feitos a partir das mesmas variedades produzidas em diversas regiões do Novo Mundo, os rótulos das garrafas ostentarão Borgonha ou Rioja ao invés de Pinot Noir ou Tempranillo e Garnacha. Esta prática não é ilógica como pode parecer, porque os vinhos adquirem o caráter do local onde são produzidos. O solo, clima e a topografia do vinhedo (ou o terroir), são fatores que afetam o paladar das uvas – e tanto é assim que vinhas da mesma variedade podem produzir vinhos espantosamente diferentes, mesmo que sejam vizinhos próximos.

vinhedos-douro-portugal

Vinhedos na região do Douro, Portugal.

Um brinde!

Referência: Vinhos, Le Cordon Bleu

Em recente viagem à Espanha, tive a oportunidade de visitar a Bodega López de Heredia, uma das três mais antigas da região de La Rioja. Localizada na cidade de Haro, capital da Rioja Alta, ao Norte da Espanha, a Bodega López de Heredia é repleta de história e tradição.

Lopez-de-Heredia-Viña-Tondonia

Na época em que a “philoxera” se alastrou pelos vinhedos da Europa, Rioja foi poupada. Muitos vinicultores franceses vieram para essa região abrir negócio. Don Rafael López de Heredia y Landeta, que falava francês fluentemente, trabalhou com eles por algum tempo. Mais tarde, resolvido o problema da praga nos vinhedos europeus, os franceses retornaram para a França. Foi quando Don Rafael assumiu o negócio e decidiu seguir com os projetos vinícolas, começando a planejar e a construir lentamente o que é hoje a Bodega.

Pouca coisa mudou em 137 anos, desde a sua fundação em 1877. Enquanto novas tecnologias foram sendo adotadas pela maioria das vinícolas locais em busca de modernização, a Bodega López de Heredia tem mantido tradições seculares que a tornaram famosa e respeitada na região. Diferentemente também de muitas vinícolas que compram uvas de variados vinicultores, López de Heredia possui seus próprios vinhedos. A “Vinha Tondonia” é a mais antiga e dá origem ao seu vinho mais conhecido. A Bodega possui mais três vinhedos: “Vinha Bosconia”, “Vinha Gravonia” e “Vinha Cubillo”.

Lopez-de-Heredia-caves-bodegaQuem visita a Bodega López de Heredia pode testemunhar o orgulho com que os guias nos conduzem pelos bastidores da empresa. O passeio se inicia num galpão onde funciona a Tonelaria da Bodega. Um segundo galpão exibe gigantescos barris de fermentação, a antiga prensa e até filtros elaborados com gravetos das videiras, outrora utilizados na filtragem dos vinhos. Em seguida, a guia nos conduz a uma entrada através da qual penetramos num labirinto de quilômetros de túneis subterrâneos, num ambiente úmido, frio, escuro, cheio de mofo e teias de aranha, e cujas paredes estão cobertas por fileiras intermináveis de barricas. É no coração dessas galerias subterrâneas que nascem os incríveis vinhos da Bodega López de Heredia.

A madeira, definitivamente, tem importante papel na Bodega, uma vez que, tanto na fermentação quanto na “crianza”, seus vinhos passam por ela durante longos períodos, seguindo procedimentos totalmente naturais e artesanais. O caráter original e exclusivo dos vinhos lhes rendeu, do Conselho Regulador da DOC Rioja, um “Diploma de Garantia” exibido orgulhosamente no contra rótulo das garrafas. Outra curiosidade é que os brancos passam pelo mesmo tempo de envelhecimento quanto os tintos, e o resultado é surpreendente: brancos majestosos e opulentos.

Após o circuito de visitação que durou cerca de hora e meia, passamos para a sala de degustação para experimentar alguns de seus vinhos:

Lopez-de-Heredia-degustação-vinhos

“Vinha Tondonia 2002”  Tinto Reserva
Castas: Tempranillo, Garnacha, Graciano e Mazuelo.
Seis anos de barrica e mais seis anos em garrafa.
Notas: vinho de coloração granada com reflexos atijolados, exibe nítidos traços de evolução; no aroma,notas de couro, um toque terroso e um quê de gorgonzola, refletindo os subterrâneos da Bodega; em boca, equilibrado e elegante, taninos finos e longa persistência.

“Vinha Tondonia 1999”  Branco Reserva
Castas: Viúra e Malvasia. Seis anos em barrica.
Notas: vinho de coloração amarelo dourado, exalava aromas de mel; em boca, complexo, marcante e bem agradável, apesar da baixa acidez.

“Vinha Gravonia 2004”  Branco
Casta: 100% Viúra . Quatro anos de barrica.
Notas: vinho de coloração amarelo palha com reflexos dourados; aromas doces de abacaxi bem maduro com um toque cítrico e notas de brioche; em boca, cítrico, encorpado, boa acidez e final longo com toque amendoado. Muito bom! Um branco diferente.

Lopez-de-Herediz-estande-degustaçãoVimos assim, que a elaboração dos vinhos López de Heredia obedece a processos que são verdadeiros acervos de família e que se transmitem de geração a geração. Conforme eles mesmos definem, “há uma mística presente na labuta diária, arraigada na perenidade da tradição e na convicção profunda na validade e vigência de seus métodos”. São vinhos que evoluem lenta e nobremente, carregando consigo promessas de uma vida longa.

Encerramos a visita, impressionados com a solidez e a grandiosidade do espaço construído para abrigar toda sua produção. Essa mega estrutura arquitetônica, também chamada de “Catedral do Vinho”, é fruto do trabalho de sucessivas gerações da família que foram deixando, através dos tempos, a marca de seu esforço, motivados por uma única paixão: o vinho.

Bodega López de Heredia
Avda. Vizcaya, 3. Haro. La Rioja. Espanha.
Site: www.lopezdeheredia.com
Importadora no Brasil: Vinci.

Maria Uzêda.

Dia 02 – Visita ao Domaine Bouchard Père & Fils

Apesar de ser uma cidade pequena, com apenas 21.300 habitantes, Beaune pede tempo para ser visitada. Entre uma degustação e outra, uma visita à Moutarderie Edmond Fallot, à Fromagerie Allan Hess, ou mesmo passeios guiados de bicicleta pelas redondezas, são algumas das atividades imperdíveis da cidade. Portanto, aproveitar essas descobertas sem pressa é fundamental.

Após conhecer a Moutarderie Edmond Fallot e, claro, fazer umas comprinhas, segui para a visita ao Domaine Bouchard Père & Fils. Fui recebida por Vincent Dupasquier, que compartilhou um pouco da história de seus vinhos e me guiou pela propriedade.

Sede-Domaine-Bouchard-Père-et-Fils-torre-Chateau

Sede do Domaine Père et Fils e uma das torres do século XV do Château de Beaune

Fundada em 1731 em Beaune por Michel Bouchard, Bouchard Pére & Fils é uma das mais antigas propriedades na Borgonha, com quase 300 anos e administrada por 9 gerações. No início, atuavam como négociants, comprando uvas de outras propriedades e vinificando. Ao longo dos séculos foram adquirindo importantes terras pela região, desenvolvendo seu próprio vinho e construindo sua marca. Na época da Revolução Francesa, terras possuídas pelo Clero e pela nobreza foram confiscadas e colocadas à venda. O que foi uma oportunidade para a família Bouchard, que adquiriu, inclusive, as famosas terras de Beune Grèves Vignes de L’Enfant Jesus (as vinhas do menino Jesus, que pertenciam ao Clero).

Em 1820, Bernand Bouchard comprou o Château de Beaune, uma fortaleza real murada construída pelo rei Louis XI no século XV, que se tornou sede da propriedade. Quatro das cinco torres originais da fortaleza ainda estão lá. Suas caves, utilizadas até hoje, ficam a 10 metros de profundidade, o que confere temperatura e umidade ideais para o amadurecimento dos vinhos. A propriedade guarda também uma coleção histórica e única de cerca de 2.000 garrafas de suas melhores safras desde 1846, sendo que, periodicamente, as rolhas são trocadas e as garrafas preenchidas com o mesmo vinho.

Domaine-Père-et-Fils-jardim

Domaine Bouchard Père et Fils e seus jardins

O Domaine Bouchard Pére & Fils se tornou a maior propriedade na Côte D’Or, com 130 hectares de vinhas, sendo 12 classificados como Grand Crus e 74 Premier Crus. Combinando tradição e inovação, a propriedade oferece uma diversidade de vinhos de respeitadas apelações, como Montrachet, Corton-Charlemagne e Meursault Perrières, por exemplo. Produzem, em média, 7 milhões de garrafas por ano, exportando 52% de sua produção para 57 países.

Em 1995 o domínio foi comprado por um grupo internacional que possui também a marca William Fèvre, em Chablis. Alguns membros da família Bouchard ainda trabalham para a companhia e a tradição e busca contínua pela excelência são mantidos.

Ao final do passeio pela propriedade, conhecendo suas construções históricas, suas caves e seus jardins minuciosamente cuidados, paramos para degustar uma excelente seleção de vinhos da Bouchard Père & Fils e William Frèvre:

Degustação-de-vinhos-Bouchard-Père-et-Fils-Borgonha

-Bourgogne Pinot La Vigne 2012

-Fleurie La Reserve 2012 (Villa Ponciago)

-Beaune du Chateau Premier Cru Rouge 2009 (Bouchard Père & Fils)

-Pommard Premier Cru 2011

-Volnay Caillerets Ancienne Cuvee Carnot 2011 (Bouchard Père & Fils)

-Beaune Grèves Vigne de L’Enfant Jesus 2011 (Bouchard Père & Fils)

-Nuits-Saint-Georges Les Cailles 2011 (Bouchard Père & Fils)

Degustação-de-vinhos-William-Fèvre-Chablis-Borgonha

-Chablis 2012 (William Fèvre)

-Chablis Premier Cru Vaillons 2011 (William Fèvre)

-Chablis Grand Cru Bougros 2011 (William Fèvre)

-Bourgogne Chardonnay La Vignee 2012

-Pouilly-Fuissé 2012

-Meursault Genevrières 2011 (Bouchard Père & Fils)

-Corton-Charlemagne 2011 (Bouchard Père & Fils)

Uma curiosidade sobre as degustações na Borgonha é que, ao contrário do que dizem as regras que normalmente seguimos por aqui, os tintos são degustados antes dos brancos. Talvez pela delicadeza característica dos Pinot Noirs em contraste com a intensidade e potência de seus Chardonnays. Quem sabe? O interessante é que funciona, sem comprometer o paladar.

Assim, fui terminando minha jornada na Borgonha. Foi uma experiência deliciosa conhecer seus vinhos, histórias e gastronomia “in loco”. Espero que tenham aproveitado essas descobertas comigo. E seguiremos para as próximas.

Bouchard Père & Fils

Château de Beaune, 21200, Beaune, France

www.bouchard-pereetfils.com

La Moutarderie

31 Rue Du Faubourg Bretonnière

www.fallot.com

Santé!

Cristina Almeida Prado.

 

Dia 02 – Visita à Maison Joseph Drouhin

Beaune é uma pequena cidade localizada no coração da Borgonha, a 44 km ao sul de Dijon. É uma cidade murada, com charmosos telhados coloridos, que carrega em sua arquitetura muito de sua história e em seu DNA, a produção de vinhos. Dizem que de toda a França, está entre as melhores cidades para se degustar vinhos. Muitas Maisons estão localizadas na cidade mesmo e é possível fazer um circuito de visitações a pé. Além, claro, de poder desfrutar dos deliciosos restaurantes que oferecem a gastronomia local, como o famoso boeuf bourguignon, regados a uma variedade de vinhos da região em taça.

Hôtel-Dieu-Hospice-de-Beaune-Borgonha

Hôtel Dieu dês Hospices de Beaune

Comecei meu segundo dia com um passeio a pé pela cidade, saindo do hotel em que estava hospedada, visitando o Hôtel Dieu dês Hospices de Beaune até chegar à Maison Joseph Drouhin, onde fui recebida por Jacquie Morrison, em uma visita guiada pelas caves da Maison.

A história da Maison Joseph Drouhin tem início em 1880, quando Joseph Drouhin, vindo da região de Chablis, instala-se em Beaune com o intuito de produzir vinhos de altíssima qualidade que levassem seu nome. Na época, atuava como négociant, comprando uvas de pequenos produtores e vinificando seu próprio vinho. Até que seu filho, Maurice, que o sucedeu, começou a comprar terras de excelentes apelações, como Clos de Vougeot e Clos de Mouches. Mas quem deu à Maison a dimensão que possui hoje foi Robert, filho de Maurice, que a partir de 1957 comprou muitas terras com grande potencial para gerar excelentes vinhos. Ele foi o primeiro produtor na Borgonha a produzir vinhos biodinâmicos, o que na época causou muita estranheza entre os demais produtores. Mas no fim, a estratégia acabou sendo seguida por muitos, que usam essa característica inclusive como apelo de marketing.

Maison-Joseph-Drouhin-visitação-caves-Borgonha

Caves Maison Joseph Drouhin, Beaune

A Maison carrega muita história. Suas caves foram construídas utilizando-se de uma arquitetura existente desde os tempos dos romanos, que serviram de base para a presente estrutura. As caves foram usadas também como esconderijo estratégico para os vinhos mais preciosos dos duques da Borgonha e muitas partes das caves foram muradas para proteger esse tesouro dos soldados alemães durante a segunda guerra mundial. Nessa mesma época, Maurice Drouhin, que foi chefe da resistência francesa, foi perseguido pela Guestapo e se escondeu no Hospices de Beaune. Como forma de agradecimento, Maurice doou ao Hospice de Beaune alguns hectares de suas vinhas.

Maison-Joseph-Drouhin-cves-Borgonha

Caves Maison Joseph Drouhin, Beaune

A Maison é administrada atualmente por Philippe, Véronique, Laurent, e Frédéric, filhos de Robert Drouhin. Com 73 hectares de terras na Borgonha, eles estão entre os maiores produtores da região, chegando a produzir até 3 milhões de garrafas nos melhores anos, sendo que 70% de seus vinhos são Premier Cru e Grand Cru. A nova geração dos Drouhin permitiu à Maison expandir seus negócios para além dos domínios da Borgonha, e produz desde 1988 vinhos na região do Oregon, nos Estados Unidos.

Após uma longa caminhada nos quase 2 hectares de caves, seguimos para uma degustação de seus vinhos:

Maison-Joseph-Drouhin-Degustação-Borgonha

Degustação vinhos Joseph Drouhin

-Joseph Drouhin Gevrey-Chambertin 2009

Gevrey-Chambertin, Borgonha

Notas: Apresentou aromas de frutas negras com notas de pimenta preta e retrogosto de framboesa. Em boca, bom corpo e personalidade. Muito bom!

-Joseph Drouhin Chambolle Mussigny 2008 Premier Cru

Chambolle Mussigny, Borgonha

Notas: Aromas de morangos e framboesas, com notas terrosas e fundo de couro. Em boca, bom corpo e equilíbrio. Muito bom!

-Joseph Drouhin Clos de Vougeot 2008 Grand Cru

Vougeot, Borgonha

Notas: Aromas de frutas negras e vermelhas, com notas de couro e toque terroso. Em boca, bom corpo, taninos marcantes e longa persistência. Excelente!

-Joseph Drouhin Clos de Mouches 1996

Beaune, Borgonha

Notas: Apresentou aromas de frutas vermelhas com notas de couro e toque terroso. Em boca, apresenta um estilo mais rústico, com toque picante e taninos marcantes. Muito bom!

-Joseph Drouhin Gevrey Chambertin 1990 Premier Cru

Gevrey-Chambertin, Borgonha

Notas: Aroma terroso com notas de couro e fundo frutado. Em boca, redondo, elegante, com toques de fruta vermelha madura. Excelente!

-Joseph Drouhin Vaudon Sécher 2010 Premier Cru

Chablis, Borgonha

Notas: Aromas cítricos, lembrando abacaxi. Em boca, boa acidez, equilíbrio, frescor e leveza. Muito bom!

-Joseph Drouhin Saint Véran 2012

Macônnais, Borgonha

Notas: Aromas cítricos, com notas de abacaxi. Em boca, boa acidez, leveza e frescor. Muito bom!

-Joseph Drouhin Clos de La Garrene 2009 Premier Cru

Puligny-Montrachet, Borgonha

Notas: Aromas de frutas brancas maduras, lembrando peras com notas de manteiga e mel. Em boca, ótimo corpo, cítrico, com longa persistência. Está incrível!

-Joseph Drouhin Marquis de Laguiche Morgeot 2011 Premier Cru

Chassagne-Montrachet, Borgonha

Notas: Aromas cítricos com notas amanteigadas. Em boca, ótimo corpo e acidez com toques cítricos. Muito bom.

Conhecer um pouquinho desse império me fez entender mais sobre as riquezas da Borgonha e seus segredos, me deixando ainda mais apaixonada pela região e seus vinhos. Deixo a minha recomendação para os enófilos de plantão, lembrando de agendar a visita com antecedência.

Joseph Drouhin

1 Cour du Parlement de Bourgogne – BP 80029 – 21201 – Beaune

www.drouhin.com

Continue acompanhando.

Santé!

Cristina Almeida Prado.

Brasil, Argentina, Chile e Uruguai são os países da América do Sul mais conhecidos quando falamos em vinhos. Juntos, eles dominam a participação no mercado brasileiro, onde quase 80% dos vinhos finos vendidos são importados. O Chile é o líder de importações seguido da Argentina, e embora o Uruguai não esteja entre os primeiros colocados do ranking, o Brasil é o mais importante mercado de exportação para o vinho uruguaio.

Toda essa diversidade poderá ser conferida no Festival do Vinho Sul-Americano, organizado pela SBAV-SP (Associação Brasileira dos Amigos do Vinho de São Paulo). O evento acontece no dia 3 de outubro, no Hotel Golden Tulip Paulista Plaza, em São Paulo. Será uma excelente oportunidade para experimentar novos vinhos e aproveitar para abastecer a adega, já que alguns dos rótulos degustados estarão à venda.

degustacao-vinho-sul-americano

Entre os participantes, estão confirmadas grandes importadoras como Decanter, Interfood, Zahil e Viníssimo e vinícolas de destaque, como a premiada chilena Viña Ventisquero. Miolo, Perini e Aurora compõem o time de sul-americanos com rótulos brasileiros.

De acordo com Rodrigo Mammana, presidente da SBAV-SP, o evento acontece em um período estratégico do mercado: “Estamos em um bom momento para promover o vinho sul-americano devido às festividades de final de ano que se aproximam. O Festival é uma oportunidade para quem quer adiantar as compras nesta época em que há um aumento no consumo de vinhos e espumantes”.

Além de adiantar as compras de final de ano, o Festival do Vinho Sul-Americano oferecerá a oportunidade de conhecer o que vem sendo produzido no setor vitivinícola dos países do chamado Cone Sul.

A Argentina, por exemplo, é famosa por seus brancos Torrontés e tintos Cabernet Sauvignon, tradicionais de Mendoza. Sem falar no Malbec argentino, consagrado como um dos vinhos preferidos e mais procurados pelos consumidores. Seus vinhos são únicos e de personalidade, com estilos particulares que trazem os traços de sua origem.

Já o Chile é reconhecido por sua grande diversidade de terroirs, vinhos e cepas. A Carménère é a uva emblemática do país, que também produz grandes exemplares elaborados com a Cabernet Sauvignon.

No Uruguai são predominantes os vinhos Tannat, uva de origem francesa que se tornou tão popular que, hoje, a produção no país é maior do que na própria França. Vêm de lá alguns dos tannats mais premiados do mundo.

No Brasil, destaques para Chardonnay e Merlot, elaborados em sua maior parte na região Sul, além dos espumantes que surpreendem e conquistam cada vez mais paladares exigentes. As premiações internacionais que os rótulos vêm recebendo em concursos importantes e avaliações positivas vindas de críticos de renome contribuem para o aumento no consumo da bebida.

Festival do Vinho Sul-Americano

3 de outubro de 2014 | Das 16 às 21 horas

Hotel Golden Tulip Paulista Plaza

Alameda Santos, 85 – Jardins – São Paulo/SP

Mais informações: (11) 3814-7905 ou (11) 3814-7905

vinho@sbav-sp.com.br

Convites: R$ 30,00 (associados) e R$ 50,00 (não associados)

Nos vemos lá?

Cristina Almeida Prado.

Falamos esta semana de Borgonha, região produtora de vinho da França que tem a uva Pinot Noir como protagonista de seus tintos. Esta uva é a responsável por famosos vinhos como o Romaneé Conti, o Chambertin e todos os tintos da sub-região de Cotes D’Or. É também uma das uvas utilizadas na produção do Champagne.

Pinot-Noir-vinhos

A Pinot Noir é uma uva de pele fina e com pouco tanino, que gera vinhos sedutores e elegantes. Essa uva é bastante sensível ao terroir e em condições climáticas muito quentes, pode amadurecer muito cedo e não desenvolver as riquezas de sabores e aromas característicos da variedade. Vinhos produzidos a partir da Pinot Noir apresentam aromas de morango, cereja, framboesa; e quando amadurecem em barris de carvalho, podem apresentar aromas de origem animal, como couro e adubo ou aromas de chocolate e especiarias.

A Pinot Noir tem sido plantada em várias regiões do mundo, apresentando, por vezes, estilos bem diferentes. Fora da Borgonha, ela se deu muito bem em regiões como Marlborough na Nova Zelândia, em Casablanca no Chile e em Sonoma, nos Estados Unidos.

Há poucos dias, fui surpreendida por um Pinot Noir californiano de um produtor boutique, de uma região pouco conhecida por nós, chamada de Santa Rita Hills, em Santa Bárbara. Diz a lenda que o nome da região veio em consideração à famosa vinícola chilena, Santa Rita, que bem conhecemos por aqui. Mas a verdade é que essa é uma região que despontou recentemente para a produção vinícola e tem como característica um clima litorâneo, com invernos mais suaves e verões frescos, ideal para o cultivo das variedades borgonhesas, como a Pinot Noir e a Chardonnay. E o resultado, é bastante surpreendente.

lincourt-lindsays-pinot-noir-califórnia

Lincourt Lindsay’s Pinot Noir 2012

Produtor: Lincourt

Região: Santa Rita Hills, Santa Bárbara

País: Estados Unidos

Notas: De coloração vermelho rubi com reflexos violáceos, apresentou uma riqueza de aromas, como cerejas e framboesas de início e após algum tempo, apresentou notas de chocolate com um leve toque mentolado. Em boca, mostrou-se um Pinot Noir bastante estruturado, com ótima complexidade e personalidade.

Preço: R$99,00

Onde Comprar: Sonoma (clique)

Deixo aqui a minha recomendação de um excelente Pinot Noir californiano. Vale experimentar!

Um brinde!

Cristina Almeida Prado.

Dia 01 – Visita ao Domaine Tollot Beaut

Partindo do Domaine Camus, em Gevrey Chambertin, atravessei toda a Côte de Nuits até chegar a Chorey-lès-Beaune, em Côte de Beaune. Esse é um passeio que vale a pena fazer com calma, apreciando a paisagem, desfrutando dos charmosos bistrôts nas pequenas vilas da região e fazendo algumas paradas nas muitas vinícolas pelo caminho que são abertas ao público sem agendamento prévio. Mas minha agenda já estava programada.

Cheguei ao Domaine Tollot-Beaut após uma rápida parada para almoço e fui recebida pela carismática Nathalie, proprietária da vinícola, que me levou por um passeio pelos vinhedos, pela cantina onde ficam os tanques de fermentação de concreto e pelas caves, onde descansam vinhos em garrafa e em barricas.

Domaine-Tollot-Beaut-Borgonha-Vinhos-Corton

Tanque de fermentação de concreto.

Nos vinhedos já se via movimento. Era quase verão e as vinhas começavam a brotar. Nathalie compartilhou um pouco da história do Domínio Tollot-Beaut, enquanto circulávamos pela propriedade. Em 1880, algumas parcelas foram compradas pela família, que com o passar dos anos, foi adquirindo mais terras pela região. Hoje, o domínio possui 24 hectares entre Chorey-lès-Beaune, Aloxe-Corton, Savigny e Beaune. Nos melhores anos, chegam a produzir até 140.000 garrafas, sendo que 60% de sua produção é vendida para o exterior. Os vinhos das melhores safras podem ser guardados tranquilamente por mais de 20 anos.

Nathalie representa a quinta geração de uma tradicional família produtora de vinhos e junto com seus primos, administra a propriedade, mantendo em altos níveis a reputação do Domaine Tolllot-Beaut. Afirma que, sendo o vinho um organismo vivo, necessita de cuidados constantes, desde o manejo dos vinhedos, com a realização da poda, que garantirá maior concentração de sabores à fruta e a não utilização de fertilizantes, até a colheita manual que permite a seleção das melhores uvas, a vinificação, utilizando-se de métodos tradicionais, e o descanso do vinho em barrica. Para se preservar a fruta e seus aromas, a vinícola passa seus melhores vinhos por até 60% em carvalho novo e 25% para os demais vinhos. O domínio produz vinhos que vão desde apelações regionais, apelações villages, Premiers Crus, até Grand Crus.

Chegando às caves, um interessante ambiente repleto de mofo por toda a parte, o que ajuda na manutenção da umidade do ambiente e na redução da luz para os vinhos em garrafa, abrimos algumas garrafas para degustar.

Domaine-Tollot-Beaut-Borgonha-Vinhos-Corton

Nathalie Tollot e Cristina Almeida Prado

-Chorey-lès-Beaune 2011 (Apellation Village)

Chorey-lès-Beaune, Borgonha

Notas: Apresentou aromas de frutas vermelhas maduras. Em boca, muita fruta, taninos marcantes, bom corpo e um toque um pouco rústico. Muito bom!

-Aloxe-Corton Les Vercots 2011 Premier Cru

Aloxe-Corton, Borgonha

Notas: Aromas intensos de frutas vermelhas maduras. Em boca, muita personalidade com ótima persistência e taninos marcantes. Excelente!

-Corton-Bressandes 2011 Grand Cru

Aloxe-Corton, Borgonha

Notas: Aromas de frutas vermelhas maduras e notas de chocolate. Em boca, elegância, longa peristência e retrogosto e taninos marcantes. Está incrível!

-Chorey-lès-Beaune 2012 (Apellation Village)

Chorey-lès-Beaune, Borgonha

Notas: Aromas de frutas vermelhas maduras e notas levemente herbáceas. Em boca, muita fruta, boa acidez e adstringência. Muito bom.

-Aloxe-Corton Les Vercots 2012 Premier Cru

Aloxe-Corton, Borgonha

Notas: Aromas intensos de frutas vermelhas maduras. Em boca, taninos bem marcantes, bom corpo e acidez. Muito bom!

-Aloxe-Corton Les Fournières 2012 Premier Cru

Aloxe-Corton, Borgonha

Notas: Aromas intensos de frutas vermelhas maduras. Em boca, longa persistência e retrogosto e taninos marcantes. Excelente!

-Aloxe-Corton 2002 (Apellation Village)

Aloxe-Corton, Borgonha

Notas: De coloração rubi atijolado, apresentou aromas de frutas vermelhas maduras com notas de terra e folha molhada. Em boca, frutas com chocolate, boa persistência e taninos aveludados. Delicioso!

A paixão e dedicação desta família pelo vinho se traduzem em produtos de personalidade, que proporcionam aos bons enófilos, momentos de prazer e experiências inesquecíveis.

Para terminar bem o dia, por recomendação de Nathalie, visitei uma queijaria espetacular no centro de Beaune, já bem próximo dali. Essa é uma experiência que vale muito a pena, tendo em vista que a Borgonha é famosa também pela produção de uma variedade de queijos deliciosos. Assim, um belo “queijos e vinhos” no jardim do hotel encerrou de forma poética meu primeiro dia de viagem à Borgonha.

Alain-Hess-Fromager-Beaune-Borgonha

Domaine Tollot-Beaut & Fils

Rue Alexandre-Tollot, 21200 – Chorey-lès-Beaune, France

Alain Hess Fromager

7, Place Carnot, Beaune, France

Novas descobertas nos próximos posts. Acompanhe!

Santé!

Cristina Almeida Prado.

Dia 01 – Visita ao Domaine Camus

Em viagem recente à França, tive a oportunidade de passar alguns dias na Borgonha, região reconhecida mundialmente por seus vinhos e considerada também um dos centros gastronômicos do país. Uma peculiaridade dessa região é que seus vinhos são monovarietais, ao contrário dos assemblages, que são característicos das demais regiões da França. Na Borgonha, a elegante Pinot Noir é a principal uva tinta produzida e para os brancos, a intensa Chardonnay.

Meu roteiro começou saindo de Dijon, principal cidade da região, localizada ao norte da Côte D’Or, em direção a Gevrey Chambertin até chegar ao Domaine Camus. Fui recebida pela simpática Mademoiselle Camus, proprietária desta tradicional vinícola, que me permitiu conhecer um pouco da história da propriedade e degustar alguns de seus deliciosos vinhos.

Mademoiselle-Camus-Domaine-Gevrey-Chambertin-Borgonha

Cristina Almeida Prado e Mademoiselle Camus

A história do Domaine Camus tem início 1732, quando a família Camus mudou-se para a região e adquiriu cerca de 18 hectares de terra em uma das mais nobres regiões da Borgonha. Na época, a família envolveu-se na produção de óleos feitos a partir de nozes e amêndoas que cultivavam em suas terras e produziam vinho apenas para consumo local. Foi apenas em 1900 que decidiram focar na produção de vinhos, tendo em vista o crescimento e valorização deste negócio na região e a qualidade de seu terroir.

Hoje a propriedade produz vinhos classificados como Village, que levam o nome da comuna, e Grand Cru, a mais alta classificação da Borgonha, e que leva o nome da parcela de onde vieram as uvas. Em bons anos, sua produção pode chegar a 50 ou 60.000 garrafas. As melhores colheitas podem gerar vinhos complexos o suficiente para serem guardados por mais de 50 anos. O domínio guarda ainda garrafas de 1937, safra considerada excepcional e tão histórica que as garrafas ainda eram produzidas “no sopro”, o que lhes conferia um formato irregular. No Domaine Camus, as garrafas levam cápsulas de cera, que são colocadas manualmente, como forma de manter uma tradição de longa data.

Camus-Domaine-Gevrey-Chambertin-Borgonha

A “fût”, como é chamada a barrica na Borgonha, tem capacidade para 228 litros.

Tradição e cuidado traduzem o trabalho do Domaine Camus. A colheita das uvas é feita manualmente. A fermentação de seus vinhos pode durar até 3 semanas para extrair o máximo de sabores e taninos das cascas das uvas. Depois, seus vinhos descansam por cerca de 18 meses em barris de carvalho antes de serem engarrafados.

Após um passeio pela cave, ouvindo as histórias de Mademoiselle Camus, pude degustar alguns de seus vinhos:

Camus-Domaine-Gevrey-Chambertin-Borgonha

2/3 da propriedade do Domaine Camus são de vinhos Grand Cru, mais alta classificação da Borgonha

-Charmes Chambertin Grand Cru 2009

Gervey-Chambertin, Borgonha

Notas: De coloração rubi com reflexos atijolados. Apresentou aromas de morango e frutas vermelhas maduras. Em boca, bastante fruta, bom corpo, taninos macios e muita elegância. Excelente!

-Charmes Chambertin Grand Cru 2005

Gervey-Chambertin, Borgonha

Notas: De coloração rubi com reflexos atijolados, apresentou aromas de frutas vermelhas maduras com notas de couro e chocolate. Em boca, taninos elegantes e acidez equilibrada. Muito bom.

-Charmes Chambertin Grand Cru 1998

Gervey-Chambertin, Borgonha

Notas: De coloração atijolada, com fortes traços de evolução, apresentou aromas de couro, champignon e compota de frutas vermelhas. Em boca, taninos aveludados, boa acidez e retrogosto marcante. Excelente!

E assim começou minha viagem pela Borgonha, com uma calorosa visita, recheada de histórias e bons vinhos. De lá, segui para a próxima vinícola, descendo sentido Beaune e apreciando uma linda paisagem.

Acompanhe nos próximos posts as demais descobertas.

Domaine Camus Père & Fils: 21, Rue Mal de Lattre de Tassigny, 21220 Gevrey-Chambertin, França.

Santé!

Cristina Almeida Prado.

VINHOS DO ALENTEJO

maria-uzeda-vinhos-alentejo

Maria Uzêda

Um evento organizado pela empresa “Essência do Vinho”, com apoio e divulgação da “CH2A Comunicação”, trouxe a São Paulo, nesta semana, a mostra de “Vinhos do Alentejo”, sediada pelo Hotel Intercontinental SP. Estiveram presentes mais de quinze dos principais produtores da região. Quem compareceu ao encontro teve o privilégio e uma ótima oportunidade de constatar a alta qualidade de vinhos que viticultores alentejanos vêm produzindo.

A região do Alentejo, a maior província de Portugal, está localizada a sudeste do país, limitada ao norte pelo rio Tejo e ao sul pelo Algarve. Na paisagem de ondulantes planícies, com a Serra de São Mamede no nordeste alentejano, vislumbramos cidades medievais, castelos do período manuelino entremeando as vastas plantações de cereais, de sobreiros, olivais e longos trechos de vinhas.

A Denominação de Origem “Alentejo DOC”, regulamentada em 1988, estipula oito sub-regiões que obedecem a rígidas regras tais como: delimitação de área de produção, as castas permitidas e em qual porcentagem, entre outros fatores. As sub-regiões do Alentejo são: Portalegre, Borba, Redondo, Évora, Reguengos, Granja-Amarela, Moura e Vidigueira. Fora dessas denominações de origem, o Alentejo apresenta ainda uma elevada produção e variedade de vinhos regionais, classificados como “Vinho Regional Alentejano”. O controle e responsabilidade de certificação DOC ou IG (Indicação Geográfica) cabe à Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA).

Alentejo_sobreiro-cortiça

Sobreiro

Portugal possui uma profusão de uvas autóctones que, cada vez mais, vêm sendo valorizadas na elaboração do vinho português, além das universais Cabernet Sauvignon, Syrah, Chardonnay, entre outras. As principais castas tintas encontradas na região do Alentejo são: Aragonês (ou Tinta Roriz, mas mundialmente conhecida como Tempranillo), Trincadeira, Castelão (também chamada Periquita), Alicante Bouschet, Alfrocheiro, Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon e Syrah. As principais castas brancas são: Antão Vaz, Arinto, Fernão Pires, Roupeiro (Síria), Rabo de Ovelha e Verdelho.

A seguir, apresentamos alguns destaques da mostra:

Produtor: Herdade do Esporão

Esporao-Tinto-2011-alentejoImportador: Qualimpor – www.qualimpor.com.br

Vinho 1: “Esporão Reserva Tinto”

Castas: Aragonês, Tricadeira, Cabernet Sauvignon e Alicante Bouschet

Vinho de cor granada intensa; aromas de frutos vermelhos, especiarias e notas de madeira; em boca é encorpado denso e cremoso, com taninos maduros e elegantes, longa persistência.

Preço: R$ 125,00

Vinho 2: “Quatro Castas Tinto” 2012

Castas: Touriga Franca, Tinta Miúda, Cabernet Sauvignon e Alicante Bouschet.

Vinho de cor violeta, com aromas de frutos silvestres, especiarias e notas de chocolate; em boca é aveludado, com bom corpo, cheio de frutos maduros, com taninos finos e final longo.

Preço: R$ 113,00

Vinho 3: “Esporão Reserva Branco”

Castas: Antão Vaz, Arinto, Roupeiro e Semillon.

Vinho de coloração amarelo palha com reflexos esverdeados; aroma frutado de pêssego e tangerina, com notas amanteigadas; em boca é untuoso, redondo, delicado, equilibrado, com final longo e fresco.

Produtor: Herdade do Mouchão

Importador: Adega Alentejana – http://www.adegaalentejana.com.br

“Mouchão Licoroso Tinto” 2008

Teor alcoólico: 19%

Casta: 100% Alicante Bouschet

Vinho de cor granada intenso e concentrado; aromas generosos de ameixas pretas, compotas e especiarias; em boca é elegante, macio, redondo, com final longo e persistente.
Preço: R$ 124,00

Produtor: Paulo Laureano Vinus

Importador: Adega Alentejana – www.adegaalentejana.com.br

Vinho 1: “Paulo Laureano Reserve” 2013

Casta: 100% Antão Vaz

Vinho de cor citrina, com aromas de frutas tropicais e notas de especiarias; em boca é bem estruturado, equilibrado, untuoso, com final de boca longo e fresco. Um vinho de forte personalidade!

Preço: R$ 87,00

Vinho 2: “Paulo Laureano Selection Tinta Grossa Tinto” 2010

Casta: 100% Tinta Grossa

Vinho de coloração granada intenso; aromas de compota de frutos negros, alcaçuz, especiarias e tosta da barrica; em boca, macio e gordo, equilibrado e elegante, boa acidez, taninos musculosos, porém redondos, com final bem prolongado. Belo vinho!

Preço: R$ 224,00

Produtor: Ervideira

conde-dervideira-vinhos-alentejoImportador: Caves Santa Cruz – http://www.cavessantacruz.com.br

Vinho 1: “Conde d’Ervideira Private Selection Tinto” 2011

Castas: Aragonês, Trincadeira e Alicante Bouschet

Apresenta-se com rótulo que é uma réplica do rótulo de 1890. Recebeu prêmio de Top 5 entre os melhores vinhos tintos do velho mundo na Expovinis. Esse é um vinho de estrutura marcante, bastante complexidade, taninos robusto e elevada persistência. Um vinho longevo.

Preço: R$ 233,00

Vinho 2: “Vinha d’Ervideira Tinto Edição Especial” 2012

Castas: Touriga Nacional, Tinta Caiada, Alfroucheiro e Alicante Bouschet (4 castas, 4 gerações, homenageia a Família cujo brasão aparece no rótulo).

Vinho com boa intensidade aromática; em boca, notas de menta, cacau e groselha, taninos potentes e final com boa persistência.

Preço: R$ 75,00

Vinho 3: “Invisível” 2013

Sempre lançado em primeiro de abril (dia da mentira), esse vinho branco é elaborado, curiosamente, com 100% de uva Aragonês (tinta) de vindima noturna. Vinho de muita personalidade, com intensa aromaticidade (hortelã, lima, salva); em boca, estrutura elegante, boa acidez e final fresco e longo.

Preço: R$ 96,00

Produtor: Quinta do Zambujeiro

Importador: Casa Flora – http://www.casaflora.com.br

“Terra do Zambujeiro” 2008

Teor alcoólico: 15%

Castas: Touriga Nacional, Aragonês, Trincadeira e Alicante Bouschet.

Vinho de coloração púrpura, com aromas intensos de frutos vermelhos; em boca, é encorpado, elegante, com toque de especiarias, boa acidez, taninos bem estruturados e final longo.

Preço: R$ 240,00

O Alentejo, em termos vitivinícolas, cada vez mais, vem conquistando o mundo graças à manutenção de suas tradições, aliada à modernização das cantinas e à adoção de novas tecnologias, com a permanente valorização de suas cepas nativas. Sorte nossa, pois de lá saem vinhos tão genuínos e distintos em estilo que jamais cansam o consumidor.

Maria Uzêda.

 

Uma seleção especial de vinhos da empresa Baron Philippe de Rothschild é algo perfeito para uma degustação memorável numa noite de encontro de confrades. Tivemos a oportunidade de experimentar seis rótulos: três tintos da linha Mouton Cadet Réserve de regiões distintas (um Médoc, um Graves e um Saint Émilion), um tinto Baron Nathaniel (de Pauillac), um Mouton Cadet Réserve branco de Graves e um Sauternes.

MOUTON-CADET-VINHOS-DEGUSTAÇÃO

Saber que a região de Bordeaux possui o maior nicho de “terroirs” do planeta, que na margem esquerda (Pauillac, Médoc e Graves por exemplo), o solo mais pedregoso privilegia o plantio da Cabernet Sauvignon, ao passo que, na margem direita (Saint Émilion e Pomerol por exemplo), o solo principalmente de calcário com argila faz da Merlot a rainha dessa parte de Bordeaux, e que por conta disso os vinhos provenientes da margem esquerda podem ser mais minerais, potentes, concentrados e longevos, enquanto os da margem direita, em geral, trazem fruta mais suave e frescor e estilo mais maduro, ajuda bastante num momento de apreciação e análise de um Bordeaux. Por isso resolvemos fazer a degustação dos tintos às cegas, uma vez que cada um deles era proveniente de sub-regiões distintas de Bordeaux. Já os brancos, deram seu “show” à parte.

Falaremos a seguir de cada um, com as respectivas notas de avaliação:

1- RÉSERVE MOUTON CADET 2011 – MÉDOC

Castas: 50% Cabernet Sauvignon, 45% Merlot e 5% Cabernet Franc

De coloração rubi com reflexos violáceos, possuía aromas de frutas vermelhas e geléia de framboesas; em boca frutado, notada acidez e taninos elegantes.

2- RÉSERVE MOUTON CADET 2009 – GRAVES ROUGE

Castas: 50% Cabernet Sauvignon e 50% Merlot

A coloração púrpura com reflexos atijolados mostrava uma aparência de evolução. Aromas etéreos, medicinais; em boca frutas secas, traços metálicos e um toque balsâmico mostravam um vinho em franco declínio.

3- RÉSERVE MOUTON CADET 2012 – SAINT ÉMILION

Castas: 90% Merlot e 10% Cabernet Sauvignon

Vinho de coloração brilhante, rubi com reflexos violáceos; aromas de frutos vermelhos em compota e notas de caramelo; em boca, frutado, leve toque de especiarias, equilíbrio e taninos refinados.

4- BARON NATHANIEL 2011 – PAUILLAC

Castas: 80% Cabernet Sauvignon, 10% Merlot e 10% Malbec, Cabernet Franc e Petit Verdot.

Vinho de coloração rubi intenso com reflexos púrpura; aromas de frutas negras, de baunilha, de especiarias, couro e notas tostadas; em boca, as frutas negras, boa acidez, redondo, encorpado e potente, com final persistente. Um vinho que mostra bem as características do seu terroir e pode ser guardado.

5- RÉSERVE MOUTON CADET 2011 – GRAVES

Castas: 50% Semillon, 45% Sauvignon Blanc e 5% Muscadelle

Coloração amarelo palha brilhante; aromas de frutas cítricas e o característico “xixi de gato”, denunciando sua mineralidade; em boca, boa acidez, um cítrico de “grapefruit”, toques minerais e florais, equilíbrio e boa persistência.

6- RÉSERVE MOUTON CADET 2010 – SAUTERNES

Castas: 85% Semillon e 15% Sauvignon Blanc

Vinho de coloração dourada; aromas de mel com toque floral; em boca, compota de laranja, mel, ótima acidez, untuosidade, bom equilíbrio e longo e prazeroso final de boca.

Sejam os elegantes vinhos do Médoc ou os frutados Merlots de Saint Émilion; seja um branco mineral e crocante de Graves ou um dourado sensual de Sauternes, os vinhos da Baron Philippe de Rothschild degustados nessa noite de confraria nos deixaram a sensação de que a vida pode parecer a festa que gostaríamos que fosse.

CONFRARIA-MOUTON-CADET-VINHOS

Maria Uzêda, Fernanda Vianna, Cristina Almeida Prado, Arlene Colucci, Gustavo Buffa e Rafael Porto

Você pode encontrar os vinhos degustados nas seguintes lojas:

http://www.reidoswhiskys.net.br

http://www.lojadebebidas.com.br

Mais informações no site da importadora Devinum.

Um brinde à vida!

Maria Uzêda.